domingo, 30 de janeiro de 2011

Chuvas garantem energia

Chuvas garantem energia e poupam uso de térmicas
Volume de água sobe 15,5 pontos porcentuais nas usinas do Sudeste e do Centro-Oeste.
As fortes chuvas que vêm provocando transtornos em todo o País estão contribuindo para recuperar os reservatórios das hidrelétricas, que terminaram 2010 no pior nível para um fim de ano desde 2003. Só em janeiro, com chuvas acima da média, o nível dos reservatórios das regiões Sudeste e Centro-Oeste subiu 15,5 pontos porcentuais, para 60,2%. O volume de chuvas provoca redução no preço da energia no mercado atacadista.
Chuvas enchem reservatório de usinas como Itaipu
Segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), os reservatórios do Sudeste e Centro-Oeste, considerados a caixa d’água do País, chegaram em 31/12/10 com 44,7% de sua capacidade. Ao fim de 2009, esse número era de 72,5%. A recuperação neste mês foi provocada por um ritmo de chuvas equivalente a 136% da média histórica para a região, informa o Boletim Preliminar Diário de Operação do ONS referente à 20/01/11.
A melhoria no nível dos reservatórios se traduz em menor necessidade de uso de térmicas durante o ano e em redução nos preços da energia no mercado atacadista, que são calculados com base em uma fórmula que considera a previsão de chuvas para a semana seguinte.
Dados divulgados pela Câmara Comercializadora de Energia Elétrica (CCEE) indicavam que os preços da energia no Sudeste/Centro-Oeste (considerados pelo ONS como um único subsistema) para a semana que vem estarão entre R$ 21,56 e R$ 22,64 por megawatt-hora, queda de 13% com relação à semana anterior.
"A redução dos preços da quarta semana de janeiro de 2011 ocorreu devido à previsão de afluências no submercado Sudeste estar mais otimista", informou a CCEE, em nota oficial distribuída ontem. Os preços vinham sendo negociados em baixa, mas sofreram um repique na semana passada por conta de piores previsões de chuvas.
Reservas. "Acredito que chegaremos a abril (início do período seco) com os reservatórios bastante cheios", comentou o professor Nivalde de Castro, do Grupo de Estudos do Setor Elétrico do Instituto de Economia da UFRJ. Ele lembra que o modelo de segurança do setor não permite mais que as térmicas passem o ano desligadas - elas são ligadas para manter os reservatórios em níveis seguros para o ano seguinte - mas não deverá haver geração térmica extraordinária este ano.
Além da ocorrência de chuvas, os reservatórios do Sudeste vêm sendo beneficiados pela transferência de energia do Sul e do Norte, comum essa época do ano, segundo o boletim de operações do ONS. O Sul está mandando 1,9 mil megawatts (MW) médios e o Norte, 1,2 mil MW médio.
Parte dessa energia está sendo deslocada para o Nordeste, que também recebe suprimento do Norte, onde a situação é mais crítica. De acordo com o ONS, os reservatórios do Nordeste estão com 55,2% de sua capacidade de armazenamento de energia e as chuvas na região estão abaixo da média histórica. Usinas térmicas também estão sendo acionadas na região, cujos reservatórios cresceram 10 pontos porcentuais desde o início do ano.
Ao todo, informa o ONS, a geração térmica no Nordeste atingiu 800 MW em 20/01/11. Segundo a CCEE, a transferência de energia do Sudeste para o Nordeste em carga leve já chegou ao seu limite, o que gera preços maiores na região. Para a semana que vem, os preços do mercado atacadista no Nordeste serão de R$ 22,39 para carga leve e R$ 22,64 para carga pesada - nesse caso, o mesmo valor das outras regiões.
Embora tenham entrado o ano em baixa, os reservatórios das regiões Sudeste/Centro -Oeste e Nordeste estão bem acima da Curva de Aversão ao Risco (CAR), limite mínimo para garantir a segurança do abastecimento. No Sudeste, a CAR em 20/01/11 em 11,3%. (OESP)

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

New Orleans: movida a energia solar

Cinco anos após Katrina, a cidade se torna modelo de arquitetura verde e dá incentivo fiscal para quem usa painéis solares
Catástrofes naturais parecem cada vez mais comuns em todo o mundo. Ao mesmo tempo se nota que parte dos estragos poderia ser evitada caso as cidades estivessem preparadas. Isso fica claro ao comparar os números de mortos após as recentes chuvas na região serrana do Rio - mais de 800 - e em Brisbane, na Austrália - cerca de 20.
Em muitos casos, porém, o planejamento surge apenas depois da ruína. "Para uma cidade devastada, a necessidade é a mãe da invenção", afirma Sérgio Trindade, cientista brasileiro co-laureado pelo Nobel da Paz em 2007 por seu trabalho no Painel do Clima da ONU. "As populações se acostumam com a ideia de que "nada vai acontecer", até que algo acontece."
Algo aconteceu em New Orleans no dia 29 de agosto de 2005. O Katrina destruiu tudo pela frente com ventos de 205 km/h que deixaram a cidade debaixo d’água após o rompimento de 50 diques. O saldo de mortos foi de 1.464 pessoas, e os prejuízos pelo furacão foram calculados em US$ 135 bilhões - o governo federal gastou US$ 120,5 bilhões na recuperação da cidade.
Cinco anos depois da tragédia, a maior cidade da Louisiana, nos EUA, é exemplo de sustentabilidade em suas novas construções com painéis solares para geração de energia. Poder público, grupos de investimento, universidades e ONGs como a Global Green e a Make It Right, do ator Brad Pitt, têm investido em casas, edifícios e escolas, com eficiência energética.
A cidade hoje abate 50% dos impostos de quem usa painéis solares, e a prefeitura quer aumentar o incentivo fiscal, o maior do país, para 80%.
A Global Green fornece recursos para a reconstrução de casas e escolas. Por meio do Green Schools Project, cada escola recebe US$ 75 mil - desde que siga parâmetros de construção sustentável, como o sombreamento de fachadas para evitar o uso de ar-condicionado, o uso de cisternas para captação de água de chuvas e a utilização de 100% de lâmpadas fluorescentes.
"Ajudamos a reconstruir 12 das 88 escolas da cidade, cinco casas e temos um projeto de conjunto habitacional", afirma Matt Petersen, CEO da Global Green, que abriu um escritório na cidade logo após o desastre.
A entidade também auxilia os cidadãos que desejam erguer casas e prédios ou restaurá-los com base na certificação de sustentabilidade em construção civil mais conhecida nos EUA, a LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), concedida pela ONG U.S. Green Building Council (USGBC), de acordo com os critérios de racionalização de recursos como energia e água.
O braço da Global Green em Nola (apelido dado à New Orleans pelos moradores) se concretizou quando Petersen conheceu a advogada da área ambiental Elizabeth Galante, nascida na cidade. "Eu buscava uma maneira de ajudar a reconstruir a cidade sem cometer os mesmos erros que intensificaram a tragédia", conta a advogada, conhecida como Beth.
Sem expertise
Beth revela que New Orleans, hoje referência em energia renovável, tem um passado nada verde.
"A companhia de energia de Nola era conhecida nacionalmente como uma das menos sustentáveis do país. Quando começamos a atuar, por exemplo, era ilegal conectar painéis solares com a rede de energia da cidade. E ninguém sabia como construir com sustentabilidade aqui. Não tínhamos expertise", lembra.
Outro obstáculo às construções ecologicamente corretas na cidade era a urgência - todos queriam muito rápido refazer seus edifícios e casas para voltar à normalidade.
"Tivemos que explicar às pessoas que não adiantava construir com materiais baratos e pouco eficientes novamente. Sair construindo seria uma solução imediata, mas outra ameaça a longo prazo."
Para saber mais sobre as construções verdes, a cidade organizou um campeonato de design e arquitetura no verão de 2006. Participaram ao todo 125 escritórios de todo o país com vasta experiência em arquitetura sustentável, além de uma série de empresas locais.
Brad Pitt foi um dos jurados e o resultado da competição foi o Holy Cross, projeto da Global Green de conjunto habitacional com 18 unidades. A construção vai produzir uma boa parte da energia que consome.
O concurso selecionou um escritório de Nova York e, segundo Beth, proporcionou uma "rápida e excepcional troca de conhecimento entre os escritórios de fora, com experiência em construções verdes, e os locais, com o conhecimento da realidade climática daqui".
"Um dos desafios é reinventar a cidade de um jeito melhor e mais sustentável, mas com o cuidado de preservar os nossos referenciais culturais. Não é o caso de construir uma nova cidade, mas sim de fazer uma New Orleans melhor", diz.
Arte
Berço do jazz, New Orleans tem referenciais culturais fortes e teve de enfrentar o êxodo de seus artistas. Ao todo, 150 mil cidadãos foram embora - e não voltaram. Hoje, a cidade tem cerca de 330 mil habitantes.
"Este período tem sido difícil, mas inspirador. Quem voltou está comprometido em reconstruir a cidade, seus bairros e suas casas", diz o empresário local Harold Doley III. "Essa motivação permitiu que New Orleans se transformasse em uma incubadora de sustentabilidade."
Doley III, por meio de seu grupo de investimento Lugano, fundou o Cultural Economy Initiative, em parceria com a prefeitura da cidade. O programa dá suporte, com isenções de taxas e incentivo financeiro, a quem reconstrói a cena cultural da cidade, como músicos e cineastas.
"Foi necessária uma tragédia para tornar possível a percepção do valor inacreditável da nossa cultura e dos nossos recursos naturais", diz o empresário. (OESP)

