quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Etanol chega ao transporte público

Em São Paulo, ônibus rodará com etanol
Scania e Cosan assinam acordo com a Viação Metropolitana e com a prefeitura 
Projeto envolve acordo entre Scania, Cosan, a Viação Metropolitana e a prefeitura de SP.
O etanol finalmente chegou ao transporte coletivo. Em 25/11/2010 foi assinado um acordo entre a Prefeitura de São Paulo, a Cosan, a Scania e a Viação Metropolitana, que a partir de maio do ano que vem começa a receber os primeiros ônibus, de um total de 50, movidos a álcool.
O plano, segundo Niége Chaves, presidente da Viação Metropolitana, é que a renovação da frota a partir de 2011 seja toda feita com veículos abastecidos por etanol. A aquisição, que custou cerca de R$ 21 milhões, corresponde a 17% dos ônibus da companhia, que tem 300 veículos rodando em São Paulo. A Viação Metropolitana também atua no Recife e já começou a negociar com a prefeitura da cidade para replicar o projeto paulistano na capital pernambucana.
Para a Cosan, o contrato de fornecimento do etanol aditivado representa a entrada em um segmento promissor. Só na cidade de São Paulo circulam 15 mil ônibus movidos a diesel.
O plano da prefeitura é que até 2018 a capital paulista tenha a matriz 100% limpa no transporte público - seja por meio de veículos movidos a biodiesel, energia elétrica ou etanol. A meta é reduzir o uso de diesel em 10% ao ano.
O contrato para a venda de 300 mil litros mensais de etanol a Viação Metropolitana é pequeno na produção total da Cosan. Na safra 2010/2011, 1,8 bilhões de litros de etanol serão produzidos pela empresa.
A Cosan cuidará da retirada do etanol nas usinas, a manipulação de um aditivo fornecido pela empresa sueca Sekab e o fornecimento da mistura às companhias de ônibus que se interessarem pelo projeto.
No acordo, a Cosan se comprometeu em armazenar o etanol no terminal de combustíveis de Paulínia (SP), além de fazer o transporte até a Viação Metropolitana. A sede da viação também receberá um módulo de armazenagem do combustível.
Capital Estrangeiro
Se a adesão ao etanol pelas empresas de transporte público deslanchar, já se fala até da possibilidade de a Sekab montar uma subsidiária no País. A empresa é detentora do aditivo que permite usar o etanol em substituição ao diesel, cada litro de etanol precisa de 5% do produto para se tornar viável. Segundo Mark Lyra, diretor de Novos Negócios da Cosan, proporcionalmente o aditivo custa mais caro que o litro do etanol.
Como foi assinado um acordo de confidencialidade, Lyra não detalhou qual será o valor final do litro da mistura que substitui o diesel.
Para Rubens Ometto, presidente da Cosan, o projeto é tão relevante para o meio ambiente que deveria ser levado ao governo paulista e à presidência da República para que seja replicado em todo o País. “Prefeitos, podem contar conosco para transformar essa ideia em realidade”, disse no evento. Presidente da Scania para a América Latina, Sven Antonsson é outro otimista. “É um projeto que tem tudo para dar certo”, disse.
Saúde
Segundo pesquisa de Paulo Saldiva, titular da Faculdade de Medicina da USP, citada no evento de 25/11/10, a substituição do diesel pelo etanol pode evitar 4 mil internações hospitalares, o que representaria uma economia anual de US$ 150 milhões ao Sistema Único de Saúde (SUS).
Teste da nova tecnologia levou dois anos
Desde 2007, dois ônibus movidos a etanol estão em teste na cidade de São Paulo, usados pela Viação Gato Preto.
Apesar de ser um projeto relativamente novo no País, a Scania já detém a tecnologia há pelo menos duas décadas.
Há 700 ônibus movidos a etanol circulando em Estocolmo e fabricados pela montadora sueca. Como resultado, 40 mil toneladas de dióxido de carbono deixaram de ser emitidas por ano.
“Os benefícios do etanol são superiores a qualquer outra fonte de combustível renovável disponível hoje”, diz Sven Antonsson, presidente da Scania para a América Latina.
Segundo Marcos Jank, presidente da União da Agroindústria Canavieira do Estado de São Paulo (Única), o uso do etanol nos ônibus “representa uma quebra de paradigma no transporte urbano do Brasil”.
A Prefeitura de São Paulo vai usar parte do dinheiro das multas por quem não fez inspeção veicular em seus carros para programas como o etanol nos ônibus.

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