quarta-feira, 18 de setembro de 2024

Array Technologies soma mais de 40% de projetos em usinas híbridas

Array Technologies soma mais de 40% de projetos em usinas híbridas com energia solar e eólica.

Em parceria com a desenvolvedora francesa Qair, a fabricante de rastreadores solares instalou 1.980 trackers no Complexo Eólico e Solar de Serra do Mato, uma expansão do complexo híbrido Serrote, localizado no município do Trairi, Ceará, contribuindo para uma geração de 222,8 MW.
Usina híbrida Serra do Mato, no Ceará

Com mais de 700 projetos com rastreadores solares, também chamados de trackers, a Array Technologies já soma cerca de 10 GW de participação em usinas de geração distribuída e centralizada no Brasil. A companhia também forneceu seus trackers – que contribuem para gerar até 37% a mais de eficiência do que os sistemas fixos – para a construção de três usinas híbridas no Brasil, localizadas em Ceará, Rio Grande do Norte e Piauí. Hoje, a hibridização já corresponde a 40% dos projetos da empresa.

Recentemente, a Array encontrou nas usinas híbridas uma oportunidade de atender à demanda por energia de forma mais eficiente. A hibridização de usinas para a geração de energia solar e eólica representa 89,9% da capacidade acrescentada em 2023, de acordo com o Ministério de Minas e Energia (MME).

Segundo o diretor geral Latam da Array Technologies, Vinicius Gibrail, “a complementaridade entre energia solar e eólica é estratégica para compensar a sazonalidade de cada fonte. O solar vem complementando as usinas eólicas no Brasil, aproveitando a estrutura pré-existente e complementando a produção diária, enquanto a eólica tende a ser mais forte durante a noite, maximizando o aproveitamento dos recursos. Assim, a curva de transição de disponibilidade de carga entre o período diurno e noturno se torna muito próxima, fazendo com que o sistema trabalhe de forma mais harmônica, consistente e otimizada”.

Usina Serra do Mato: uma das primeiras simbioses entre solar e eólica no país

Construída em parceria com a francesa Qair, produtora independente de energia, a Usina Serra do Mato é uma das primeiras usinas híbridas no Brasil. O projeto corresponde à expansão do complexo híbrido Serrote, localizado no município do Trairi, Ceará. Possui 29 aero geradores, com capacidade total de energia de 121,8 MW. Já a fase solar-fotovoltaica do complexo, tem a capacidade de 101 MW. Ela foi comissionada no final de 2023 e a missão da Array foi a de construir uma solução de geologia que não reduzisse a porcentagem de Capex [sigla em inglês para Capital Expenditure, ou Despesas de Capital, em tradução livre ao português] de balanço do sistema que a Qair havia estimado para uma mesma potência dentro da energia eólica.

“Para isso, a Array dimensionou um equipamento que apresentou menos movimentação de terra, e que possibilitou uma cravação mais simplificada para lidar com o terreno desafiador. E conseguimos fazer isso com a Qair, o que nos enche de orgulho”, explica Gibrail.

Diretor geral Latam da Array Technologies, Vinicius Gibrail

Desafios de construir uma usina híbrida

É fato que a energia eólica chegou antes. Porém, o Brasil é uma região de ventos baixos, que não viabiliza depender apenas da usina eólica. Portanto, a construção de usinas híbridas exige um estudo sobre como criar uma vantagem em cima da estrutura pré-existente.

Para isso, o executivo detalha que o primeiro ponto é pensar na viabilidade da estrutura financeira, como a flutuação da moeda e a taxa de juros. “O preço da energia e a alta do dólar vão diretamente contra os benefícios possíveis de se alcançar em uma negociação de TPA em reais. O mercado poderia ser o melhor de dois mundos se tivéssemos um dólar mais barato e mais disponibilidade de financiamento pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Hoje, temos o Capex mais barato do setor solar, e isso é o que ainda ajuda a manter o setor resiliente”.

Oportunidades e expectativas para os próximos anos

Ainda que os desafios existam, Gibrail garante que o mercado de usinas híbridas é altamente vantajoso. O interesse crescente de grandes investidores e o aumento da demanda por este tipo de projeto indicam uma oportunidade para o desenvolvimento tecnológico e a inovação no setor de energia brasileiro, impulsionando a economia, gerando empregos qualificados e posicionando o país como um líder global em energia de fontes renováveis.

Além disso, conforme apontado pelo executivo, as usinas híbridas podem aproveitar melhor a infraestrutura existente, compartilhando subestações, linhas de transmissão e outros recursos, o que resulta em uma redução nos custos de implantação e operação, impulsionando a sustentabilidade e fortalecendo a resiliência do sistema elétrico, especialmente em regiões onde uma única fonte de energia pode ser inconsistente.

“Sem dúvida nenhuma, é um excelente negócio. A regulação dessa nova modalidade de negócio foi criada em um momento de muito desafio no mercado brasileiro, tanto pela questão de energia, quanto pela questão de câmbio e disponibilidade de financiamento. Nós encontramos uma oportunidade de diversificar nosso negócio, vendendo a mesma coisa para o mesmo cliente, mas em um eixo diversificado de viabilidade. A hibridização mostra, mais uma vez, a criatividade, a resiliência e o dinamismo do mercado brasileiro”, afirma Gibrail.

O executivo explicou à pv magazine que “ainda não vimos todo o potencial deste mercado. Tivemos uma nova incursão de consumidores no mercado livre de energia, o que é um layer importante, mas o mercado ainda vai mostrar toda a sua capacidade. Acredito que isso acontecerá quando enxergarmos um Brasil em que todo e qualquer consumidor tenha a possibilidade de comprar energia no mercado livre. E nós da Array apostamos muito em tecnologia para que, quando esse momento chegar, sejamos capazes de atender esse novo cenário”. (pv-magazine-brasil)

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