Moradores
retornam a Fukushima 6 anos após o desastre.
Moradores voltam seis anos
após o desastre em Fukushima.
A vida parece estar voltando
ao local quase seis anos depois que os moradores, em pânico, fugiram da radiação
liberada.
Terremoto e tsunami
Residentes
voltam a cidades desertas seis anos após o desastre nuclear de Fukushima.
Um caminhão passa ocasionalmente pelas lojas escuras com paredes rachadas e letreiros caídos na rua principal da cidade litorânea quase deserta de Namie, no Japão.
Um caminhão passa ocasionalmente pelas lojas escuras com paredes rachadas e letreiros caídos na rua principal da cidade litorânea quase deserta de Namie, no Japão.
Trabalhadores consertam uma casa danificada próxima ao
local, e cerca de 60 funcionários estão ocupados preparando o retorno de
antigos residentes, no prédio quase intocado da prefeitura. Não muito longe, dois
javalis selvagens percorrem o jardim de uma casa em busca de comida.
A vida parece estar voltando ao local quase seis anos
depois que os moradores, em pânico, fugiram da radiação liberada pela usina
nuclear Fukushima Daiichi, atingida por um terremoto e um tsunami.
Apesar disso, apenas algumas centenas dos 21.500
residentes originais planejam voltar neste primeiro momento, conforme estima
Hidezo Sato, um ex-comerciante de sementes que ajudou a elaborar um plano para
reconstruir a cidade.
“Como alguém que costumava vender sementes como meio
de vida, acredito que agora é a hora de plantar sementes para reconstruir,”
disse Sato, de 71 anos. “A colheita está distante, mas eu espero poder ajudar a
trazer esses frutos”.
Desde novembro de 2016, pessoas que se registraram
foram autorizadas a passar suas noites na cidade, mas os residentes não
precisarão de permissão para habitar o local permanentemente, após o Japão
cancelar a ordem de evacuação em Namie e outras três cidades no final de março.
Distante apenas 4 km da usina danificada, Namie é a
área mais próxima liberada para o retorno dos moradores, desde o desastre em 11
de março de 2011.
No entanto, a cidade nunca mais será a mesma, já que a
contaminação pela radiação liberada fez com que uma grande parte dela fosse
considerada zona proibida, e pode nunca mais ser habitável.
Mais
da metade – 53% – dos antigos residentes decidiram não retornar, de acordo com
uma pesquisa do governo, realizada no último mês de setembro. Os moradores
citaram preocupações com a radiação e a segurança da usina nuclear, que está
sendo desmontados, numa árdua inciativa que levará uns 40 anos.
População mais velha
População mais velha
Mais de três quartos dos habitantes com 29 anos ou
menos, não planejam retornar, o que significa que os mais velhos podem
representar a maior parte da população da cidade, num futuro, em grande parte,
desprovido de crianças.
“Os jovens não vão voltar,” disse Yasuo Fujita, antigo
residente de Namie, que gerencia um restaurante em Tóquio, capital. “Não haverá
empregos ou educação para as crianças”.
Fujita afirma que não quer viver próximo a um possível
local de armazenamento para o solo contaminado, que agora está sendo
sistematicamente removido.
Os níveis de radiação em Namie se mantiveram em 0,07
microsieverts por hora, em 28 de fevereiro de 2017, com pouca diferença em
relação ao restante do Japão.
Apesar disso, na cidade de Tomioka um dosímetro marca
1,48 microsieverts por hora, nível 30 vezes superior ao observado no centro de
Tóquio.
Para que a ordem de evacuação da cidade seja removida,
a radiação precisa estar abaixo de 20 millisieverts por ano. O município também
precisa ter serviços de comunicação e utilidade públicas operantes, além de
saúde básica, atendimento aos idosos e serviço de correios.
Caça aos javalis
Namie, que costumava ter seis escolas de educação
infantil e três de ensino fundamental, planeja abrir uma escola englobando
todos os níveis até a conclusão do ensino médio. Até que isso aconteça, as
crianças terão que frequentar escolas em outras cidades.
Um hospital será inaugurado no final deste mês, com um
médico atendendo em período integral e outros trabalhando meio período.
Os esforços de reconstrução devem criar alguns
empregos. O prefeito da cidade, Tamotsu Baba, espera atrair empresas de
pesquisa e robótica.
O panorama de negócios não parece muito atrativo em
curto prazo, mas Munehiro Asada, presidente de uma empresa que trabalha com
madeira, disse que reabriu sua fábrica na cidade para ajudar em sua
recuperação.
“As vendas não alcançam um décimo do que costumavam
ser,” disse ele. “Mas gerenciar esta fábrica é a minha prioridade. Se ninguém
voltar, a cidade vai desaparecer”.
Shoichiro Sakamoto, de 69 anos, tem uma profissão
incomum: caçador de javalis selvagens que invadem áreas residenciais em
Tomioka. Sua equipe de 13 homens captura os animais usando armadilhas antes de
matá-los com carabinas.
“Os javalis selvagens que estão na cidade não têm mais
medo das pessoas hoje em dia,” disse ele. “Eles nos encaram como se estivessem
dizendo ‘O que vocês estão fazendo?’ É como se a nossa cidade tivesse sucumbido
ao controle dos javalis selvagens”.
Alguns ex-residentes de Namie dizem que a ordem de
evacuação deveria ser mantida até que os níveis de radiação reduzissem e o
desmonte da usina estivesse mais avançado.
Apesar disso, o prefeito Baba acredita que a hora é
agora ou nunca.
“Seis
longos anos se passaram. Se a evacuação for prolongada, o coração das pessoas
vai se romper,” disse ele. “A cidade pode deixar de existir completamente”.
(yahoo)
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