Construções movidas a energia solar

Maiores construções do mundo movidas a energia solar
ARevista Galileu publicou uma matéria mostrando as maiores construções do mundo movidas a energiasolar, que você confere através das fotos abaixo.
A maior central termosolar do mundo, a PS20 (foto acima), fica em Sevilha, na Espanha. Ela evita a emissão de cerca de 12 mil toneladas de CO2 e tem capacidade para abastecer 10 mil domicílios.
Há estádios, barcos, edifícios comerciais e até uma árvore de natal. Bem que o Brasil, que tem tanto Sol o ano inteiro, poderia investir mais na área, e aparecer um dia nesta lista.
Por enquanto, o destaque é para a China, com a maior construção de todas, um edifício comercial que fica em Dezhou, com 75 mil m², que retira 95% de sua energia da luz solar. O complexo sediou o 4º Congresso Internacional de Cidades Solares, em setembro de 2010.
 Já o navio PlanetSolar, de construção francesa, tem 500 m² de painéis solares, sendo capaz de produzir 1000 watts de eletricidade por dia, o suficiente para suprir toda a sua necessidade.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Bioenergia: garantia de mais produção

Os produtores de cana-de-açúcar do Nordeste e, em especial da região Meio-Norte do Brasil, têm agora a perspectiva de maior produtividade a partir de um planejamento melhor de irrigação e da fertirrigação da cultura. Um estudo da Embrapa Meio-Norte, coordenado e já concluído, pelo pesquisador Aderson Andrade Júnior, revelou, em três safras, aumentos de produtividades superiores a 100%.
O trabalho definiu a lâmina de irrigação e os níveis de nitrogênio e potássio a serem aplicados através da fertirrigação. Usando uma lâmina de irrigação de 300 milímetros, no primeiro ano de execução do projeto, em 2007, os pesquisadores obtiveram o primeiro resultado expressivo da pesquisa.
A produtividade de colmos foi de 138 toneladas por hectare, superando em quase 100% a média histórica de 75 toneladas por hectare alcançada pela Usina Comvap, no município de União, a 56 quilômetros ao norte de Teresina, onde a pesquisa foi conduzida.
“Foi a luz para seguirmos confiantes no estudo”, revelou Aderson Júnior. Na segunda safra, a produtividade foi ainda mais espetacular. Da média de 75 toneladas por hectare, a produtividade pulou para 170 toneladas por hectare. Neste experimento, foi aplicada uma lâmina de água de 490 milímetros.
Na primeira safra, segundo o pesquisador, o nível de aplicação de nitrogênio foi de 60 quilos por hectare e de 40 quilos de potássio por hectare. Na segunda, foram aplicados 120 quilos de nitrogênio por hectare e 100 quilos de potássio por hectare. A produtividade de colmos na terceira safra atingiu 158 toneladas por hectare. Foram aplicados uma lâmina de água de 512 milímetros, associada a 115 quilos de nitrogênio e 130 quilos de potássio por hectare.
Além da irrigação e da fertirrigação, o trabalho, pioneiro no Nordeste, revela também um dado importante à comunidade científica. Na fase de maior exigência, a necessidade hídrica da cana-de-açúcar, nas condições de solo e clima da microrregião de Teresina, obtida na pesquisa, foi superior a estabelecida pelo boletim da FAO – Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, que é de 1,25 (coeficiente de cultivo).
O estudo constatou que a necessidade hídrica da cana-de-açúcar no Nordeste foi de 1,5, o que sustenta a importância de estudos locais para definir a exigência hídrica da cultura. Serão feitos estudos complementares a partir de 2011 quando se irá avaliar, através de um projeto em rede, a viabilidade econômica dos custos com irrigação e fertirrigação (energia elétrica e fertilizantes ). Os impactos ambientais da produção da cana-de-açúcar com  irrigação, como a emissão de gases de efeito estufa à atmosfera, provocada por esse sistema, também serão avaliados.
O projeto, financiado pelo Tesouro Nacional ( Embrapa e CNPq ), consumiu R$ 60.898,51 nos três anos de pesquisa, e teve a parceria da Usina Comvap – Açúcar e Álcool Ltda, e da Universidade Federal do Piauí. Uma equipe de 14 pesquisadores, entre funcionários da Embrapa e bolsistas, participou do estudo.
Com o avanço da necessidade por combustíveis limpos, a produção de cana-de-açúcar no Brasil vem disparando a cada ano. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção de cana moída pela indústria sucroalcooleira no ano passado foi superior a 600 milhões de toneladas. A área plantada foi superior a sete mil hectares, com destaque para os estados de São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Goiás, Alagoas, Pernambuco e Paraíba.
O Brasil continua sendo o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo. Os números da Conab apontam para uma direção praticamente consagrada no consumo de biocombustível a partir da cana-de-açúcar. Segundo a companhia, cerca de 54%
esmagada no País, 336 milhões de toneladas, vão para a produção de álcool dos tipos etanol, a maioria, e  anidro. O restante da cana moída é destinada à produção de açúcar. (ambienteenergia)

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Inovação: energia entre prioridades

Mudanças climáticas (14,8%), energia solar (14%), biocombustíveis (6%) estão entre as áreas consideradas prioritárias para o desenvolvimento do país, segundo a pesquisa “Percepção Pública da Ciência e Tecnologia no Brasil”, feita pelo Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT) e apoiada por entidades como Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Na pesquisa, que ouviu 2.016 pessoas entre 23 de junho e 6 de julho de 2010, as áreas de medicamentos e tecnologias médicas (32,1%) e agricultura (15%). Energia nuclear (1,2%) lideram a lista de 12 segmentos avaliados como importantes.
O Objetivo da pesquisa, cuja primeira versão aconteceu em 2006, foi levantar o interesse, grau de informação, atitudes, visões e conhecimento que os brasileiros têm da Ciência e Tecnologia. O resultado do levantamento, realizado pela CP2 (Consultoria, Pesquisa e Planejamento), mostra que houve uma melhora acentuada desta percepção. O percentual de brasileiros muito interessados pelo tema chegou a 65%, contra 41% da pesquisa anterior.
Para o coordenador do estudo, que é também diretor do Departamento de Popularização e Difusão da Ciência e Tecnologia do MCT, Ildeu Moreira, essa constatação é relevante porque mostra a continuidade do grande interesse pela ciência e tecnologia, como foi verificado há quatro anos. Ele também destacou o tema meio ambiente como o mais citado por 83% dos entrevistados. “Está empatado com hoje com medicina e saúde, o que é uma característica única em relação a vários países do mundo”, ressalta.
Apesar do aumento do interesse e do acesso à informação, por meio da televisão e da internet, a grande maioria dos brasileiros tem pouco conhecimento na área. No total, somente 15% das pessoas abordadas foram capazes de citar uma instituição científica importante no Brasil e poucos puderam indicar o nome de um cientista famoso.
“Isso significa que nós não estamos sabendo contar a história da ciência no Brasil, nem na escola e nem nos meios de comunicação. Então precisamos ter mais programas e de melhor qualidade na televisão no rádio, nos jornais, nos meios de comunicação em geral”, recomenda. (ambienteenergia)

Alternativas com a marca brasileira

Uma aposta em soluções inteligentes na área de fontes alternativas e renováveis de energia.
A linha de ação está na pauta da Global Master Internacional, localizada em Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro. A empresa investe na criação de modelos inovadores destinados à produção de energia a partir de fontes naturais, como a do Sol, como revela uma reportagem publicada pela revista Rio Pesquisa, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj).
Um dos produtos desenvolvidos pela empresa é um concentrador solar parabólico, ou “CSP”, cujo primeiro protótipo ficou pronto há pouco mais de três anos.
Segundo a reportagem, objetivo é produzir um volume energético grande o bastante para suprir diversas necessidades de uma unidade industrial. O equipamento já está em fase de testes na empresa Arcoflex, voltada para o segmento de embalagens e etiquetas, situada no distrito de Itaipava, vizinho a Petrópolis. Ali, foram instaladas três unidades do equipamento. O projeto, que conta com a participação da Universidade Católica de Petrópolis (UCP), recebeu financiamento da Faperj. (ambienteenergia)

