Instituições estrangeiras já investem milhões em pesquisas
Carel Callenbach, diretor da empresa holandesa Ingrepro, está convicto de que já é possível utilizar microalgas para tratar águas com resíduos. "O problema deixou de ser tecnológico. Agora é de investimento no processo produtivo", afirma.
Ele considera inviável utilizar os microrganismos para produzir apenas biocombustíveis, um produto com valor agregado baixo. Mas considera muito conveniente usar as microalgas para tratar águas com resíduos ou fixar gases-estufa produzidos por fábricas. "Com isso, transformamos o carbono e os nutrientes presentes em dejetos em produtos capazes de oferecer lucros", afirma o empresário que roda o mundo para popularizar o conceito de urban farming.
Para Callenbach, já seria possível instalar fotobiorreatores no topo de prédios onde as algas, alimentadas com a água e os resíduos descartados pelas casas, produziriam biomassa que, depois, seria vendida para biorrefinarias.
Quando questionado sobre a viabilidade de se instalar tais estruturas em cidades já estabelecidas, ele responde que é, antes de mais nada, um projeto para as novas áreas urbanas.
Na Holanda, pelo menos três empresas utilizam as soluções propostas pela Ingrepro para tratar resíduos de processos industriais: uma fábrica de batatas fritas, uma granja que produz ovos e uma fábrica de tintas.
Há alguns meses, um helicóptero Apache da Força Aérea holandesa voou com querosene feito de microalgas cultivadas por Ingrepro.
Reprogramação. Nos últimos anos, o polêmico cientista Craig Venter deixou a aventura do sequenciamento do genoma humano, que lhe valeu renome internacional, para concentrar seus esforços na procura de microrganismos que poderiam atuar como pequenas fábricas de combustível. "Algas são o principal sistema biológico capaz de utilizar a energia solar para converter dióxido de carbono em combustível", afirma Venter.
Em julho de 2009, a empresa petroquímica Exxon decidiu investir cerca de R$ 1 bilhão na pesquisa de biocombustíveis produzidos com microalgas. Metade do dinheiro foi para a Synthetic Genomics, empresa de biotecnologia fundada por Venter. Ele deseja reprogramar microalgas para produzirem combustíveis de forma mais eficiente, além de outros produtos de alto valor agregado.
Bill Gates também resolveu entrar no negócio das microalgas e investiu cerca de R$ 86 milhões em uma empresa californiana chamada Sapphire Energy, ao lado de outros três investidores.
Hidrogênio. Há cerca de um mês, a Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) realizou um simpósio sobre biologia sintética. Um dos conferencistas foi Ben Hankamer, da Universidade de Queensland, na Austrália.
Hankamer fundou a Solar Biofuels Consortium, entidade destinada a mostrar a viabilidade econômica dos biocombustíveis de algas.
O pesquisador patenteou um processo inovador para produzir hidrogênio com microalgas. "As microalgas seriam uma solução interessante para a crescente demanda de combustíveis, uma vez que não disputariam espaço por terras agricultáveis, além de contribuir para a captura de dióxido de carbono. Outra vantagem dessa matéria-prima é que ela representa uma alternativa aos combustíveis fósseis cujas reservas mundiais são limitadas", afirma.
# Coquetel – O biocombustível feito de microalgas poderá ser misturado com biocombustíveis de outras fontes. Além disso, cada microrganismo produz óleos com características particulares. (OESP)
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