Indústria de biodiesel prevê recuperação em 2017
após recuo em 2016.
A produção brasileira de biodiesel deverá crescer
quase 20% em 2017 ante o ano anterior, com o aumento da mistura no diesel comum
e uma esperada recuperação econômica do país, disse à Reuters o
diretor-superintendente da União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene
(Ubrabio), Donizete Tokarski. A expectativa da indústria é produzir 4,5 bilhões
de litros este ano, ante os 3,8 bilhões produzidos em 2016, quando o país
registrou recuo de 2,6%, primeira queda anual da produção de biodiesel da
história, devido à desaceleração econômica.
"A economia (brasileira) que fez reduzir a
produção de biodiesel (em 2016), os produtores não queriam reduzir e estamos
preparados para aumentar... a nossa capacidade instalada é muito superior ao
que estamos produzindo", afirmou Tokarski. Segundo os últimos dados da
Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a capacidade
instalada de produção de biodiesel autorizada a operar comercialmente era de
7,3 bilhões de litros por ano, em novembro de 2016.
O crescimento em 2017 terá o impulso do aumento
compulsório da mistura do biodiesel no diesel comum. Atualmente, uma lei prevê
o aumento gradual da mistura de biodiesel no diesel, passando dos atuais 7%
para 8% em março de 2017, aumentando um ponto porcentual ao ano até chegar a
10% em 2019.
"O ministro de Minas e Energia (Fernando
Coelho Filho) nos acenou com uma expectativa muito grande para o setor para
anteciparmos o B9 (9% de mistura) em julho... para que a gente possa dar um
salto na produção e atingir em torno de 4,5 bilhões de litros de produção no
fim do ano", afirmou Tokarski. O representante da Ubrabio ponderou, no
entanto, que o volume de produção previsto conta com uma recuperação econômica.
"A reação da economia potencializa a reação do
consumo de combustíveis", frisou. No longo prazo, os produtores de
biodiesel preveem um impulso do consumo de biodiesel pelo crescimento do
déficit brasileiro da produção de diesel comum, devido à ausência de planos
para a construção de novas refinarias.
Em
entrevista à Reuters na semana passada, o novo diretor-geral da ANP, Décio
Oddone, destacou que o Brasil fica distante de grandes centros de produção de
combustíveis, o que abre espaço para o país aumentar capacidade de refino e
favorece a ampliação do consumo de biocombustíveis. "Todo esse incremento
que nós estamos colocando na mistura automaticamente é deduzido da necessidade
de importação", apontou Tokarski.
O aumento da fabricação de
biodiesel neste ano não encontrará dificuldades se depender da sua principal
matéria-prima, o óleo de soja, que representa atualmente cerca de 80% da
produção. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estimou em 09/02/17
safra recorde de soja no Brasil na atual temporada 2016/17, em 105,6 milhões de
toneladas, ajustando para cima as previsões feitas em janeiro devido ao clima
favorável na maior parte do país. (noticiasagricolas)
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