Brasil pode limpar 93% da matriz energética

Brasil pode ter 93% da matriz energética limpa até 2050
Um relatório do Greenpeace diz que o País pode ter 93% da energia elétrica com origem em fontes renováveis, como eólica, biomassa e solar, sem deixar de ter crescimento do PIB. O documento foi apresentado ontem durante a Conferência do Clima da ONU de Cancún, a COP-16.
O aumento da energia limpa é chamado pela ONG de revolução energética. Haveria benefício com a redução do uso de combustíveis fósseis, já que eles contribuem para as mudanças climáticas. Também seria uma forma de garantir a geração de 3 milhões de empregos.
Segundo Ricardo Baitelo, coordenador da campanha de energias renováveis do Greenpeace, foram consultados especialistas de diversas instituições para a elaboração do relatório.
No cenário da revolução energética, as hidrelétricas responderiam por 45,6% da matriz, a eólica por 20,3%, a biomassa por 16,6% e a solar por 9,26%. Considera-se que é possível aumentar até 2050, nesse quadro, até três vezes a taxa de consumo de energia e em até 4% o PIB. E não haveria necessidade de usar termelétricas a carvão, óleo diesel ou usinas nucleares. O gás natural, considerado "fonte de transição", corresponderia a 7,3% da matriz. A energia oceânica teria 0,77%.
O cenário que usa dados do governo aponta que em 2050 a eólica seria 6% da matriz, a biomassa 8,85% e a solar, menos de 1%. A fonte hidrelétrica seria a maioria (56,3%), gás natural seria 15,9%, óleo combustível, 5,35% e nuclear, 5,31%. "O Brasil é um dos países que mais investe em energia renovável", rebateu o embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado. O governo lembrou que na segunda fase do programa Minha Casa Minha Vida as moradias terão painéis solares. (OESP)

Matriz energética X Crescimento econômico

Brasil pode ter matriz energética renovável sem reduzir crescimento econômico, diz Greenpeace
A matriz energética brasileira pode chegar a 2050 com 93% de fontes renováveis, produzindo o triplo do que é ofertado hoje e considerando a tendência de crescimento econômico. A expansão de fontes de energia eólica, solar, de biomassa, hidrelétrica e oceânica pode garantir 1.197 terawatts-hora, com menor custo de produção e redução significativa das emissões nacionais de gases de efeito estufa.
O cálculo é do Greenpeace, que apresentou em 30/11/10, o relatório [R]Evolução Energética: Perspectivas para uma Energia Global Sustentável, durante a 16° Conferência das Partes da Organização das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-16), em Cancun, no México.
A organização projetou dois cenários para a matriz energética em 2050: no primeiro, o governo mantém o ritmo atual de investimentos em combustíveis fósseis – que abastecem a maioria das termelétricas – e no segundo, o de “revolução”, os recursos seriam canalizados para a expansão das fontes renováveis e ganhos em eficiência energética.
Se a trajetória de investimentos for mantida, em 2050, 72% da energia brasileira virão de fontes renováveis – a maior parte de hidrelétricas –, 5,3% serão produzidos em usinas nucleares e 21,8% ainda virão dos combustíveis fósseis. No cenário proposto pelo Greenpeace, o percentual de fontes renováveis chegará a 92,6% da matriz, não haverá geração nuclear e o único fóssil utilizado na geração de energia será o gás natural – considerado um combustível de transição – com 7,3% de participação.
“É possível aumentar a oferta de energia, acompanhar o crescimento do PIB [Produto Interno Bruto] com uma matriz mais limpa. Mas uma evolução não seria suficiente, por isso propomos uma ruptura [do modelo atual], não só na produção como na utilização da energia”, disse o coordenador do relatório e da Campanha de Energias Renováveis do Greenpeace, Ricardo Baitelo.
A opção pelas fontes renováveis pode resultar em uma redução drástica das emissões de dióxido de carbono (CO2) equivalente (medida que considera todos os gases de efeito estufa) do setor energético previstas para 2050, de 147 milhões de toneladas para 23 milhões de toneladas.
Além do benefício ambiental, o esverdeamento da matriz poderia reduzir custos de produção de energia no Brasil. Até 2050, a economia pode chegar a R$ 1 trilhão, com o aumento da eficiência energética e a instalação de projetos em áreas distantes do sistema interligado de distribuição. Além disso, apesar do alto custo de implantação, os projetos de energias renováveis não dependem de combustíveis caros para produzir calor e eletricidade.
“Uma vez que você construiu, o custo de combustível é zero. Diferentemente das térmicas fósseis, em que o custo de construção é de R$ 150 por megawatt-hora (MWh), mas a parte variável, que é a de combustível, pode chegar a R$ 400 MWh. É uma variação muito grande para dizer que ela [a termelétrica] é barata. Ela é barata para construir e deixá-la parada”, comparou Baitelo.
A geração de empregos verdes e a diminuição dos problemas socioambientais causados pela construção de hidrelétricas também entram na conta dos benefícios da geração por fontes como a eólica e a solar, de acordo com o relatório.
A transição para uma matriz praticamente 100% renovável é possível, segundo o Greenpeace, e a estratégia para viabilizar essa “revolução” pode ser a mudança na legislação do setor elétrico. Baitelo aposta na aprovação do Projeto de Lei 630/2003, que está em tramitação na Câmara e que prevê, por exemplo, a realização obrigatória de leilões anuais de energia eólica e de biomassa e a criação de um fundo para financiar pesquisa e tecnologia para energias limpas.
“A legislação abre a sinalização econômica para as indústrias que ainda não vieram para o país, para que a gente passe a produzir equipamentos [de produção e transmissão de energias renováveis] aqui. E há alternativas, como a criação de fundos e mais pesquisa e desenvolvimento, para que a gente domine a tecnologia”. (EcoDebate)

Para o Brasil se tornar potência verde

Para se tornar potência verde, Brasil precisa fazer mudanças na matriz energética
Na atual disputa por uma economia de baixo carbono, o Brasil poderia estar no topo do pódio e permanecer nele por muito tempo devido ao seu vasto potencial de energias renováveis.
Mas, segundo especialistas, o país vem desperdiçando oportunidades de explorar fontes de energia limpa – o grande motor para o desenvolvimento em tempos de mudanças climáticas. Reportagem de Mariana Della Barba, da BBC Brasil em São Paulo.
“Ninguém tem dúvidas de que as energias renováveis vão dominar no futuro. É um processo muito demorado, mas irreversível”, afirma o economista e engenheiro Edmilson Moutinho dos Santos, professor do Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP.
“Mas o Brasil, mesmo com todo seu potencial, pode ficar para trás se não investir mais nessa área de energia verde”, alerta o coordenador do Greenpeace, Ricardo Baitelo
China, Estados Unidos e alguns países europeus estão aplicando bilhões de dólares para expandir suas energias verdes, especialmente eólica, solar e de biomassa (produzida a partir de lixo orgânico e sobras agrícolas, como o bagaço da cana).
Na Europa, por exemplo, do total de novos mecanismos de geração de energia instalados no ano passado, 60% foram para renováveis.
Um estudo do Pew Environment Group com países do G-20 mostrou que enquanto o investimento da China nessa área foram de US$ 34,6 bilhões em 2009, o do Brasil foi de US$ 7,4 bilhões.
Situação cômoda
A culpa dessa “lentidão” do governo pode estar justamente na situação confortável do Brasil, com imenso seu potencial hidrelétrico, que faz com que 47% das fontes de energia do país sejam limpas. No entanto, para os especialistas, esse índice não pode ser visto como um motivo para se acomodar.
“Até há alguns anos, o país ainda tinha um grande potencial hidrelétrico a ser explorado. E o governo alegava que a Europa só investia em fontes renováveis por não ter esse potencial”, diz Baitelo. “Hoje, ele já percebeu as dificuldades ligadas a hidrelétricas e as vantagens das energias como a eólica.”
Para a professora de gestão ambiental da USP, Neli Aparecida de Mello, o problema não está nas hidrelétricas em si, mas na aposta que sempre se fez nas obras grandiosas, como Itaipu e Balbina, e também na sua localização.
“Não é uma questão de banir o modelo, mas sim de mudá-lo. Em primeiro lugar, deveríamos construir hidrelétricas menores, mais locais”, diz. “Também é preciso levar em conta que atualmente os novos projetos estão na Amazônia, como Belomonte. Além do impacto ambiental, temos de ver o grande problema de logística para controlar essas longas linhas de transmissão que trazem a energia para o Sudeste.”
Outro desafio passa pelas emissões vindas do setor energético. A meta do governo é permitir que esse tipo de emissão – que hoje representa 16,5% do total – dobre em dez anos.
Segundo Baitelo, o governo usa a desculpa de que, como as emissões desse tipo são baixas, não há problemas em aumentá-las. “É um absurdo que se permita duplicar esse valor num país como o Brasil, com tantas alternativas energéticas”, diz.
Deslumbramento
Os especialistas também apontaram para outro motivo para esse certo atraso do Brasil em investir nas fontes verdes: o pré-sal. “No início do governo Lula, o etanol era prioridade. Com o pré-sal, houve um deslumbramento e ele acabou sumindo um pouco do discurso”, afirma Baitelo, lembrando que o então ministro de Minas e Energia Edison Lobão chegou a dizer que queria ver carros de passeio a diesel.
Santos destaca ainda que essa empolgação pré-sal acabou tirando o foco de uma questão essencial: o destino do gás gerado pela exploração desse petróleo. A projeção para essas emissões são tão altas que poderiam substituir as geradas pelo desmatamento, se esse fosse erradicado.
“Para quem está pensando em sustentabilidade, é um absurdo não aproveitar bem esse gás”, diz o engenheiro, acrescentando que, aliado a outras fontes, o gás poderia ajudar no abastecimento de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo.
Outro contrasenso indicado por Santos é não se incentivar ônibus movidos à gás – e sim a diesel e etanol. “Para suprir frotas grandes como a de São Paulo seria preciso plantar muito mais cana, tirando espaço de outro tipo de lavouras.”
Avanços
Segundo os especialistas, esses erros e políticas mal articuladas tiveram seu ápice há cerca de cinco anos. “O governo acabou sujando sua matriz energética ao incentivar as térmicas a óleo, que são baratas de se construir”, lembra Baitelo.
Mas essa tendência vem se revertendo, ainda que em um ritmo muito mais lento do que o esperado. “Governo viu que o foco estava errado e passou a investir um pouco mais em outras energias, como a eólica”, diz o coordenador do Greenpeace.
A participação da eólica na matriz elétrica nacional cresceu 5% em 2009. Mesmo assim, essa fonte corresponde a apenas 0,2% do total de energia gerada, enquanto tem potencial para gerar até três vezes mais do que o Brasil necessita.
Para mudar esse cenário, falta mais incentivo do governo: “O BNDES, por exemplo, fica financiando apenas as grandes obras, como estádios para a Copa e Belomonte”, afirma Santos.
Lucrando com o sol
Os especialistas também criticam o baixo investimento sem ciência e pesquisa, que acabam ficando mais concentrado em áreas ligadas ao petróleo e a biocombustíveis. “O discurso oficial sempre pendeu mais para ‘vamos esperar o preço cair’ do que para criar legislação que incentive essas energias renováveis”, diz Baitelo.
Ele cita o fato de não haver produção nacional de painéis solares. “Se houvesse mais incentivos a esse tipo de negócio, poderíamos exportar essa tecnologia, como fazemos com o etanol.”
Tarifas especiais para quem poupa energia também são raras no Brasil. Em países europeus e asiáticos, essa iniciativa é corrente e vai além: o consumidor que usa energia solar pode vender de volta para o Estado o excedente, criando um ciclo virtuoso.
“Incentivos e garantias ao consumidor é uma questão chave para se melhorar nossa maneira de usar energia”, afirma a professora da USP, fazendo uma comparação com os carros a álcool. “Demorou um tempo para se embarcar nesse mercado. Mas se a política for mantida aos poucos, o consumidor vai vendo que é algo viável, vantajoso e passa a comprar equipamentos que economizam energia, painéis solares.” (EcoDebate)

