América Latina demanda sistemas mais flexíveis com
avanço das renováveis, aponta GE em estudo.
A energia renovável pode mover o mundo?
Entre as ações que os tomadores de decisão precisam
adotar esta a implementação de configurações de mercado onde todos os recursos
de geração são incentivados a participar ao mesmo tempo em que reforça os
sistemas de transmissão e distribuição.
A América Latina é uma região onde há
tradicionalmente uma grande predominância da geração hidrelétrica, contudo,
mais recentemente os países estão investindo na expansão das fontes renováveis
de uma forma mais abrangente. O caso do Brasil, maior mercado desta região é o
maior exemplo desse comportamento que vem sendo verificado. Apesar da produção
limpa a variabilidade traz a necessidade de um sistema elétrico mais
flexível. Esse é o tema do estudo
lançado pela GE Power. Com o título “Proporcionando Flexibilidade aos Sistemas
de Energia na América Latina”, o material traz análise dos países latino
americanos e propõe alternativas para uma rede elétrica mais estável, confiável
e segura.
Na publicação, a empresa aponta que a demanda por
energia cresce cada vez mais nesta região, um cenário diferente do verificado
em mercados consolidados como o europeu. A GE apoia seu estudo em dados da
Agência Internacional de Energia (EIA, na sigla em inglês) cujas projeções
pontam para a perspectiva de crescimento de 70% até 2030, impulsionada pelo
crescimento da população e da economia nessa parte do planeta. A AIE, relata,
acredita que serão necessários 140 GW adicionais de nova capacidade energética
durante esse período para atender à crescente demanda.
Com a entrada das fontes alternativas renováveis,
avalia o gerente Geral da divisão de Grid Solutions da GE Power para Américas,
Emanuel Bertolini, uma maior variabilidade desafia a operação a dar respostas
mais ágeis às mudanças de oferta e demanda no sistema. E a transformação contínua
da energia cria a oportunidade para fornecer um produto que não seja
simplesmente a energia gerada entregue na rede, mas uma energia com certa
despachabilidade, fator este que proporciona a oportunidade para armazenamento.
A integração entre essa modalidade em sistemas híbridos com a solar e eólica,
opina, podem tornar a rede elétrica mais robusta e confiável.
Segundo a publicação, diferentes abordagens têm sido
utilizadas para adotar operações e mercados de energia visando aumentar a
flexibilidade de sistemas elétricos. Na avaliação da empresa, a combinação de
resultados dessas ações podem ser utilizadas pelos tomadores de decisões
latino-americanos para obter um resultado positivo. Entre as ações estão a
implementação de configurações de mercado onde todos os recursos são
incentivados a participar, a adoção de preços de energia horários ou sub
horários baseados no custo marginal de operação e vinculados a preços de
varejo, o desenvolvimento de mercados de serviços ancilares que estejam
alinhados com os mercados de energia a fim de permitir a otimização conjunta e
incluir uma ampla gama de produtos onde os mecanismos de capacidade
explicitamente valorizem a flexibilidade. E ainda, a adaptação de mecanismos de
confiabilidade como leilões, para avaliar a flexibilidade de todos os recursos
disponíveis, bem como, garantir que as tecnologias sejam diferenciadas e
remuneradas com base no seu tempo de reação.
De acordo com os autores do estudo, Brandon Owens e
Genevieve de Mijolla, a implementação de mercados de energia por atacado
baseados em custos marginais competitivos é essencial para permitir que
produtores e consumidores de eletricidade reajam de maneira flexível às
mudanças na oferta e na demanda. Eles afirmam ainda que os sinais de preços em
tempo real são a maneira mais eficiente de incentivar o comportamento flexível,
tanto dos produtores de eletricidade, quanto dos consumidores. Isso porque os
geradores podem reagir aos altos preços da energia fornecendo volume adicional
ao mercado e, da mesma forma, podem reagir a preços baixos removendo a oferta
que não seja necessária. Do mesmo modo, continuam, consumidores podem ter uma
reação contrária à dos produtores.
Os serviços ancilares ajudariam a equilibrar o
sistema de transmissão à medida que ele transfere a energia de fontes geradoras
para consumidores de varejo. “Equilibrar o sistema significa combinar oferta e
demanda, mantendo uma frequência constante do sistema. Vários fatores podem
afetar o equilíbrio entre oferta e demanda e a frequência. Os produtos que
fazem parte do mercado desses serviços ao sistema para que este consiga lidar
com este desequilíbrio entre carga e geração”, explicam. Esses foram alguns
exemplos apontados e ainda há produtos de Suporte a Rampas, Regulação Rápida de
Frequência, Regulação Primária de Frequência, Reservas Girantes, Produto de
Resposta Inercial Síncrona, entre outros.
Uma questão a ser considerada no processo é que os
mercados latino-americanos estão em diferentes estágios de desenvolvimento. O
estudo aponta que o mexicano está em meio à implantação de um modelo
competitivo. Por aqui foi adotado um design híbrido que contém alguns dos
elementos necessários para aumentar a flexibilidade. Já na Colômbia existem
muitos dos recursos necessários de design do mercado de energia, mas precisam
considerar novas abordagens para serviços ancilares.
“É claro que a crescente participação de energia
renovável variável em toda a região exigirá que cada país mude em direção a uma
configuração que inclua mercados de energia competitivos apoiados por serviços
ancilares e mecanismos de adequação adaptados para valorizar e incentivar a
crescente flexibilidade do sistema de energia”, avalia o relatório. As
ferramentas para facilitar a transformação das redes, continua, já estão
disponíveis e foram demonstradas em mercados em todo o mundo. “A próxima fase
para os países da América Latina é dar os primeiros passos para ajustar seus
mercados de energia, proporcionando maior flexibilidade aos seus sistemas. Dada
a história da região em termos de inovação em sistemas elétricos, começando com
a primeira desregulamentação do sistema elétrico no Chile em 1982, todas as
peças estão instaladas para permitir uma transição suave e bem-sucedida nas
próximas décadas”, aponta.
A análise indica que os crescentes volumes de
energia renovável variável como a energia eólica e a solar desafiarão os
mercados e as operações de energia em toda a América Latina, exigindo que os
países respondam mais rapidamente às mudanças de oferta e demanda. E cada país
tem uma característica própria que deve ser considerada. Em comum, os meios que
existem para atribuir essa característica flexível ao sistema passa pela
operação dos sistemas e modelo de mercado, pelo armazenamento de energia,
opções de gestão da carga, geração flexível e a expansão e fortalecimento da
rede de transmissão e distribuição.
Em todas essas categorias apontadas, a empresa
afirma que há opções tecnicamente e economicamente viáveis para aprimorar a
flexibilidade de sistemas elétricos. O documento com 53 páginas destaca as
diferentes abordagens que foram utilizadas para aprimorar as operações e
modelos de mercado do sistema elétrico. Ainda mais à medida em que o sistema
global de energia evolui e as redes nacionais de eletricidade estão sendo
transformadas em sistemas integrados de energia que contém uma mistura de
energia central e distribuída, e de energia renovável variável e despachável.
“Isso é particularmente importante, uma vez que as
fontes que apresentam variabilidade em sua produção alcançam níveis mais altos
de penetração. Esses recursos variáveis podem injetar grandes quantidades de
eletricidade na rede em horários que podem não estar sincronizados com a
demanda de eletricidade. O sistema de energia rígido e inflexível não será
capaz de acomodar oscilações cada vez mais rápidas na oferta e demanda”,
finaliza. (canalenergia)
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