quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

As usinas nucleares de Angra são seguras?

A usina nuclear Angra 2.
A situação da usina nuclear de Fukushima, no Japão, continua piorando. Dois anos e meio depois do terremoto e tsunami que danificaram a usina, as autoridades japonesas detectaram um grande vazamento de água radiativa, contaminando o oceano.
O acidente colocou a indústria nuclear, em todo o mundo, em estado de alerta. No Brasil, não foi diferente. O país tem 2 usinas nucleares em Angra, que geram cerca de 2% da energia consumida no Brasil. As 2 passaram por uma revisão de seus procedimentos de segurança após Fukushima, e estão colocando em ação um plano de R$ 300 milhões para reduzir os riscos de acidentes.
O Blog do Planeta conversou com Paulo Carneiro, Assessor da Diretoria Técnica da Eletronuclear e um dos responsáveis pelo Plano de Resposta Pós-Fukushima. Carneiro explica como funciona o plano e quais ações estão previstas para evitar acidentes em Angra.
Blog do Planeta - As usinas nucleares de Angra são seguras?
Paulo CarneiroHoje podemos dizer que as usinas de Angra são robustas - esse é o termo que usamos na indústria nuclear. Elas têm uma grande capacidade de enfrentamento de desastres naturais, considerando as medidas de proteção existentes e os sistemas já instalados. O que nós estamos fazendo, após Fukushima, é aumentar ainda mais essa capacidade, aumentar as margens de segurança da central.
Blog do Planeta - Depois do acidente de Fukushima, Angra passou por um estudo sobre a segurança das usinas?
Paulo Carneiro - Sim, tão logo ocorreu o acidente, em março de 2011. Nós fizemos o Plano de Resposta pós-Fukushima, que reunia 58 iniciativas, entre estudos e projetos. Havia situações que precisavam ser reavaliadas. Fizemos alguns estudos, principalmente na área de reavaliar desastres naturais na região, e projetos onde já tínhamos definição de algumas intervenções nas duas unidades para aumentar a robustez da planta.
Blog do Planeta - Esses estudos reavaliaram que tipos de desastres naturais?
Paulo Carneiro - São basicamente três grandes linhas de avaliação. Os maiores riscos são os deslizamentos causados pela chuva e os movimentos do mar. Além desses dois, incluímos os abalos sísmicos como uma terceira linha de estudo.
Angra está em uma região com chuvas torrenciais, e cercada de montanhas, com uma característica que leva a deslizamentos. Uma das partes do plano é reavaliar as obras de contenção das encostas e, numa hipótese de deslizamento, quais seriam as implicações. Essa parte do estudo já está concluída e já fizemos obras de reforço. Quanto aos movimentos do mar, a central tem um posicionamento mais favorável, porque ela está em uma baía, com proteção natural. Além disso, a usina foi projetada com proteção para ondas de até 4 metros de altura. Estatisticamente, aquela região não dá maré acima de 1,20m, mas ainda assim estamos reavaliando essa proteção, dentro do espírito pós-Fukushima, para ver que margens de seguranças nós temos. Esse estudo de movimento do mar será concluído no fim do ano.
A terceira área são os terremotos. A central está em uma região de baixa sismicidade, mas a indústria nuclear em todo o mundo está reavaliando essa questão após Fukushima, e nós estamos trabalhando com consultorias internacionais para ver a segurança em caso de terremoto. O estudo ainda está em andamento, mas as conclusões iniciais mostram que temos capacidade de enfrentar terremotos maiores do que os considerados inicialmente no projeto.
Blog do Planeta - O que as falhas na resposta ao acidente de Fukushima ensinam para as usinas brasileiras?
Paulo CarneiroO que foi determinante em Fukushima foi o fato da usina ter perdido todo o suprimento de energia elétrica que abastecia o sistema de segurança. Sem energia, eles não tinham como remover calor do reator. Fukushima tinha 2 geradores diesel de emergência para cada reator. Esses geradores ficavam no subterrâneo, o que é uma vulnerabilidade muito grande - a água inundou o compartimento e dois operadores morreram eletrocutados. Já Angra tem uma capacidade muito maior de suprir energia em caso de emergência. Temos 12 geradores diesel, seis para cada reator. E os geradores estão acima da cota de construção, espalhados em quatro prédios, todos protegidos de inundação.
Apesar disso, identificamos algumas áreas para melhorar. Uma delas é a possibilidade dos geradores de emergência de uma usina alimentar o sistema de segurança de outra. Porque hoje os geradores de Angra 1 só alimentam o sistema de segurança de Angra 1, e o mesmo com Angra 2. Isso gera uma restrição. Então temos que prever meios para que, em uma emergência, os geradores de uma usina possam alimentar o sistema de segurança de outra. Adicionalmente, seguindo o que está sendo feito nas usinas do mundo todo, nós estamos comprando geradores diesel móveis, tanto para Angra 1 quanto para Angra 2.
Blog do Planeta - Dois anos e meio depois do acidente, Fukushima continua com problemas. Agora, está vazando água radiativa da usina. As usinas de Angra estão preparadas para um caso como esse?
Paulo CarneiroA água é uma questão importante, porque é usada para fazer o resfriamento dos reatores. Nós estamos trabalhando para ter acesso a fontes alternativas de água. Atualmente, temos um reservatório, mas ele não está protegido em caso de terremotos. Por isso, vamos construir um segundo reservatório com a capacidade de suportar terremotos. Esse é um projeto que será implementado em 2015.
Quanto aos vazamentos, nós estamos trabalhando com prevenção. Os nossos esforços, no momento, estão concentrados em evitar vazamentos, e assegurar o confinamento de qualquer radiação dentro do prédio do reator. Nossos esforços são no sentido de evitar, a qualquer custo, qualquer possibilidade de ter liberações de radiação para o meio exterior. Esse é o foco.
Blog do Planeta - Essas ações foram avaliadas por algum órgão independente?
Paulo CarneiroO plano foi desenvolvido e submetido à Comissão Nacional de Energia Nuclear. A comissão também integra o Foro Ibero-americano de Reguladores, que é um organismo internacional que congrega Brasil, Argentina, México e Espanha. Esse foro decidiu implantar o mesmo processo de segurança que a União Europeia determinou para os países na Europa. Com esse processo, os planos de cada país são cruzados. O relatório brasileiro foi avaliado pelo órgão regulador do México. O relatório nacional argentino foi avaliado pelo Brasil. No final desse processo, o Foro destacou nossas ações e disse que nossas iniciativas atendem às expectativas de segurança.
O Brasil possui 2 usinas nucleares sendo Angra I e Angra II.
Existem pros e contra no uso desse tipo de energia, sabemos que em caso de acidentes uma usina nuclear pode causar danos irreparáveis, tal como aconteceu em em Chernobyl e mais recentemente em Fukushima,   e enquanto não existir um modelo 100% seguro capaz de resistir a ataques terroristas, terremotos, inundações e outros apesar das vantagens dessa tecnologia eu serei sempre contra. Não sou a favor pois hoje existe tecnologias de energia sustentável e em consequência muito mais limpa.. (globo)

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