sábado, 22 de janeiro de 2011

Aumentam emissões por combustíveis fósseis

Emissões por combustíveis fósseis aumentam 39% em 18 anos no Estado
Queima de diesel dos veículos é um dos grandes responsáveis pelo crescimento, de acordo com relatório do governo estadual. Legislação paulista definiu como meta cortar 20% dos lançamentos de gases de efeito estufa até 2020, em relação a 2005.
As emissões de gases de efeito estufa no Estado derivadas da queima de combustíveis fósseis, como o diesel e a gasolina, cresceram 39% entre 1990 e 2008 – passaram de 56,9 milhões de toneladas para 79,2 milhões de toneladas.
Poluição
Sistema de transporte deveria favorecer veículos sobre trilhos e usar eletricidade e biocombustíveis, diz especialista.
Os dados estão em relatório que vai compor o inventário estadual de gases-estufa, a ser divulgado no dia 25 deste mês. No total, serão cerca de 20 relatórios de diferentes setores da economia. A legislação paulista definiu uma meta de cortar 20% das emissões até 2020, em relação a 2005. Então, para cumprir o objetivo, o São Paulo precisa saber exatamente quanto emite e avaliar em que setores da economia pode reduzir.
Segundo o relatório, os derivados do petróleo representam o maior consumo de energia do Estado. E o diesel é o que tem maior destaque. De acordo com o documento oficial, a contribuição do diesel no consumo de energia de São Paulo sempre fica próximo dos “15% do total de todas as fontes utilizadas para fins energéticos”.
No inventário brasileiro é o desmatamento o maior culpado pelas emissões. Mas, segundo Josilene Ferrer, secretária executiva do Programa Estadual de Mudanças Climáticas (Proclima), a energia é o principal vilão em São Paulo. “O aumento das emissões nesse setor é natural. A população cresceu e houve um aquecimento da economia.”
Apesar de as emissões de gases-estufa terem aumentado no Estado, os combustíveis fósseis tiveram uma participação ligeiramente decrescente na oferta bruta total de energia – ela variou de 53% em 1990 para 45,5% em 2008. Isso sinaliza “um maior uso de combustíveis não intensivos em carbono (como o gás natural) e o aumento da participação das fontes renováveis (biomassa) no sistema energético paulista”.
O gás natural substituiu em muitos casos o óleo combustível em caldeiras e fornos industriais – a participação desse óleo caiu de 11,8% a 2,1% no período avaliado –, o que é positivo para as emissões. Mas a mudança se deve principalmente à substituição de combustíveis fósseis por derivados da cana-de-açúcar. Hoje, o bagaço da cana é usado para produzir energia e há um aumento crescente do consumo de etanol nos carros.
“Como o Estado possui a maior frota de automóveis do Brasil, com uma marca superior a 8 milhões de veículos em 2008 – o que representa 36,8% de toda a frota brasileira – e os automóveis e comerciais leves do tipo flex fuel atingiram 74,7% da produção total, espera-se que o consumo de etanol apresente taxas de crescimento maiores nos próximos anos”, diz o texto.
Diesel. Tasso Azevedo, engenheiro florestal que ajudou a formular as metas de clima que o Brasil levou para a Conferência do Clima de Copenhague, no ano passado, analisou o relatório a pedido do Estado. Para ele, chama a atenção o fato de o consumo de combustíveis fósseis ter tido um grande crescimento na década de 1990, mas desacelerado na década de 2000.
Em sua opinião, para São Paulo atingir a meta de redução das emissões, “um foco central será lidar com o consumo de diesel, que continua aumentando e é a principal fonte de emissões”. “Isso requer uma remodelagem do sistema de transporte, favorecendo trilhos, melhorando fluxos, utilizando eletricidade e biocombustíveis”, diz ele.
Nicole Figueiredo de Oliveira, coordenadora da campanha de clima do Greenpeace, ressalta que, além de usar menos o diesel, é preciso melhorar a qualidade do combustível – que ainda contém muito enxofre, prejudicando a qualidade do ar e a saúde da população.
Guarany Osório, consultor especializado em ciências jurídico-ambientais, lembra que o Estado quase não usa energia solar – setor que poderia crescer e, com isso, promover uma redução das emissões. E diz que o Estado pode incentivar uma redução das emissões se optar nas compras públicas por produtos de menor intensidade de carbono – como os carros a etanol. (OESP)

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Alemanha usa gasolina com 10% de etanol

Alemanha introduz gasolina com 10% de etanol já no início de janeiro/2011
Uma nova mistura de gasolina com nível mais alto de biocombustível foi introduzida no país a partir de 2011: a chamada E10 ou Super E10, com 10% de etanol. A nova opção, entretanto, é controversa no país.
O desejo do governo alemão era introduzir a nova gasolina em todos os postos de combustível já no início de janeiro. Entretanto, os motoristas terão que esperar algumas semanas a mais, pois o novo produto não pôde ser disponibilizado em todos os 14 mil postos da Alemanha.
O trabalho de adaptação requer um grande esforço logístico, segundo Klaus Picard, diretor executivo da Federação Alemã da Indústria Petrolífera. “As refinarias têm que se adaptar, organizar o transporte da nova mistura”, justifica. “Os postos têm que ajustar suas tabelas de preços e sistemas de caixas registradoras”, complementa.
Além disso, segundo Picard, os mostradores das bombas devem conter a denominação do produto e também dispor de avisos bem visíveis, já que 10% dos carros não toleram a Super E10.
A rede Aral, líder no mercado alemão, espera que seus 2,5 mil postos estejam adaptados a partir do final de janeiro, já a Shell promete oferecer a nova mistura em toda rede “no decorrer do primeiro trimestre”.
E10 e proteção climática
A gasolina E10 leva 10% de etanol, que é o dobro do que contém a gasolina oferecida atualmente na Alemanha, a chamada E5. Com a introdução da Super E10, o objetivo do governo alemão é implementar as diretrizes da União Europeia (UE) sobre redução das emissões de dióxido de carbono dos automóveis.
Um dos problemas da E10 é que, de acordo com o Ministério do Meio Ambiente da Alemanha, cerca de quatro milhões de veículos no país não suportam o novo combustível, podendo ter seus componentes metálicos ou tubos plásticos de alimentação de combustível danificados. Para esses automóveis afetados, a E5 deve continuar à disposição, pelo menos até 2013.
Entretanto, não há informações se haverá um aumento de preços por conta da introdução do novo combustível. Os representantes da indústria petrolífera alemã não quiseram tecer comentários, em parte devido a possíveis acusações de formação de cartel.
Especialistas acreditam que os preços aumentarão porque na Alemanha o etanol adicionado custa mais do que a gasolina. A Associação Alemã da Indústria de Biocombustíveis está otimista e não conta com aumento de preços. “A indústria do petróleo tem interesse em vender E10 porque é legalmente obrigada a levar biocombustíveis ao mercado”, explicou o presidente da entidade, Claus Sauter.
Reivindicações de ambientalistas
Abastecer o carro deverá ficar mais caro porque a indústria do petróleo deve gastar milhões na adaptação dos postos e das bombas de gasolina, na logística extra e no novo processo de mistura nas refinarias.
Especialistas avisam também que o etanol dispõe de menos energia do que a gasolina convencional, de modo que o consumo aumenta, em média, 3% em comparação com a gasolina.
Para os ambientalistas alemães, o uso de biocombustíveis também é controverso. Alguns grupos argumentam que o cultivo de plantas para produção de biocombustível nos países em desenvolvimento compete com a produção de alimentos, podendo, assim, contribuir para aumentar a fome. Na Alemanha, o bioetanol é produzido a partir de cereais como trigo e centeio, e da beterraba de açúcar.
A Sociedade de Proteção da Vida Selvagem da Alemanha (Nabu, na sigla em alemão) considera mais adequados outros meios para proteger o clima, como carros mais econômicos e novas tecnologias livres da emissão de dióxido de carbono. A entidade argumenta que o cultivo em grande escala das plantas para a produção de combustível ameaça as florestas.
“Até 2020, etanol e biodiesel produzirão enormes emissões”, afirma o presidente da Nabu, Leif Miller. Além disso, adverte, para que sejam atingidas as metas da UE sobre biocombustíveis, será necessária uma aérea suplementar de até 6,9 milhões de hectares. (EcoDebate)

