sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

Renováveis são plenamente competitivas na América Latina

Renováveis são plenamente competitivas na América Latina, aponta PSR.
Fontes na região apresentam menos dependência de políticas governamentais no processo de descarbonização do setor elétrico, aponta a consultoria em sua publicação mensal Energy Report.
A terminologia para se referir às fontes renováveis vem mudando com o tempo. Passou de exótica para complementar e agora é a variável. Mas o que caracteriza essas fontes, principalmente a eólica e a solar, é que atualmente estas dominam as expansões de capacidade de muitas regiões. Estudos de planejamento apontam que em vários países da América Latina essas fontes, incluindo aí a biomassa e outras, são plenamente competitivas do ponto de vista econômico o que significa uma menor dependência de políticas governamentais do que em outras regiões do mundo para a descarbonização do setor elétrico.
A afirmação é da consultoria PSR na edição mais recente de sua publicação mensal Energy Report. Na avaliação dos resultados, relata a empresa, o armazenamento nos reservatórios, a complementariedade sazonal e a infraestrutura de transmissão dos países da região são fatores que alavancam esta competitividade das renováveis. E aponta ainda que as novas metodologias de planejamento requerem ferramentas analíticas, entre elas o inventário de recursos, geração de cenários integrados, expansão de geração-reserva-transmissão cootimizada, simulação de produção estocástica com resolução horária e o planejamento de rede de transmissão probabilística (potência ativa e VAr).
Essa inserção de renováveis, afirmou a PSR, levou a uma convergência entre todos os países, que agora se preocupam tanto com energia como potência, variabilidade, armazenamento entre outros aspectos. Mais especificamente sobre a América Latina, acrescentou, os países trocam rotineiramente experiências com a Costa Oeste dos Estados Unidos, Alemanha, França, Nova Zelândia, Vietnam, Turquia e muitos outros em diversos estágios de desenvolvimento econômico. “Este aprendizado mútuo resultou em avanços significativos das metodologias de planejamento da expansão”, definiu.
Um exemplo desta cooperação internacional, lembrou a consultoria fluminense, foi o seminário “CEM Days – Integração de Renováveis no Setor Elétrico: Caminhos e Desafios para o Planejamento Energético”, promovido recentemente pela EPE. O evento foi apoiado pelo Clean Energy Ministerial (CEM), fórum global de governos que visa promover a adoção de tecnologias de energias limpas e compartilhar lições aprendidas e melhores práticas, e por várias instituições internacionais: Agência Internacional de Energia (IEA), Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ) e Laboratório Nacional de Energia Renovável dos EUA (NREL).
A análise da empresa sobre o planejamento e os avanços que fazem parte da publicação da PSR já foram usados na Argentina, Chile, Bolívia, Brasil, Colômbia e Peru. E ainda provém de apresentações da consultoria no Harvard Roundtable on Energy and Climate Change Policy, realizado entre 29 e 30/12/2018 no Rio, e ainda no CEM Days.
No caso do Brasil, indicou a consultoria, os resultados preliminares de um estudo sobre novas metodologias de planejamento que o consórcio PSR-Tractebel-Lahmeyer está realizando para a EPE e ONS com o patrocínio da GIZ indicam que que a capacidade eólica passará para 62 GW e a solar para 28 GW (além de 30 GW de solar em geração distribuída). “Observa-se que esta expansão foi 100% econômica, isto é, não considerou qualquer meta governamental de inserção de renováveis”, ressaltou.
E ainda, que outro resultado foi a mudança no padrão de operação dos reservatórios da região Nordeste, onde há uma atenuação significativa do processo de esvaziamento ou enchimento da UHE Sobradinho. Um segundo resultado surge da observação do padrão dos intercâmbios entre as regiões Norte e Nordeste. A inserção maciça de geração eólica na região Nordeste, afirmou, permite utilizar plenamente os recursos de transmissão de Belo Monte, que até então ficavam ociosos no período seco da usina.
No final, o objetivo do modelo de expansão é minimizar o valor presente da soma do custo de investimento e valor esperado do custo operativo. Um dos avanços metodológicos recentes dos estudos de planejamento foi representar uma terceira parcela nesta soma, que é a construção de capacidade de reserva para gerenciar a variabilidade das fontes renováveis construídas. Esta otimização simultânea dos investimentos de energia e reserva é conhecida na literatura como cootimização. Na análise há o avanço nas metodologias para a expansão da transmissão e das fontes reativas.
Assim, ressaltou a PSR, afirmações como ‘não é possível ter mais do que 20% de renováveis no sistema devido à variabilidade’ ou ‘vai ser necessário construir 1 MW de térmica de reserva para cada 3 MW de eólica devido à ocorrência de vários dias sem vento’, e ainda, ‘vamos ter problemas de estabilidade porque as renováveis não proveem inércia’ e ‘as renováveis requerem uma complementação de energia de base’ – dentre outras – estão ficando defasadas da realidade.
A região tem a matriz energética mais limpa do mundo, mas deverá melhorar sua eficiência para competir globalmente e para atender à crescente demanda local.
“A combinação de evolução tecnológica, efeito portfólio e aperfeiçoamentos regulatórios mitigou ou até eliminou várias preocupações. Por exemplo, os novos controles digitais das eólicas permitem que elas contribuam com inércia, suporte reativo e até mesmo reserva para compensar variabilidade, a diversificação geográfica das fontes permite uma geração “firme” comparável à de uma usina térmica na base, o “despacho vinculante” na oferta de preços para o chamado day ahead levou a uma melhora extraordinária na capacidade de previsão da produção eólica na Europa, reduzindo muito a necessidade de reserva, e ainda, a inserção de grandes quantidades de eólica no Nordeste cria um armazenamento virtual que ameniza a redução dos reservatórios hidrelétricos”. (canalenergia)

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