Ambientalistas questionam o aumento da mistura de etanol na gasolina da Alemanha
Berlim planeja dobrar para 10% a taxa de etanol a partir de 2011. Ambientalistas criticam: uso de terras na produção de biocombustíveis resulta em muito mais CO2 do que o economizado no tráfego de veículos.
A partir de janeiro de 2011 será comercializada na Alemanha gasolina com até 10% de bioetanol, no interesse do clima global. O novo tipo de combustível se chamará E10, sendo oferecido paralelamente aos já existentes.
Ao divulgar a decisão em Berlim nesta quarta-feira (27/10), o ministro do Meio Ambiente, Norbert Röttgen, declarou: “Com o aumento do biocombustível de origem vegetal queremos reduzir a emissão de CO2 pelos automóveis e assim também preservar as reservas de petróleo, cada vez mais escassas”.
Atualmente, a taxa máxima permitida de etanol na gasolina é de 5%, e o combustível E5 ainda será fornecido na Alemanha até 2013. A introdução do E10 no mercado responde a uma decisão da União Europeia, precisando ainda ser submetida à votação pelo Bundesrat (câmara alta do Parlamento alemão), prevista para meados de dezembro. Porém a aprovação já é dada como certa.
Dúvidas ambientalistas
A confederação ambientalista Nabu (Naturschutzbund Deutschland) expressou reservas quanto à medida. “O balanço ecológico e climático do etanol extraído de plantas ricas em açúcar ou amido é altamente controverso”, declarou a organização. As principais fontes do etanol são o milho e a cana-de-açúcar.
“A transformação de florestas, pastos ou terrenos baldios em terras aráveis pode resultar na liberação de muito mais dióxido de carbono do que será mais tarde economizado com os biocombustíveis. Por isso, o E10 é o combustível errado na hora errada.”
A Comissão Europeia discute intensamente as consequências negativas do remanejamento de terras para a política de proteção ao clima. Existem grandes dúvidas sobre a capacidade do etanol e do biodiesel de reduzir as emissões de CO2 no tráfego, acrescentou o Nabu.
90% de compatibilidade
A meta de Berlim é que, até 2020, 10% de toda a energia consumida no tráfego provenha de plantas. Durante uma época, os biocombustíveis foram aclamados como elemento essencial para a proteção do clima global.
Em 2008, o então ministro alemão do Meio Ambiente Sigmar Gabriel se empenhou para que fosse adicionada uma maior percentagem de biocombustível à gasolina no país. Mas ele teve que suspender seus planos diante dos temores de que os veículos venham a sofrer danos com a alteração da gasolina.
Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente, 90% dos automóveis movidos a gasolina atualmente em circulação aceitam sem qualquer problema a mistura de 10% de bioetanol. Ainda assim, o ministério recomenda que se confira com a montadora antes do primeiro abastecimento.
Na segunda semana de outubro, o governo norte-americano autorizou a elevação da proporção de bioetanol de 10% para 15%, assegurando que os veículos construídos a partir de 2007 estariam aptos à mudança. No entanto, diversos postos de abastecimento ainda se mostram reticentes quanto à medida. (EcoDebate)
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