Casca de eucalipto pode produzir etanol

Casca de eucalipto é viável para produção de etanol
Açúcares solúveis podem ser prontamente utilizados para produzir etanol por meio de fermentação
A viabilidade da produção de etanol a partir das cascas de eucaliptos descartadas pelas fábricas de celulose e papel é comprovada em pesquisa da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba. Os experimentos realizados pelo químico Juliano Bragatto demonstram que uma tonelada de resíduo gera 200 quilos de açúcares, que permitirão produzir 100 litros de etanol. O número pode dobrar com o aproveitamento do açúcar existente na estrutura das cascas.
O químico conta que a indústria de papel e celulose gera um resíduo de cascas de eucalipto que em geral não é aproveitado. “Em alguns casos, é feita a queima para produção de energia, mas a grande quantidade de cinza gerada torna o processo bastante insatisfatório”, diz Bragatto. “Para evitar a formação de um passivo ambiental, foi avaliada a composição química das cascas para saber o potencial de transformação em bioetanol”.
A casca do eucalipto possui açúcares solúveis que podem ser prontamente postos em contato com as leveduras que produzem o etanol por meio de fermentação. “Entre eles, se encontram a glicose, a frutose e a sacarose”, afirma o químico. A casca fresca, obtida logo após o corte da madeira, possui 20% de açúcares solúveis. “Este número cai pela metade em um período de dois a três dias, pois ocorre a degradação dos açúcares na casca, por isso o ideal seria aproveitar o resíduo imediatamente após ser produzido.”
Rendimento
Uma tonelada de resíduos pode gerar 200 quilos de açúcares, volume suficiente para produzir 100 litros de etanol. “Somando-se o açúcar que pode ser obtido da quebra da celulose, estima-se uma produção adicional de 94 litros, dobrando o rendimento de etanol”, destaca Bragatto. “Havia a possibilidade de alguns compostos químicos presentes na casca do eucalipto inibirem a fermentação, prejudicando a produção de álcool, o que não aconteceu.”
O rendimento do processo de produção do etanol a partir dos resíduos de eucaliptos é semelhante ao do álcool de cana-de-açúcar. “As cascas são submetidas a uma lavagem com água a 80 graus, onde se obtém uma infusão que é posta em contato com as leveduras”, explica o químico. “Também é possível moer a casca e a realizar a fermentação com o caldo obtido, da mesmo modo que a cana.”
As pesquisas deverão prosseguir com a utilização de um maior número de variedades de eucalipto, para verificar com exatidão a composição química das cascas e a quantidade de açúcar disponível. “Este conhecimento é um passo importante para consolidar o conceito de florestas energéticas”, destaca Bragatto. “Uma vez obtido o açúcar, ele pode ter outras aplicações, como servir de matéria-prima na produção de bioplásticos e biopolímeros.”
Os resultados do estudo fazem parte da tese de doutorado de Juliano Bragatto, orientada pelo professor Carlos Alberto Labate, da Esalq. As conclusões também deverão ser publicadas em um artigo científico, em publicação internacional a ser definida. O trabalho teve o apoio de uma indústria de papel e celulose, que forneceu os resíduos de eucalipto. (EcoDebate)

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Instituições investem milhões em pesquisas

Instituições estrangeiras já investem milhões em pesquisas
Carel Callenbach, diretor da empresa holandesa Ingrepro, está convicto de que já é possível utilizar microalgas para tratar águas com resíduos. "O problema deixou de ser tecnológico. Agora é de investimento no processo produtivo", afirma.
Ele considera inviável utilizar os microrganismos para produzir apenas biocombustíveis, um produto com valor agregado baixo. Mas considera muito conveniente usar as microalgas para tratar águas com resíduos ou fixar gases-estufa produzidos por fábricas. "Com isso, transformamos o carbono e os nutrientes presentes em dejetos em produtos capazes de oferecer lucros", afirma o empresário que roda o mundo para popularizar o conceito de urban farming.
Para Callenbach, já seria possível instalar fotobiorreatores no topo de prédios onde as algas, alimentadas com a água e os resíduos descartados pelas casas, produziriam biomassa que, depois, seria vendida para biorrefinarias.
Quando questionado sobre a viabilidade de se instalar tais estruturas em cidades já estabelecidas, ele responde que é, antes de mais nada, um projeto para as novas áreas urbanas.
Na Holanda, pelo menos três empresas utilizam as soluções propostas pela Ingrepro para tratar resíduos de processos industriais: uma fábrica de batatas fritas, uma granja que produz ovos e uma fábrica de tintas.
Há alguns meses, um helicóptero Apache da Força Aérea holandesa voou com querosene feito de microalgas cultivadas por Ingrepro.
Reprogramação. Nos últimos anos, o polêmico cientista Craig Venter deixou a aventura do sequenciamento do genoma humano, que lhe valeu renome internacional, para concentrar seus esforços na procura de microrganismos que poderiam atuar como pequenas fábricas de combustível. "Algas são o principal sistema biológico capaz de utilizar a energia solar para converter dióxido de carbono em combustível", afirma Venter.
Em julho de 2009, a empresa petroquímica Exxon decidiu investir cerca de R$ 1 bilhão na pesquisa de biocombustíveis produzidos com microalgas. Metade do dinheiro foi para a Synthetic Genomics, empresa de biotecnologia fundada por Venter. Ele deseja reprogramar microalgas para produzirem combustíveis de forma mais eficiente, além de outros produtos de alto valor agregado.
Bill Gates também resolveu entrar no negócio das microalgas e investiu cerca de R$ 86 milhões em uma empresa californiana chamada Sapphire Energy, ao lado de outros três investidores.
Hidrogênio. Há cerca de um mês, a Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) realizou um simpósio sobre biologia sintética. Um dos conferencistas foi Ben Hankamer, da Universidade de Queensland, na Austrália.
Hankamer fundou a Solar Biofuels Consortium, entidade destinada a mostrar a viabilidade econômica dos biocombustíveis de algas.
O pesquisador patenteou um processo inovador para produzir hidrogênio com microalgas. "As microalgas seriam uma solução interessante para a crescente demanda de combustíveis, uma vez que não disputariam espaço por terras agricultáveis, além de contribuir para a captura de dióxido de carbono. Outra vantagem dessa matéria-prima é que ela representa uma alternativa aos combustíveis fósseis cujas reservas mundiais são limitadas", afirma.
# Coquetel – O biocombustível feito de microalgas poderá ser misturado com biocombustíveis de outras fontes. Além disso, cada microrganismo produz óleos com características particulares. (OESP)

