O Pico do Lítio e as dificuldades de armazenamento das energias renováveis.
Ao
contrário dos combustíveis fósseis que podem ser estocados, as energias eólica
e solar precisam ser consumidas assim que produzidas, pois o armazenamento em
baterias é muito caro. O alto preço das baterias dificulta a difusão das
energias renováveis.
A
esperança está nas baterias de Íons de Lítio, que apresentam grande vantagem
quanto a sua densidade de energia, uma vez que o lítio é um elemento altamente
reativo. O lítio (Li) é um dos metais mais leves na Terra. Este tipo de bateria
já é utilizado em larga escala em equipamentos eletrônicos, como nos telefones
celulares. Assim, tem sido viável baterias pequenas e leves que fazem funcionar
uma ampla gama de aparelhos eletrônicos.
Como
a crescente demanda de lítio, os impactos da mineração estão afetando
comunidades onde a extração nociva ocorre, comprometendo o seu acesso à água.
Os níveis atuais de reciclagem de lítio são muito baixos. No caso das pilhas,
isto equivale a cerca de 5% das baterias de lítio-íon colocados no mercado
europeu. A maior parte das baterias de lítio é despejado em aterros ou
incinerados.
Além
das baterias dos dispositivos eletrônicos o maior uso do lítio virá das
baterias dos carros elétricos. Com a expectativa de mais de um milhão de
veículos elétricos (EVs) que devem entrar em circulação no mundo até o final de
2016, podemos esperar um forte crescimento na demanda das baterias de Íons de
Lítio.
Artigo
de Tam Hunt (02/06/2015) estima a produção de 100 milhões de carros elétricos
por ano até 2040. Se este número for alcançado e os requisitos básicos da
bateria não mudar muito, o mundo precisaria de cerca de 800.000 toneladas
métricas de lítio em 2040, apenas para a produção de baterias dos carros
elétricos e não inclui os muitos outros usos do lítio.
O
Serviço Geológico dos EUA produziu uma estimativa de reservas de lítio no
início de 2015, em algo como 39,5 milhões de toneladas métricas de “recursos”,
que é uma categoria menos firme do que “reservas”. “Recursos” incluem
suprimentos que seria exequível exploradas de forma rentável em algum momento
no futuro, enquanto as reservas estimativas referem-se a atual viabilidade
econômica. As maiores reservas estão na Bolívia e no Chile.
Para acompanhar o crescimento da produção atual, as reservas conhecidas seriam suficientes para cerca de 365 anos de produção global que está em cerca de 37 mil toneladas por ano. Mas se a produção de carros elétricos deslanchar, o fornecimento de lítio de 365 anos seria reduzido para 17 anos.
Para acompanhar o crescimento da produção atual, as reservas conhecidas seriam suficientes para cerca de 365 anos de produção global que está em cerca de 37 mil toneladas por ano. Mas se a produção de carros elétricos deslanchar, o fornecimento de lítio de 365 anos seria reduzido para 17 anos.
Ou
seja, se houver uma revolução na matriz energética e as baterias de Íons de
Lítio se generalizarem para os aparelhos eletrônicos, as casas e os carros,
então teremos o Pico do Lítio e haverá uma escassez deste metal raro. Isto
mostra que não é tão fácil avançar na revolução energética e na matriz 100%
renovável.
O
artigo de Tam Hunt, considera que mesmo com o avanço de possíveis substitutos
do Lítio e a descoberta de novas reservas, não haverá Lítio para sustentar a
produção mundial de carros elétricos e outros dispositivos. Ele conclui dizendo
que “temos de fazer o nosso melhor para ficar longe de carros elétricos
individuais de passageiros e investir mais no design inteligente das cidades,
nas caminhadas, no ciclismo, nos trens, nos ônibus espaciais e no
compartilhamento dos veículos”.
Artigo
de Vikström e Davidsson (2013) mostra que se os veículos elétricos com baterias
de Íons de Lítio forem extensamente usados, em vez de sermos dependentes do petróleo
poderíamos tornar-nos dependentes de Lítio e das baterias de Íons de Lítio, com
os recursos concentrados em dois países. O lítio é um recurso finito e a
produção não pode crescer infinitamente, devido às restrições geológicas,
técnicas e econômicas.
Portanto,
não dá para o mundo seguir na rota do crescimento infinito em um mundo de
recursos finitos. Mesmo a “economia verde” precisa respeitar os limites do meio
ambiente e as fronteiras planetárias. (ecodebate)
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