quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

Engenheiros produzem o primeiro querosene para aviação com uso de energia solar

Semelhante a uma antena de comunicação, a usina de fabricação de querosene para a aviação utiliza apenas o ar e a energia solar.

Buscando diminuir as emissões de CO2 na atmosfera, engenheiros da Suíça desenvolveram o primeiro querosene de aviação utilizando energia solar. O litro do combustível solar pode chegar até R$ 12,90.

Engenheiros do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique, na Suíça, concluíram os testes da sua nova usina de energia solar para produzir querosene para aviação. A usina dos engenheiros pode ser utilizada para a produção de combustíveis líquidos sintéticos que são mais sustentáveis ao meio ambiente, tendo em vista que vão liberar CO2 durante sua combustão, na mesma medida do gás carbônico que foi retirado do ar para a sua produção.

Entenda como funciona a usina de energia solar que gera querosene para aviação

O CO2 e a água são extraídos diretamente do ar e são quebrados utilizando energia solar. O processo gera o gás de síntese, uma mistura de monóxido de carbono e hidrogênio, que é processado em querosene para aviação, hidrocarbonetos e metanol.

Os testes da usina solar dos engenheiros tiveram início há dois anos, e atualmente a equipe finalizou a realização, não só da aferição técnica, mas também a avaliação dos custos de produção do querosene para aviação.

Querosene para aviação feito com auxílio da energia solar pode custar até R$ 12,90 por litro.

Esquema da usina de produção do querosene solar.

A análise de todo o processo de produção aponta que o querosene para aviação feito com energia solar custaria algo em torno de R$ 7,70 e R$ 12,90.  Para se comparar, o querosene para aviação comum está custando cerca de R$3,00.

Um fator importante é que os cálculos dos engenheiros foram realizados para o nível de insolação de Zurique, ou seja, caso seja em uma região desértica ou equatorial, com altas incidências solares, as vantagens seriam enormes em local de produção e custo reduzidos.

De acordo com um membro da equipe de engenheiros, Johan Lilliestam, ao contrário dos biocombustíveis, que tem seu potencial limitado por conta da falta de terras agrícolas, essa tecnologia permite que a demanda global por combustível para aviação seja atendida, utilizando menos de 1% de terras áridas do mundo, e ela não competiria com a produção de alimentos ou suprimentos para o gado.

Tecnologia precisará de subsídio do governo

Além de um combustível com um preço mais “salgado”, a usina de energia solar representa um alto investimento, de forma que a do querosene solar para aviação dependerá de subsídios governamentais. Segundo Lilliestam, os instrumentos de apoio atuais na União Europeia não são suficientes para fomentar a presença dos combustíveis solares no mercado.

Sendo assim, os engenheiros propuseram o uso de um sistema europeu de cotas tecnológicas específicas para combustível de aviação. Isso demandaria que as companhias aéreas comprassem uma parte específica de seu combustível da energia solar.

Os engenheiros recomendam utilizar uma participação de 0,1% do consumo total de querosene de aviação no começo da etapa de uso do combustível solar, quando o valor do mesmo será alto e as capacidades de produção baixas. Isso teria impacto pequeno nos custos das passagens, mas promoveria uma curva de aprendizado que poderia aprimorar a tecnologia e trazer valores menores.

A cota poderia então ser aumentada de forma gradual até que o querosene solar ocupasse um bom lugar no setor sem precisar de medidas de apoio. (clickpetroleoegas)

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