SP abriga 1ª empresa da América Latina no setor

Algae planeja tornar negócio rentável a partir de 2014; até lá, cerca de R$ 6 milhões serão usados para pesquisa.
O Brasil é o primeiro país da América Latina a ter uma empresa especializada em obter biodiesel de microalgas e cianobactérias. Apesar de a estrutura da empresa Algae estar montada desde 2007 em São Paulo, ela ainda não tem um produto em mãos para comercializar.
Desde 2009, a empresa investe em pesquisas laboratoriais para conseguir produção em escala do biocombustível e baratear seus custos. Hoje, segundo o gerente técnico da empresa, Sérgio Goldemberg, um litro de biodiesel de alga sairia cinco vezes mais caro que o diesel vindo de material fóssil. 'Ainda está economicamente inviável', calcula.
O cronograma da Algae prevê que a partir de 2014 a empresa já terá unidades de produção e o negócio será viável. O objetivo é recuperar o investimento em dois ou três anos. Até lá, o calendário ficará reservado para a pesquisa. Essa etapa está orçada em R$ 6 milhões, sendo R$ 3,2 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), R$ 1,8 milhão da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e 200 mil do CNPq. 'Como empresa, não podemos nos dar ao luxo de ficar pesquisando para sempre, nossa pesquisa tem de ter um horizonte definido', explica Goldemberg.
Para 2011, a Algae pretende implantar um projeto-piloto em parceria com uma usina de cana-de-açúcar do interior de São Paulo. A ideia é que a refinaria do biodiesel funcione no mesmo local. Além do biodiesel, a Algae também está apostando em compostos de maior valor agregado que também podem ser extraídos da gordura da alga. (EcoDebate)

País estuda combustível de microalga

Cientistas brasileiros investigam como tornar produto competitivo; falta de diálogo e de recursos são principais entraves para pesquisa.
Cientistas brasileiros ingressaram na corrida para tornar economicamente viável a produção de combustível extraído de algas microscópicas. Na opinião dos pesquisadores, recursos escassos e equipes que atuam de forma solitária ainda constituem obstáculos para o avanço do País.
O desafio é imenso. Só não supera as promessas. De todas as fontes de biocombustíveis, nenhuma oferece produtividade tão grande. Das plantas superiores - com raiz, tronco e folhas -, a melhor opção para produção de óleo - e, depois, biodiesel - é o dendê: cada hectare produz 4,4 mil litros por ano. Algumas microalgas produzem até 90 mil litros em idêntica área e no mesmo período: ou seja, quase 20 vezes mais.
A disparidade tem uma explicação simples. Só as sementes do dendê - uma pequena parcela da planta - contêm óleo. E, mesmo assim, apenas 22% do volume das sementes podem ser aproveitados. Já as microalgas funcionam como minúsculos reservatórios de lipídeos, matéria-prima do combustível. Em algumas espécies, o aproveitamento chega a 90% da biomassa produzida.
E as vantagens não terminam aí. Há microalgas que apreciam águas salobras ou águas com resíduos - o esgoto é rico em fosfatos e nitratos, que servem como nutrientes. O uso de tais microrganismos aliviaria a demanda por água doce e limpa, que costuma ser alta em culturas convencionais para produção de biocombustíveis, como soja e cana-de-açúcar.
Não ocorreriam flutuações significativas de safra, pois as microalgas são menos sensíveis a geadas, estações do ano, ao sol e à chuva. Além disso, regiões como o semiárido brasileiro poderiam encontrar sua vocação econômica com fazendas de microalgas. Não haveria desperdício de solo - pouco produtivo na região - e haveria luz de sobra para a fotossíntese das algas. O lençol freático de água salobra forneceria o meio de cultivo.
Por fim, as microalgas são ótimos fixadores de carbono contribuindo para atenuar o aquecimento global. Não é a toa que notáveis como Craig Venter e Bill Gates decidiram investiram fortunas naquilo que julgam ser o combustível do futuro.
Contudo, os problemas também começam cedo. Ninguém aposta que a alternativa se tornará viável em menos de uma década. Há inúmeros desafios técnicos: otimização de fotobiorreatores - onde as algas são cultivadas - para aumentar o volume de biomassa produzido, desenvolvimento de processos baratos para separar os microrganismos da água, identificação de espécies promissoras para cultivo...
E com o barril do petróleo custando menos do que R$ 150, é difícil tornar viáveis economicamente fontes alternativas de energia, o que retarda de forma significativa a pesquisa.
O biólogo Sergio de Oliveira Lourenço, da Universidade Federal Fluminense (UFF), é um dos cientistas brasileiros que há mais tempo estuda o tema. Ele acredita que será muito difícil competirmos de igual para igual com outros países, que investem montantes significativamente maiores em pesquisa.
"Mesmo assim, é muito importante continuar investindo", afirma Lourenço. "Para, no futuro, contarmos com o conhecimento necessário para, no mínimo, assimilarmos a tecnologia e não nos tornarmos um mero fornecedor passivo de áreas boas para o cultivo."
Um edital do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) ofereceu cerca de R$ 4,5 milhões para ser gasto em dois anos por dez grupos que estudam microalgas e biocombustíveis.
A engenheira química Ofélia Araújo, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), considera os investimentos no setor tímidos. Ela acredita que fundos setoriais de empresas químicas e de energia deveriam ser usados para pesquisas com microalgas. "Seriam as maiores beneficiadas por avanços nesta área", pondera. Termelétricas, por exemplo, poderiam utilizar o gás carbônico produzido na queima do combustível para o cultivo de microalgas. Desta forma, transformariam resíduo em produto.
João Carlos Monteiro de Carvalho, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, já criou um protótipo para testar a ideia. Ele coordenou uma pesquisa para reaproveitar o dióxido de carbono oriundo da fermentação alcoólica em usinas sucroalcooleiras. O gás é canalizado para ser consumido por organismos fotossintetizantes, como microalgas e cianobactérias. O projeto, financiado pela Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), poderia fixar cerca de 20,8 milhões de toneladas de dióxido de carbono produzidos todos os anos pela fermentação da cana-de-açúcar em São Paulo.
A bióloga Sônia Gianesella, do Instituto Oceanográfico da USP, realiza prospecção de espécies brasileiras de microalgas. "Queremos descobrir microrganismos com bom rendimento e espécies que se adaptem bem a vários ambientes como águas salobras ou com resíduos", explica Sônia. Ela participa de um projeto conjunto com pesquisadores da Escola Politécnica da USP que tenta viabilizar o uso de microalgas para tratamento de águas com dejetos.
Paulo César Abreu, da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), firmou uma parceria com a Petrobrás para tratar a água que passa pelo processo produtivo da empresa. Ele recorda que há substâncias mais valiosas que o biodiesel produzido pelas microalgas. Cita como exemplo o ácido graxo EPA, usado na indústria alimentícia. "O quilo custa de US$ 10 mil a US$ 30 mil. Um quilo de biodiesel vale US$ 6", calcula Abreu. "Nosso grupo já começa a ver o biodiesel como um subproduto de produtos mais nobres."
Setor privado
O Brasil é o primeiro país da América Latina a possuir uma empresa especializada em obter biodiesel de microalgas e cianobactérias. Apesar de a estrutura da empresa Algae estar montada desde 2007 em São Paulo, ela ainda não tem um produto em mãos para comercializar.
Desde 2009, a empresa investe em pesquisas laboratoriais para conseguir produção em escala do biocombustível e baratear seus custos. Hoje, segundo o gerente técnico da empresa, Sérgio Goldemberg, um litro de biodiesel de alga sairia cinco vezes mais caro que o diesel vindo de material fóssil. "Ainda está economicamente inviável", calcula.
O cronograma da Algae prevê que a partir de 2014 a empresa já terá unidades de produção e o negócio será viável. O objetivo é recuperar o investimento em dois ou três anos. Até lá, o calendário ficará reservado para a pesquisa. Essa etapa está orçada em R$ 6 milhões, sendo R$ 3,2 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), R$ 1,8 milhões da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e 200 mil do CNPq.
"Como empresa, não podemos nos dar ao luxo de ficar pesquisando para sempre, nossa pesquisa tem de ter um horizonte definido", explica Goldemberg.
Para 2011, a Algae pretende implantar um projeto-piloto em parceria com uma usina de cana-de-açúcar do interior de São Paulo. A ideia é que a refinaria do biodiesel funcione no mesmo local. Além do biodiesel, a Algae também está apostando em compostos de maior valor agregado que também podem ser extraídos da gordura da alga.
No mundo
Carel Callenbach, diretor da empresa holandesa Ingrepro, está convicto de que já é possível utilizar microalgas para tratar águas com resíduos. "O problema deixou de ser tecnológico. Agora é de investimento no processo produtivo", afirma.
Ele considera inviável utilizar os microrganismos para produzir apenas biocombustíveis, um produto com valor agregado baixo. Mas considera muito conveniente usar as microalgas para tratar águas com resíduos ou fixar gases-estufa produzidos por fábricas. "Com isso, transformamos o carbono e os nutrientes presentes em dejetos em produtos capazes de oferecer lucros", afirma o empresário que roda o mundo para popularizar o conceito de urban farming.
Para Callenbach, já seria possível instalar fotobiorreatores no topo de prédios onde as algas, alimentadas com a água e os resíduos descartados pelas casas, produziriam biomassa que, depois, seria vendida para biorrefinarias. Quando questionado sobre a viabilidade de se instalar tais estruturas em cidades já estabelecidas, ele responde que é, antes de mais nada, um projeto para as novas áreas urbanas.
Na Holanda, pelo menos três empresas utilizam as soluções propostas pela Ingrepro para tratar resíduos de processos industriais: uma fábrica de batatas fritas, uma granja que produz ovos e uma fábrica de tintas. Há alguns meses, um helicóptero Apache da Força Aérea holandesa voou com querosene feito de microalgas cultivadas por Ingrepro.
Nos últimos anos, o polêmico cientista Craig Venter deixou a aventura do sequenciamento do genoma humano, que lhe valeu renome internacional, para concentrar seus esforços na procura de microrganismos que poderiam atuar como pequenas fábricas de combustível. "Algas são o principal sistema biológico capaz de utilizar a energia solar para converter dióxido de carbono em combustível", afirma Venter.
Em julho de 2009, a empresa petroquímica Exxon decidiu investir cerca de R$ 1 bilhão na pesquisa de biocombustíveis produzidos com microalgas. Metade do dinheiro foi para a Synthetic Genomics, empresa de biotecnologia fundada por Venter. Ele deseja reprogramar microalgas para produzirem combustíveis de forma mais eficiente, além de outros produtos de alto valor agregado.
Bill Gates também resolveu entrar no negócio das microalgas e investiu cerca de R$ 86 milhões em uma empresa californiana chamada Sapphire Energy, ao lado de outros três investidores.
Há cerca de um mês, a Fapesp realizou um simpósio em São Paulo sobre Biologia Sintética. Um dos conferencistas foi Ben Hankamer, da Universidade de Queensland, na Austrália. Hankamer fundou a Solar Biofuels Consortium, entidade destinada a mostrar a viabilidade econômica dos biocombustíveis de algas.
O pesquisador patenteou um processo inovador para produzir hidrogênio com microalgas. "As microalgas seriam uma solução interessante para a crescente demanda de combustíveis, uma vez que não disputariam espaço por terras agricultáveis, além de contribuir para a captura de dióxido de carbono. Outra vantagem dessa matéria-prima é que ela representa uma alternativa aos combustíveis fósseis cujas reservas mundiais são limitadas", afirma. (EcoDebate)

