Renováveis são plenamente
competitivas na América Latina, aponta PSR.
Fontes na região apresentam
menos dependência de políticas governamentais no processo de descarbonização do
setor elétrico, aponta a consultoria em sua publicação mensal Energy Report.
A terminologia para se
referir às fontes renováveis vem mudando com o tempo. Passou de exótica para
complementar e agora é a variável. Mas o que caracteriza essas fontes,
principalmente a eólica e a solar, é que atualmente estas dominam as expansões
de capacidade de muitas regiões. Estudos de planejamento apontam que em vários
países da América Latina essas fontes, incluindo aí a biomassa e outras, são
plenamente competitivas do ponto de vista econômico o que significa uma menor
dependência de políticas governamentais do que em outras regiões do mundo para
a descarbonização do setor elétrico.
A afirmação é da consultoria
PSR na edição mais recente de sua publicação mensal Energy Report. Na avaliação
dos resultados, relata a empresa, o armazenamento nos reservatórios, a
complementariedade sazonal e a infraestrutura de transmissão dos países da
região são fatores que alavancam esta competitividade das renováveis. E aponta
ainda que as novas metodologias de planejamento requerem ferramentas
analíticas, entre elas o inventário de recursos, geração de cenários
integrados, expansão de geração-reserva-transmissão cootimizada, simulação de
produção estocástica com resolução horária e o planejamento de rede de
transmissão probabilística (potência ativa e VAr).
Essa inserção de renováveis,
afirmou a PSR, levou a uma convergência entre todos os países, que agora se preocupam
tanto com energia como potência, variabilidade, armazenamento entre outros
aspectos. Mais especificamente sobre a América Latina, acrescentou, os países
trocam rotineiramente experiências com a Costa Oeste dos Estados Unidos,
Alemanha, França, Nova Zelândia, Vietnam, Turquia e muitos outros em diversos
estágios de desenvolvimento econômico. “Este aprendizado mútuo resultou em
avanços significativos das metodologias de planejamento da expansão”, definiu.
Um
exemplo desta cooperação internacional, lembrou a consultoria fluminense, foi o
seminário “CEM Days – Integração de Renováveis no Setor Elétrico: Caminhos e
Desafios para o Planejamento Energético”, promovido recentemente pela EPE. O
evento foi apoiado pelo Clean Energy Ministerial (CEM), fórum global de
governos que visa promover a adoção de tecnologias de energias limpas e
compartilhar lições aprendidas e melhores práticas, e por várias instituições
internacionais: Agência Internacional de Energia (IEA), Agência Alemã de
Cooperação Internacional (GIZ) e Laboratório Nacional de Energia Renovável dos
EUA (NREL).
A análise da empresa sobre o
planejamento e os avanços que fazem parte da publicação da PSR já foram usados
na Argentina, Chile, Bolívia, Brasil, Colômbia e Peru. E ainda provém de
apresentações da consultoria no Harvard Roundtable on Energy and Climate Change
Policy, realizado entre 29 e 30/12/2018 no Rio, e ainda no CEM Days.
No caso do Brasil, indicou a
consultoria, os resultados preliminares de um estudo sobre novas metodologias
de planejamento que o consórcio PSR-Tractebel-Lahmeyer está realizando para a
EPE e ONS com o patrocínio da GIZ indicam que que a capacidade eólica passará
para 62 GW e a solar para 28 GW (além de 30 GW de solar em geração
distribuída). “Observa-se que esta expansão foi 100% econômica, isto é, não
considerou qualquer meta governamental de inserção de renováveis”, ressaltou.
E ainda, que outro resultado
foi a mudança no padrão de operação dos reservatórios da região Nordeste, onde
há uma atenuação significativa do processo de esvaziamento ou enchimento da UHE
Sobradinho. Um segundo resultado surge da observação do padrão dos intercâmbios
entre as regiões Norte e Nordeste. A inserção maciça de geração eólica na
região Nordeste, afirmou, permite utilizar plenamente os recursos de
transmissão de Belo Monte, que até então ficavam ociosos no período seco da
usina.
No final, o objetivo do
modelo de expansão é minimizar o valor presente da soma do custo de
investimento e valor esperado do custo operativo. Um dos avanços metodológicos
recentes dos estudos de planejamento foi representar uma terceira parcela nesta
soma, que é a construção de capacidade de reserva para gerenciar a
variabilidade das fontes renováveis construídas. Esta otimização simultânea dos
investimentos de energia e reserva é conhecida na literatura como cootimização.
Na análise há o avanço nas metodologias para a expansão da transmissão e das
fontes reativas.
Assim,
ressaltou a PSR, afirmações como ‘não é possível ter mais do que 20% de
renováveis no sistema devido à variabilidade’ ou ‘vai ser necessário construir
1 MW de térmica de reserva para cada 3 MW de eólica devido à ocorrência de
vários dias sem vento’, e ainda, ‘vamos ter problemas de estabilidade porque as
renováveis não proveem inércia’ e ‘as renováveis requerem uma complementação de
energia de base’ – dentre outras – estão ficando defasadas da realidade.
A região tem a matriz
energética mais limpa do mundo, mas deverá melhorar sua eficiência para
competir globalmente e para atender à crescente demanda local.
“A combinação de evolução
tecnológica, efeito portfólio e aperfeiçoamentos regulatórios mitigou ou até
eliminou várias preocupações. Por exemplo, os novos controles digitais das eólicas
permitem que elas contribuam com inércia, suporte reativo e até mesmo reserva
para compensar variabilidade, a diversificação geográfica das fontes permite
uma geração “firme” comparável à de uma usina térmica na base, o “despacho
vinculante” na oferta de preços para o chamado day ahead levou a uma melhora
extraordinária na capacidade de previsão da produção eólica na Europa,
reduzindo muito a necessidade de reserva, e ainda, a inserção de grandes
quantidades de eólica no Nordeste cria um armazenamento virtual que ameniza a
redução dos reservatórios hidrelétricos”. (canalenergia)
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