segunda-feira, 30 de setembro de 2024

Projeções da EPE para a mobilidade elétrica e transição energética no transporte

As projeções da EPE para a mobilidade elétrica e transição energética da matriz de transporte.

Número de licenciamentos de veículos leves eletrificados deve saltar de 170 mil em 2024 para 694 mil em 2034. Os veículos leves híbridos e elétricos devem somar uma frota de 4 milhões até 2034. Capacidade das baterias, infraestrutura de recarga e preço são as principais barreiras atuais para a adoção massiva da tecnologia. O número de postos públicos de recarga deve saltar para 10 até o final de 2025.
Os modelos eletrificados devem corresponder a 17,6% dos veículos leves licenciados no Brasil em 2034, saltando de 7% em 2024, projeta a Empresa de Pesquisa Energética, no caderno Eletromobilidade: Transporte Rodoviário, parte dos estudos do Plano Decenal de Expansão da Energia 2034, que apoia as decisões do Ministério de Minas e Energia. Somente em 2034, devem ser licenciados 694 mil veículos leves eletrificados, de 170 mil em 2024, com os modelos híbridos sem carregamento (HEV) ganhando espaço das tecnologias plug-in (PHEV) e puramente elétricas (BEV).

Ao todo, os híbridos e elétricos devem somar uma frota de 4 milhões até 2034, ou 8,3% do total de 48 milhões de veículos leves que estarão em circulação, segundo as projeções da EPE.

Baterias, infraestrutura e preço são as principais barreiras para veículos elétricos

Preço médio dos veículos eletrificados mais vendidos no Brasil caiu substancialmente nos últimos anos. O aumento de oferta de modelos por montadoras estrangeiras e isenções de impostos permitiram a redução dos preços, que apesar disso, ainda permanecem em patamares elevados. Mas, ao mesmo tempo, os preços de modelos a combustão interna produzidos domesticamente também aumentaram, chegando a patamares próximos a R$ 100 mil, reduzindo a diferença entre modelos a combustão interna e eletrificados.

Um híbrido sedan de luxo é cerca de 20% mais caro (R$ 190 mil) que um similar a combustão (R$ 150 mil). As vendas dos carros eletrificados (valor médio R$243 mil em 2023), que correspondem a 4,3% do licenciamento total, seguem limitadas ao mercado premium e às camadas da população com maior poder aquisitivo.

Infraestrutura de recarga ainda mantém a alta concentração no estado de São Paulo, apesar do aumento de eletropostos públicos e semipúblicos em outras regiões, principalmente a Região Sul. A discussão sobre a atualização das normas de segurança das instalações dos postos de recarga, principalmente em garagens e edificações, aparece como uma das principais pautas do tema no ano de 2024. A projeção é que o número de eletropostos públicos e semipúblicos salte de 3.800 até o final de 2023 para 10.000 até o final de 2025.

Outra importante barreira para o crescimento de veículos elétricos é a oferta futura de baterias. A oferta de baterias requer investimentos em mineração e processamento custosos e intensivos em energia e emissões. Podem ocorrer novas preocupações geopolíticas, diante da necessidade de segurança energética e das localidades potencialmente ofertantes dos minerais estratégicos.

Por outro lado, inovações tecnológicas, melhoria na manufatura das baterias incluindo avanços com catodos de menor custo, como a de lítio, ferro e fosfato (LFP), devem continuar a reduzir os preços desses insumos, que podem alcançar US$80/kWh em 2030, de US$ 139/kWh em 2023, de acordo com a BNEF.

Ônibus e caminhões elétricos

Para veículos pesados, a eletrificação deve avançar em nichos, como a entrega em última milha por comerciais leves e caminhões leves (16% dos licenciamentos), e os ônibus urbanos (26% de participação). Para caminhões semipesados e pesados, tecnologias híbridas e a gás natural devem se expandir mais do que os elétricos, com manutenção do domínio da combustão do diesel (93% das vendas em 2034).

Em 2034, ônibus eletrificados representarão 9% de uma frota de mais de 530 mil unidades. Além disso, a projeção é que parte dos BRTs (Bus Rapid Transit) serão elétricos.

Biocombustíveis como alternativa à eletrificação do transporte

A disponibilidade de combustíveis renováveis produzidos no Brasil, com tecnologia flex-fuel disseminada e infraestrutura de abastecimento compartilhada com os combustíveis fósseis, permite que o país gerencie o ritmo de eletrificação conforme o desenvolvimento da indústria global, sem necessidade de se comprometer com uma rota específica. Os veículos flex-fuel representam a maior parte da frota de 48 milhões de veículos leves estimada para 2034, com 37 milhões de unidades (77% do total).

Os biocombustíveis também são incentivados por políticas públicas como o Programa Combustível do Futuro, que tem o objetivo de ampliar o uso de combustíveis sustentáveis e de baixa emissão de carbono, impactando o ritmo de eletrificação do transporte.

Nesta semana, a Comissão de Infraestrutura do Senado Federal aprovou o relatório do PL 528/2020, que estabelece o programa. O texto, que já havia sido aprovado pela Câmara dos Deputados em março, cria iniciativas como o Programa Nacional do Diesel Verde (PNDV), do Programa Nacional do Bioquerosene de Aviação (ProBioQAV) e outros incentivos para estimular o desenvolvimento de combustíveis sintéticos, etanol e biodiesel.

Cenário global: 16,8 milhões de vendas de veículos elétricos em 2024

Infográficos

Venda de carros elétricos acelera no mundo — mas não no Brasil

Crescimento global nos últimos 3 anos triplicou, mesmo quando a pandemia encolheu o mercado de carros convencionais e fabricantes enfrentaram gargalos na cadeia de suprimentos.

Em 2023, as vendas de automóveis elétricos chegaram a 13,8 milhões, 3,5 milhões a mais que em 2022, representando um aumento de 35%, segundo a Agência Internacional da Energia. A expectativa é que em 2024 sejam 16,8 milhões.

As dez maiores produtoras de veículos, com mais de 40 milhões vendidos em 2023, 55% do total, estabeleceram metas de vendas de mais de 20 milhões de veículos leves elétricos em 2030. Mais de 20 montadoras (90% das vendas em 2023) anunciaram metas de eletrificação, que combinadas resultariam em 2030 em vendas de eletrificados entre 42% e 58%.

A aceleração, particularmente na Europa e EUA, pode também ser atribuída a incentivos/subsídios. Desde 2020, US$ 130 bilhões foram desembolsados, com destaque para o Mecanismo de Recuperação e Resiliência da UE e o Ato de Redução da Inflação (IRA) nos EUA. Além disso, US$ 25 bilhões foram providos para apoiar financeiramente a produção de baterias e reciclagem.

Inovações tecnológicas, melhoria na manufatura das baterias incluindo avanços com catodos de menor custo, como a LFP (Lithium Iron Phosphate), devem continuar a reduzir os preços das baterias, podendo alcançar $80/kWh em 2030 (BNEF). A conjuntura de sobreoferta na China fez o preço médio da bateria a LFP cair para $53/kWh no primeiro quadrimestre de 2024, uma queda de 51% frente aos preços de 2023 (BNEF). (pv-magazine-brasil)

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