domingo, 16 de janeiro de 2011

Reator produzirá combustível a partir da luz solar

Pesquisadores desenvolvem reator capaz de produzir rapidamente combustível a partir da luz solar
Um reator capaz de produzir rapidamente combustível a partir da luz solar, com o uso de dióxido de carbono e água, é a novidade descrita por um grupo de cientistas na edição atual da revista Science
O processo, que emprega também um óxido do raro metal cério, é semelhante ao observado no crescimento das plantas: o uso de energia do sol para converter dióxido de carbono em polímeros baseados em açúcar, isto é, compostos orgânicos.
Os compostos derivados da fotossíntese podem perder oxigênio por meio da degradação no subsolo durante milhares de anos (cujo resultado são os combustíveis fósseis como o petróleo) ou por um processo muito mais rápido de dissolução, fermentação e hidrogenização, empregado na produção de biocombustíveis.
Até agora, a conversão de luz solar em combustível químico não se mostrou um processo eficiente e a geração de combustível solar, na prática, continua distante.
Na nova pesquisa, William Chueh, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, nos Estados Unidos, e colegas demonstram um possível modelo de reator para essa produção.
No modelo, a luz solar é concentrada para aquecer o óxido de cério a uma temperatura suficiente para que o oxigênio se desprenda de sua estrutura. O modelo então também tiraria átomos de oxigênio da água ou do dióxido de carbono para substituir os que foram perdidos no óxido, resultando na produção de hidrogênio e de monóxido de carbono.
O hidrogênio e o monóxido de carbono que sobraram podem ser combinados de modo a produzir combustíveis por meio de uma nova catálise.
O modelo conta com uma abertura para permitir a entrada de luz solar de forma concentrada e desenhada de modo a refleti-la internamente por múltiplas vezes, garantindo a captura eficiente da luz. Peças cilíndricas do óxido são posicionadas dentro da cavidade e passam por centenas de ciclos de aquecimento e esfriamento de modo a induzir a produção de combustível. (EcoDebate)

Barco movido a energia solar

Empresa planeja que barco movido a energia solar dê volta ao mundo
O catamarã 30 metros de comprimento por 15 metros de largura, além de cerca de 500 metros quadrados de painéis solares.
Navegar à base de energia solar é a principal característica de um barco apresentado na quinta-feira, 25 de fevereiro, em Kiel, na Alemanha. A embarcação da empresa PlanetSolar é a maior do mundo entre as demais que se locomovem por meio de fontes energéticas renováveis.
A estreia no mar será em uma viagem pela Europa, ainda neste ano, mas a maior ambição da empresa é que o barco complete uma volta ao mundo até 2011. As partes móveis do casco expõem cerca de 500 metros quadrados de painéis solares fotovoltaicos, que chegam a gerar 103 kW de energia.
Em abril do próximo ano, o PlanetSolar começa a volta ao mundo, com paradas estrategicamente escolhidas ao longo da linha do Equador (onde a incidência dos raios solares é maior). Serão 40 mil km percorridos em 140 dias, cruzando o Atlântico, o Canal do Panamá, o oceano Pacífico, Índico e o Canal de Suez para chegar ao Mediterrâneo.
Mapa mostra a trajetória que o barco percorrerá em 2011
O catamarã possui 31 metros de comprimento e 15 metros de largura quando ancorado. Já em mar aberto, essas dimensões chegam a 35 metros de comprimento e 23 metros de largura, graças a abertura dos flaps - encarregados da ampliação da área de paineis solares.
Enquanto houver sol
De acordo com os engenheiros responsáveis pelo projeto do barco, a velocidade máxima do PlanetSolar é de 25 km/h (14 nós), mas a dos cruzeiros previstos para a embarcação será de 15 km/h (8 nós). Os motores elétricos consomem 20 kW, o equivalente a 26,8 HP. A ideia de criação do catamarã foi do suíço Raphaël Domjanm, mas a construção foi executada pela empresa alemã Knierim Yacht Club.
Embora a empresa afirme que o barco comporta até 200 pessoas a bordo, as navegações deverão ser feitas por apenas dois tripulantes. Para o projeto de volta ao mundo, no entanto, ele poderá acomodar 50 pessoas durante os meses de viagem. Detalhe: o PlanetSolar navega enquanto houver sol. Sem a presença do "astro-rei", ele consegue percorrer até 1000 km. (ecodesenvolvimento)

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Regras da matriz energética nacional

