Em 2015, a Agência Nacional de Energia Elétrica
(Aneel) estimava que até 2024 poderiam ser instalados até 620 mil painéis
voltaicos em telhados residenciais.
A
instalação de painéis residenciais de captação de energia solar é uma opção de
investimento que permite economia na conta de luz e independência das
distribuidoras de eletricidade. O sistema fica em R$ 16 mil, segundo a
coordenadora da campanha de Energias Renováveis da organização não
governamental (ONG) Greenpeace, Bárbara Rubim.
“É
um valor alto, se a pessoa tiver que fazer esse investimento à vista. Mas é um
investimento que vai se pagar em uma média de sete anos e gerar retorno para a
pessoa. É um investimento que você está fazendo no seu imóvel”, ressaltou Bárbara
em entrevista à Agência Brasil.
Em
2015, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) estimava que até 2024
poderiam ser instalados até 620 mil painéis voltaicos em telhados residenciais.
Para a microgeração de consumidores comerciais, a projeção é que os sistemas
podem chegar a 82 mil equipamentos. Eles captam a luz solar e a transformam em
eletricidade que abastece o imóvel. O excedente pode ser lançado na rede de
distribuição e convertido em créditos a serem abatidos da conta de luz do
consumidor.
Financiamento e incentivos
A
geração individual de eletricidade pelo sol poderia ir ainda mais longe,
segundo Bárbara, caso houvesse incentivos para quem quisesse usar essa opção.
Entre as medidas que poderiam ser adotadas, a coordenadora da ONG aponta a criação
de linhas de financiamento específicas.
“Durante
anos, o governo federal subsidiou para que você pudesse ter até linha de
financiamento com juros zero para a compra de veículos novos. Se o governo fez
isso para a compra de um carro que, querendo ou não, é um bem que gera uma
série de externalidades negativas para a sociedade e que está sendo depreciado
ano após ano, não existe motivo de ele não ter uma política semelhante para a
energia solar”, defendeu.
Outro
incentivo possível, de acordo com Bárbara, seria a liberação do saque do Fundo
de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para a compra dos painéis, como é feito
para compra e reforma de imóveis.
Substituição de fontes
Com
esse tipo de fomento, a coordenadora da ONG considera que o Brasil conseguiria
chegar ao fim de 2020 com mais de 1 milhão de sistemas instalados e com 8
milhões no fim de 2030. Ela baseia a análise nos resultados obtidos em países
como a Alemanha, que tem atualmente 8 milhões de residências microgeradoras, e
o estado norte-americano da Califórnia, com 1 milhão de sistemas instalados.
“A
gente conseguiria substituir duas vezes, se chegasse nesses 8 milhões, a
previsão de geração do complexo hidrelétrico de Tapajos”, compara Bárbara em
referência ao projeto da Usina Hidrelétrica São Luiz do Tapajós, no Pará. Em
agosto do ano passado, o governo federal desistiu do projeto, pois não
conseguiu as licenças ambientais necessárias. O empreendimento também alagaria
três aldeias do povo Munduruku, na Terra Indígena Sawré Muybu.
Economia e sustentabilidade
Economia e sustentabilidade
Foi
justamente a preocupação ambiental que motivou a consultora em biotecnologia
Luciana Di Ciero a instalar, há um ano, um sistema de painéis em sua residência
em Campinas, no interior paulista. “É claro que é super interessante ter uma
economia. Mas, para mim, o principal foi a questão de sustentabilidade, de usar
uma energia renovável. Eu acho que o caminho do mundo é esse”, afirma sobre o
equipamento que reduziu de R$ 400 para R$ 60 a conta de luz da família de
quatro pessoas.
Luciana
conta que o sucesso da instalação atraiu a atenção dos vizinhos. “Muita gente
veio aqui olhar”. Pelo menos um deles também comprou o equipamento após
visitá-la. A consultora acredita, no entanto, que deveria haver incentivos para
quem quer adotar a tecnologia. “Eu moro em um condomínio de classe média alta,
é diferente. Agora, um incentivo para colocar em comunidades carentes, em
conjuntos populares, isso o Brasil deveria fazer. Acho que estamos muito
atrasados”, diz.
Também
no interior de São Paulo, a dentista Fernanda Morra considera que o sistema foi
uma boa maneira de investir. “Eu acho a nossa energia muito cara. Eu tenho sol
quase os 365 dias do ano, porque moro em Holambra. Acho que é um investimento
para a minha casa, daqui a um, dois ou três anos eu não tenho mais esse custo”.
O equipamento abastece a residência de Fernanda e o consultório, que divide o
imóvel.
Apesar
de destacar as vantagens econômicas e práticas, como não depender das
concessionárias de energia, a dentista também fez a instalação preocupada com o
meio ambiente. “Eu tento ser o mais sustentável que posso”, acrescenta.
(ecodebate)
Nenhum comentário:
Postar um comentário