Não continuar com Angra 3, substituí-la por energia
solar economiza R$ 12,5 bilhões.
Não prosseguir com Angra 3 e substituir a produção
de energia nuclear por solar representaria uma economia de R$ 12,5 bilhões ao
longo de 35 anos.
Em
23 de outubro, o Ministério de Minas e Energia (MME) publicou uma resolução que viabiliza a conclusão da Usina Termelétrica (UTE) Angra 3,
paralisada desde 2015. E o futuro ministro de Minas e Energia, almirante Bento
Costa Lima de Albuquerque Júnior, anunciou recentemente que a conclusão da
usina nuclear será uma das prioridades da sua gestão.
Para
avaliar os custos e benefícios de Angra 3 ao país, o Instituto
Escolhas comparou a opção de ter a fonte nuclear no
sistema elétrico com os custos de não prosseguir com a obra, concluindo que a
melhor opção é não finalizá-la. Segundo a pesquisa, não prosseguir com Angra 3
e substituir a produção de energia nuclear por solar representaria uma economia
de R$ 12,5 bilhões ao longo de 35 anos.
“Angra
3 é uma sangria aos cofres públicos que precisa ser estancada. Em tempos de
ajuste fiscal e da presença de novas opções para o país suprir suas
necessidades de energia, a conclusão da usina não se justifica”, afirma Sergio
Leitão, diretor executivo do Instituto Escolhas.
Para
o cálculo, o Escolhas utilizou uma metodologia inédita lançada em outubro deste
ano no relatório Quais os reais custos e benefícios
das fontes de geração elétrica no Brasil?. O estudo é uma realização
do Instituto, em parceria com a PSR Soluções e
Consultoria em Energia.
A
metodologia considera o custo total da geração de energia no Brasil por meio da
avaliação e da valoração dos atributos de cinco componentes: custos de
investimento e operação; serviços prestados pela fonte além da produção de
energia propriamente dita; custos de infraestrutura causados ou evitados pelo
gerador; subsídios e isenções; e custos ambientais, como emissão de gases de
efeito estufa.
Quando
a construção de Angra 3 foi paralisada em 2015, R$ 6,6 bilhões já haviam sido
investidos com um progresso de 67% das obras: 88% da parte de engenharia; 78%
de suprimento de equipamentos e materiais; 82% das obras civis e 19% da
montagem eletromecânica. Atualmente, os sistemas de proteção para a estrutura
da usina já estão prontos e há custos mensais para a preservação das
componentes e materiais.
Conclusão
de Angra 3 foi anunciada como prioridade pelo futuro ministro de Minas e
Energia.
A
opção de abandonar o projeto requer o pagamento de multas por rescisões
contratuais, liquidação antecipada do financiamento, custos com desmobilização
da equipe, rescisão de contratos nacionais, rescisão de contratos com a
fornecedora de equipamento (Areva), compensações socioambientais e reservas de
contingencias. De acordo com a Eletrobras Eletronuclear – órgão responsável por
operar e construir usinas termonucleares no Brasil -, os custos totalizam RE$ 11,9
bilhões.
Segundo
a resolução do MME, o investimento para completar as obras está estimado em R$
15,5 bilhões, portanto R$ 3,6 bilhões a mais que descontinuá-la.
“Uma
primeira analise fria dos números pode simular que a melhor decisão seria
continuar a construção. Entretanto, como demonstra nossa metodologia, é preciso
avaliar a atratividade desta usina em comparação as alternativas de expansão, e
não apenas com a opção de abandoná-la”, observa Sergio Leitão.
Por
isso, o estudo analisa a substituição da energia produzida pela termelétrica
por energia das usinas solares do Sudeste, que têm os mesmos atributos de Angra
3: gera energia “na base”, não emite CO2, e está localizada na mesma
região, próxima a grandes centros de carga. A diferença é a intermitência da
fonte solar, que aumenta, por exemplo, os custos associados à necessidade de
uma reserva operativa e à necessidade de potencia.
A
avaliação do Escolhas mostra que retomar as obras de Angra 3 custará para o
sistema 528 R$/MWh durante 35 anos, superior aos R$ 480/MWh publicados como
referência pelo governo na resolução de outubro. O cálculo do Instituto avalia
a soma de todos os atributos indicados na metodologia, considerando assim o
grande subsídio dado à usina advindo das baixas taxas de financiamento do BNDES
e da Caixa Econômica Federal, custo esse que é repassado aos consumidores e
contribuintes.
“A
energia nuclear é a mais cara”.
Já
o custo para a sociedade da fonte solar no Sudeste é de R$ 328/MWh no mesmo
período. Portanto, o estudo
conclui que o abandono da obra de Angra 3, com a quitação de todos os custos e
a construção de usinas solares, traria uma economia ao setor elétrico de R$
12,5 bi até 2045, o que significa R$ 103/MWh ao longo desses 35 anos.
“Cabe ressaltar que esta analise é conservadora sobre o ponto de vista
tecnológico, pois não considera a possível redução nos custos de investimento
da energia solar após os 20 anos de operação, uma vez que foi considerado o
mesmo custo de energia solar ao longo de todo o período analisado”, completa
Sergio Leitão. (ecodebate)
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