Regras são fundamentais para a ampliação da matriz energética nacional
Para o jornalista e ambientalista Washington Novaes, “está faltando uma discussão mais aprofundada e clara com a sociedade sobre a situação real da crise na matriz energética”. Antes de pensar em aumentar as fontes de energia, Novaes ressalta que é importante discutir sobre a potência instalada, a oferta disponível e a demanda real.
Na entrevista a seguir, concedida por telefone à IHU On-Line, ele critica a construção de Angra III e chama a atenção para um possível risco na utilização dos biocombustíveis. Ao invés de ser uma solução para o País, eles podem se transformar num problema. A plantação incorreta de cana-de-açúcar, por exemplo, pode acabar com a agricultura familiar, o que contribui para “promover o inchaço das cidades e das periferias urbanas”, explica o ambientalista.
Graduado em Direito, jornalista e ambientalista, Washington Novaes já atuou em várias publicações brasileiras. Ganhou prêmios como O Prêmio de Jornalismo Rei de Espanha, o troféu Golfinho de Ouro e o Prêmio Esso Especial de Meio Ambiente. Atualmente, é colunista dos jornais O Estadão e O Popular, de Goiânia.
Novaes já concedeu outras entrevistas à IHU On-Line. Destacamos a publicada na edição 215, de 15-04-2007, intitulada “Uma coisa é certa: a Terra continuará com o ser humano, ou sem ele”. O material está disponível no endereço do IHU (www.unisinos.br/ihu).
IHU On-Line – A crise da matriz energética brasileira denuncia um padrão de desenvolvimento sem planejamento, que consome muita energia e não protege os mananciais. Para o senhor, quais foram os principais equívocos na construção e implantação da matriz energética brasileira?
Washington Novaes – Está faltando uma discussão mais aprofundada e clara com a sociedade sobre a situação real da crise na matriz energética. É necessário discutir qual é a potência instalada, qual é a oferta de energia e a demanda real. A cada dia, nós ficamos ouvindo que acontecerá um novo apagão, que faltará energia. Enquanto isso, a Universidade de Campinas (Unicamp) divulgou um longo estudo que produziu em participação com o WWF, dizendo que o Brasil pode economizar 30% da energia que consome atualmente com programas de eficiência energética e de redução do consumo. O País pode economizar mais 10% se fizer repetência de usinas que já estão fora do prazo e nas quais bastaria substituir alguns equipamentos. Além disso, pode ganhar mais um pouco se criar um programa para reduzir as perdas da transmissão de energia à longa distância. Nós estamos perdendo 15% da energia na transmissão, enquanto na Europa perdem 5 e 6%. Então, com algumas medidas, poderíamos ganhar 50%. No entanto, o governo só pensa em construir novas mega-hidrelétricas com investimentos gigantescos e até usinas nucleares. Mas a discussão não acontece e passa ao largo dos pronunciamentos do governo e do setor elétrico.
Economia de energia
Que se pode economizar energia, nós já sabemos e vimos com o apagão de 2001. Naquela ocasião, com programas de eficiência energética e de adequação ou substituição de aparelhos, nós conseguimos economizar 30% da energia. Até hoje ninguém mostrou que houve qualquer prejuízo com isso, a não ser a redução da venda das empresas distribuidoras de energia elétrica. Como o consumidor aprendeu a substituir equipamentos, lâmpadas incandescentes por florescentes, o consumo brasileiro ficou 20% abaixo do que era em 2001. Então, esse debate tem que anteceder qualquer discussão sobre a matriz energética brasileira, o que não está acontecendo.
IHU On-Line – O que implica a opção brasileira de construir sua matriz energética baseada, principalmente, nas hidrelétricas? O que isso significará e representará para o País daqui a alguns anos?
Washington Novaes – Há várias questões envolvidas aí. Uma consiste no argumento de que, com a construção dessas obras, o PIB vai crescer. Mas o crescimento do PIB não significa uma grande vantagem para o País. O Lutzenberger costumava dizer que não há nada melhor para o crescimento do PIB do que um terremoto, porque o prejuízo não é contabilizado. Assim, o crescimento do PIB não é em si, abstratamente, um bem. Além disso, o que não for aplicado nessas hidrelétricas pode ser aplicado em outras áreas, já que o Brasil está muito carente. Esses investimentos podem ser direcionados para o transporte, para a educação e saúde. Agora, há também uma pressão muito grande das mega-construtoras e das mega-empreiteiras, para que esse caminho seja adotado, mas o País não é obrigado a segui-lo.
O que essas hidrelétricas representarão no futuro dependerá da demanda real de energia que o Brasil terá daqui 20 ou 30 anos. Daqui a algum tempo, pode haver energia sobrando ou pode haver desperdício: tudo irá depender das medidas tomada pelo governo.
IHU On-Line – Se existem tantos argumentos contrários à implantação de energia nuclear no Brasil, tendo em vista as alternativas naturais existentes, por que o governo insiste na ideia de construir Angra III?
Washington Novaes – A energia nuclear, em primeiro lugar, é mais cara que outros formatos de energia que estão ao nosso alcance. Em segundo lugar, ela é mais insegura e está sujeita a riscos muito sérios. Em terceiro, ela é muito vulnerável a ataques de terroristas. E, em quarto lugar, destaco o problema mais grave de todos: ninguém arranjou até hoje, no mundo inteiro, solução para o problema do lixo nuclear, que é altamente radioativo, perigoso e não tem onde ser colocado. O Brasil mesmo continua mantendo todo seu lixo nuclear das usinas Angra I e II dentro das próprias usinas. Isso é um absurdo, porque o risco radioativo dura por milhares de anos. Então, a alternativa nuclear não tem nenhuma razão de existir no Brasil, já que o País dispõe de outros formatos. Além da hidrelétrica, o Brasil pode trabalhar com a energia solar, eólica, de mares. Desse modo, o País tem uma porção de possibilidades e não precisa de forma nenhuma de energia nuclear. Entretanto, há uma pressão muito grande, porque a opção pela energia nuclear permitiria desenvolver o ciclo completo do urânio e a exploração do mineral. Acredita-se que, como o Brasil tem muito urânio, a exploração traria desenvolvimento. Mas o desenvolvimento e o crescimento econômico não podem ocorrer a qualquer preço.
Argumentos para a construção de Angra III
São apresentados três argumentos para a construção da usina nuclear. Um deles é que o País já aplicou mais de um bilhão de dólares na compra desses equipamentos e já pagou aos produtores alemães; o segundo motivo é que isso permitiria também consumir e desenvolver a utilização do urânio; e há quem diga que há nisso uma pressão militar, pois os militares desejariam ter o domínio completo.
IHU On-Line – Ao rever a matriz energética brasileira, que medidas deverão ser tomadas para alcançar mudanças a longo prazo, garantindo a sustentabilidade energética?
Washington Novaes – Primeiramente, é necessário discutir qual é a demanda real de energia no País. Segundo, saber como ela pode ser suprida. Então, esse caminho que a Unicamp está apontando da eficiência energética, da conservação de energia é verdade. Se é verdade, nós temos que fazer isso imediatamente, ao invés de gastar dinheiro ampliando uma oferta de energia que não seria necessária. Em terceiro lugar, é preciso examinar todas as possibilidades da matriz energética e apresentá-las com muita clareza para a sociedade, para que ela consiga influir nessas decisões.
IHU On-Line – Especialistas dizem que a produção de biocombustíveis poderá gerar uma monocultura, encarecendo, consequentemente, os alimentos agrícolas. Quais são as implicações dos biocombustíveis para a agricultura familiar?
Washington Novaes – Os biocombustíveis podem ser uma das boas alternativas para o Brasil, mas isso está ameaçando se transformar num problema, ao invés de ser uma solução, pois está sendo feito sem nenhuma regra. O avanço da cana-de-açúcar para produzir o etanol, por exemplo, está sendo feito sem nenhum cuidado e se concentrando no Centro-Oeste, principalmente. Assim, corre-se o risco de repetir algumas coisas que já aconteceram em São Paulo, onde, por exemplo, a agricultura familiar e de alimentos foi expulsa para mais longe, e a cana-de-açúcar  tomou conta de tudo. Isso significou, em primeiro plano, o encarecimento do custo dos alimentos. Em segundo plano, trouxe uma grande perda para a agricultura familiar e um deslocamento de uma grande parte das pessoas que trabalhavam na agricultura, o que ocasionou esse êxodo rural que ajudou a promover o inchaço das cidades e das periferias urbanas. Além disso, é preciso ter regras para as questões dos nutrientes, pois eles são um problema muito sério na cana-de-açúcar, porque eles vão para os rios e promovem eutroficação no mar e contribuem para a chuva ácida. Também existe a questão do trabalho nesses imensos canaviais, que é um trabalho semidegradante, em péssimas condições de remuneração. Tudo isso precisaria ser cuidado, além de evitar o conflito com outras culturas como está acontecendo em Goiás, os conflitos com a soja. Então, os biocombustíveis podem ser uma das alternativas das energias renováveis e menos poluentes, mas precisam ter regras, definições.
IHU On-Line – Com a escassez de recursos naturais no mundo, o Brasil se torna bastante visado pelo capitalismo mundial. Assim, muitos países buscarão financiar a produção de álcool e óleo diesel no Brasil. Como se dará essa relação de interesses nos próximos anos? O Brasil acabará vendendo sua matéria-prima, tendo que comprar produtos (combustíveis) de outros países?
Washington Novaes – A relação de interesses se dará na forma que nós formos competentes para fazer. Se formos competentes, estabeleceremos regras que não sejam prejudiciais para o País, caso contrário, isso poderá trazer muitos prejuízos. É preciso estabelecer regras também para a ocupação de terras. É fundamental que fique definido quais as áreas que precisam ser preservadas e as que podem ser ocupadas com plantação. Agora, tudo isso vai depender de como o Brasil irá estabelecer essas regras. No momento, o País não está estabelecendo regra nenhuma.
Se continuarmos nesse caminho, o Brasil pode seguir no que ele vem fazendo há 500 anos, que é exportar produtos primários a baixo custo, sem nenhuma remuneração pelos custos sociais e ambientais dessa produção, o que já acontece. E, enquanto isso, paga fortunas pelos produtos importados, porque é no exterior que os preços são determinados, tanto no que vendemos e compramos, seguindo-se regras que favorecem os países do Primeiro Mundo.
IHU On-Line – O senhor acha que o capitalismo internacional reserva para a América Latina o papel de se tornar um campo de plantio da agricultura para a geração de energia? Se não ocorrerem mudanças drásticas, o Brasil poderá ficar estagnado tanto no desenvolvimento industrial quanto na agricultura?
Washington Novaes – Não sei se é esse o projeto do capitalismo internacional, mas se for nós temos que ter competência para estabelecer as regras e cuidar dos nossos interesses. O País até pode ter índices de crescimento econômico, mas isso não significa que ele vá resolver os seus problemas. Nós estamos tendo o crescimento econômico e, ao mesmo tempo, resolvendo muito pouco os problemas de pobreza, de violência, de concentração urbana. E nós deveríamos pensar num novo modelo que colocasse no centro da nossa estratégia a questão dos serviços e dos recursos naturais. Esses são os fatores escassos no mundo, e assim, nós deveríamos trabalhar para valorizar tais elementos.
IHU On-Line – Que estratégias o senhor aponta para avançarmos na discussão em torno das políticas que comandam a área de recursos e serviços naturais?
Washington Novaes – Seria preciso que o Governo Federal tivesse uma política voltada para isso, que promovesse debates, que levasse essa questão para todas as áreas do governo e que cada área fosse obrigada a seguir as mesmas regras. Hoje, nós temos o Ministério do Meio Ambiente falando em transversalidade da questão ambiental, mas isso é apenas um discurso do Ministério. Onde essa transversalidade chega na agricultura brasileira? Onde ela chega nos transportes e em outras áreas? É preciso passar do discurso à prática, fazendo disso uma estratégia governamental. (Ecodebate)