A
usina nuclear Angra 2.
A
situação da usina nuclear de Fukushima, no Japão, continua piorando. Dois anos
e meio depois do terremoto e tsunami que danificaram a usina, as autoridades
japonesas detectaram um grande vazamento de água radiativa, contaminando o
oceano.
O
acidente colocou a indústria nuclear, em todo o mundo, em estado de alerta. No
Brasil, não foi diferente. O país tem 2 usinas nucleares em Angra, que geram
cerca de 2% da energia consumida no Brasil. As 2 passaram por uma revisão de
seus procedimentos de segurança após Fukushima, e estão colocando em ação um
plano de R$ 300 milhões para reduzir os riscos de acidentes.
O
Blog do Planeta conversou com Paulo Carneiro, Assessor da Diretoria Técnica da
Eletronuclear e um dos responsáveis pelo Plano de Resposta Pós-Fukushima.
Carneiro explica como funciona o plano e quais ações estão previstas para
evitar acidentes em Angra.
Blog do Planeta - As usinas nucleares de Angra são seguras?
Paulo Carneiro - Hoje podemos dizer que as usinas de Angra são
robustas - esse é o termo que usamos na indústria nuclear. Elas têm uma grande
capacidade de enfrentamento de desastres naturais, considerando as medidas de
proteção existentes e os sistemas já instalados. O que nós estamos fazendo,
após Fukushima, é aumentar ainda mais essa capacidade, aumentar as margens de
segurança da central.
Blog do Planeta - Depois do acidente de Fukushima, Angra passou por um
estudo sobre a segurança das usinas?
Paulo Carneiro - Sim, tão logo ocorreu o acidente, em março de
2011. Nós fizemos o Plano de Resposta pós-Fukushima, que reunia 58 iniciativas,
entre estudos e projetos. Havia situações que precisavam ser reavaliadas.
Fizemos alguns estudos, principalmente na área de reavaliar desastres naturais
na região, e projetos onde já tínhamos definição de algumas intervenções nas
duas unidades para aumentar a robustez da planta.
Blog do Planeta - Esses estudos reavaliaram que tipos de desastres
naturais?
Paulo Carneiro - São basicamente três grandes linhas de avaliação.
Os maiores riscos são os deslizamentos causados pela chuva e os movimentos do
mar. Além desses dois, incluímos os abalos sísmicos como uma terceira linha de
estudo.
Angra
está em uma região com chuvas torrenciais, e cercada de montanhas, com uma
característica que leva a deslizamentos. Uma das partes do plano é reavaliar as
obras de contenção das encostas e, numa hipótese de deslizamento, quais seriam
as implicações. Essa parte do estudo já está concluída e já fizemos obras de
reforço. Quanto aos movimentos do mar, a central tem um posicionamento mais
favorável, porque ela está em uma baía, com proteção natural. Além disso, a
usina foi projetada com proteção para ondas de até 4 metros de altura.
Estatisticamente, aquela região não dá maré acima de 1,20m, mas ainda assim
estamos reavaliando essa proteção, dentro do espírito pós-Fukushima, para ver
que margens de seguranças nós temos. Esse estudo de movimento do mar será
concluído no fim do ano.
A
terceira área são os terremotos. A central está em uma região de baixa
sismicidade, mas a indústria nuclear em todo o mundo está reavaliando essa
questão após Fukushima, e nós estamos trabalhando com consultorias
internacionais para ver a segurança em caso de terremoto. O estudo ainda está
em andamento, mas as conclusões iniciais mostram que temos capacidade de
enfrentar terremotos maiores do que os considerados inicialmente no projeto.
Blog do Planeta - O que as falhas na resposta ao acidente de Fukushima
ensinam para as usinas brasileiras?
Paulo Carneiro - O que foi determinante em Fukushima foi o fato da
usina ter perdido todo o suprimento de energia elétrica que abastecia o sistema
de segurança. Sem energia, eles não tinham como remover calor do reator.
Fukushima tinha 2 geradores diesel de emergência para cada reator. Esses
geradores ficavam no subterrâneo, o que é uma vulnerabilidade muito grande - a
água inundou o compartimento e dois operadores morreram eletrocutados. Já Angra
tem uma capacidade muito maior de suprir energia em caso de emergência. Temos 12
geradores diesel, seis para cada reator. E os geradores estão acima da cota de
construção, espalhados em quatro prédios, todos protegidos de inundação.
Apesar
disso, identificamos algumas áreas para melhorar. Uma delas é a possibilidade
dos geradores de emergência de uma usina alimentar o sistema de segurança de
outra. Porque hoje os geradores de Angra 1 só alimentam o sistema de segurança
de Angra 1, e o mesmo com Angra 2. Isso gera uma restrição. Então temos que
prever meios para que, em uma emergência, os geradores de uma usina possam
alimentar o sistema de segurança de outra. Adicionalmente, seguindo o que está
sendo feito nas usinas do mundo todo, nós estamos comprando geradores diesel
móveis, tanto para Angra 1 quanto para Angra 2.
Blog do Planeta - Dois anos e meio depois do acidente, Fukushima
continua com problemas. Agora, está vazando água radiativa da usina. As usinas
de Angra estão preparadas para um caso como esse?
Paulo Carneiro - A água é uma questão importante, porque é usada
para fazer o resfriamento dos reatores. Nós estamos trabalhando para ter acesso
a fontes alternativas de água. Atualmente, temos um reservatório, mas ele não
está protegido em caso de terremotos. Por isso, vamos construir um segundo
reservatório com a capacidade de suportar terremotos. Esse é um projeto que
será implementado em 2015.
Quanto
aos vazamentos, nós estamos trabalhando com prevenção. Os nossos esforços, no
momento, estão concentrados em evitar vazamentos, e assegurar o confinamento de
qualquer radiação dentro do prédio do reator. Nossos esforços são no sentido de
evitar, a qualquer custo, qualquer possibilidade de ter liberações de radiação
para o meio exterior. Esse é o foco.
Blog do Planeta - Essas ações foram avaliadas por algum órgão
independente?
Paulo Carneiro - O plano foi desenvolvido e submetido à Comissão
Nacional de Energia Nuclear. A comissão também integra o Foro Ibero-americano
de Reguladores, que é um organismo internacional que congrega Brasil,
Argentina, México e Espanha. Esse foro decidiu implantar o mesmo processo de
segurança que a União Europeia determinou para os países na Europa. Com esse
processo, os planos de cada país são cruzados. O relatório brasileiro foi
avaliado pelo órgão regulador do México. O relatório nacional argentino foi
avaliado pelo Brasil. No final desse processo, o Foro destacou nossas ações e
disse que nossas iniciativas atendem às expectativas de segurança.
O
Brasil possui 2 usinas nucleares sendo Angra I e Angra II.
Existem
pros e contra no uso desse tipo de energia, sabemos que em caso de acidentes
uma usina nuclear pode causar danos irreparáveis, tal como aconteceu em em
Chernobyl e mais recentemente em Fukushima,
e enquanto não existir um modelo 100% seguro capaz de resistir a ataques
terroristas, terremotos, inundações e outros apesar das vantagens dessa
tecnologia eu serei sempre contra. Não sou a favor pois hoje existe tecnologias
de energia sustentável e em consequência muito mais limpa.. (globo)
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