As fontes renováveis atingiram um terço da
capacidade global de energia em 2018.
“A
idade da pedra não acabou por falta de pedras”
“Devemos
deixar o petróleo antes que ele nos deixe” - Faith Birol (Economista chefe da IEA).
No
dia 22 de abril se comemora o Dia da Terra. O documentário da BBC (Climate
Change – The Facts) mostra que o crescimento das atividades antrópicas,
impulsionadas pelo uso generalizado de combustíveis fósseis, está gerando um
aquecimento global sem precedentes no Holoceno (últimos 12 mil anos), com
consequências catastróficas para a vida no Planeta. No vídeo, o grande
ambientalista, Sir David Attenborough, entrevista alguns dos principais
cientistas climáticos do mundo e aponta possíveis soluções para essa ameaça
global. Uma das soluções imprescindíveis é a mudança da matriz energética
global.
Uma
boa notícia é que as fontes renováveis de energia responderam por cerca de um
terço de toda a capacidade de energia global em 2018, segundo relatório
divulgado no início de abril de 2019 pela Agência Internacional de Energia
Renovável (IRENA). As renováveis foram responsáveis por 63% da capacidade
líquida instalada em 2018.
A
IRENA mostrou que foram adicionados 171 GW de nova capacidade de energia
renovável em 2018, um aumento anual de 7,9%. Este aumento foi impulsionado
principalmente pelas novas adições de capacidade eólica e solar. Isso eleva a
capacidade total de geração de energia renovável para um total de 2.351 GW no
final de 2018, representando cerca de um terço da capacidade instalada total de
eletricidade do mundo.
Como
mostra o gráfico abaixo, a energia hidrelétrica continua sendo a maior fonte de
energia renovável baseada na capacidade instalada, com 1.172 GW, seguida pela
energia eólica com 564 GW e energia solar com 480 GW. O grande destaque da nova
capacidade instalada em 2018 foi da energia solar, com acréscimo de
impressionantes 94 GW. A energia eólica adicionou cerca de 50GW, a hidrelétrica
adicionou 20 GW e a bioenergia e a geotérmica com acréscimos modestos.
A
IRENA também mostrou que houve crescimento de energia renovável em todas as
regiões do mundo, embora em níveis variados. A Ásia respondeu por 61% da nova
capacidade em 2018 (ligeiramente abaixo do ano passado) e resultou em 1,024
Terawatt de capacidade renovável (44% do total global). Ásia e Oceania também
foram as regiões de maior crescimento, com expansão de 11,4% e 17,7%,
respectivamente. A Europa cresceu no mesmo período do ano passado (+24 GW ou
variação de 4,6%, ficando com 23% da participação global). A expansão na
América do Norte se recuperou ligeiramente, com um aumento de 19 GW (mais 5,4%)
e participação global de 16%. A África acrescentou 3,6 GW (mais 8,4%), mas com
participação de somente 2% na capacidade global. A América do Sul aumentou 9,4 GW
(mais 4,7%), representando 9% da capacidade global.
O
crescimento das energias renováveis (especialmente solar e eólica) é,
indubitavelmente, uma boa notícia, tanto no sentido de cumprir as metas
climáticas do Acordo de Paris (de 2015), quanto as metas do Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS). Os países que aproveitam ao máximo o
potencial de renováveis se apropriam de uma série de benefícios
socioeconômicos, além de descarbonizar suas economias.
Além
disto, as energias renováveis são a alternativa diante da iminência do Pico do
Petróleo. Artigo do site The Beam, mostra que, sem novos investimentos, a
produção global de petróleo – todas as fontes não convencionais – cairá em 50%
até 2025, conforme a figura abaixo. A produção anual global de petróleo pode
diminuir em aproximadamente seis milhões de barris por dia a partir de 2020.
Alguns países produtores de combustíveis fósseis (e não somente a Venezuela) já
convivem com a queda da produção.
Desta
forma, mesmo diante do avanço da produção de energia renovável, os desafios são
cada vez mais urgentes. O ritmo da transição energética tem se mostrado lento
diante da gravidade dos desafios ecológicos e da inevitabilidade do Pico de
Hubbert. Como a população e a economia mundial continuam crescendo em volume,
aumentam, em consequência, a extração de recursos do meio ambiente, elevam as
emissões de gases de efeito estufa (GEE), acelerando o aquecimento global, o
que aumenta a Pegada Ecológica do Planeta e reduz a biocapacidade e a
biodiversidade (ver o vídeo da BBC: Climate Change – The Facts).
Artigo
de Nafeez Ahmed (Motherboard, 27/08/2018) mostra que os cientistas alertam a
ONU sobre a possibilidade do fim iminente do capitalismo, pois um abandono dos
combustíveis fósseis, necessário para deter as mudanças climáticas, significa
que a economia mundial fundamentalmente precisará mudar. O capitalismo emissor
de CO2, como o conhecemos, acabou e não oferece respostas para os
desafios do século XXI.
Assim,
o processo de transição energética e o fim do uso dos combustíveis fósseis, a
despeito dos avanços, pode chegar tarde e não ser suficiente para evitar um
colapso ambiental. Se o Planeta se transformar em uma estufa e ficar
inabitável, não haverá mais Dia da Terra, pois o colapso ecológico será também
um colapso civilizacional. Será o verdadeiro fim da história humana e os únicos
culpados serão os próprios seres humanos. (ecodebate)
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