Chuvas garantem energia e poupam uso de térmicas
Volume de água sobe 15,5 pontos porcentuais nas usinas do Sudeste e do Centro-Oeste.
As fortes chuvas que vêm provocando transtornos em todo o País estão contribuindo para recuperar os reservatórios das hidrelétricas, que terminaram 2010 no pior nível para um fim de ano desde 2003. Só em janeiro, com chuvas acima da média, o nível dos reservatórios das regiões Sudeste e Centro-Oeste subiu 15,5 pontos porcentuais, para 60,2%. O volume de chuvas provoca redução no preço da energia no mercado atacadista.
Chuvas enchem reservatório de usinas como Itaipu
Segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), os reservatórios do Sudeste e Centro-Oeste, considerados a caixa d’água do País, chegaram em 31/12/10 com 44,7% de sua capacidade. Ao fim de 2009, esse número era de 72,5%. A recuperação neste mês foi provocada por um ritmo de chuvas equivalente a 136% da média histórica para a região, informa o Boletim Preliminar Diário de Operação do ONS referente à 20/01/11.
A melhoria no nível dos reservatórios se traduz em menor necessidade de uso de térmicas durante o ano e em redução nos preços da energia no mercado atacadista, que são calculados com base em uma fórmula que considera a previsão de chuvas para a semana seguinte.
Dados divulgados pela Câmara Comercializadora de Energia Elétrica (CCEE) indicavam que os preços da energia no Sudeste/Centro-Oeste (considerados pelo ONS como um único subsistema) para a semana que vem estarão entre R$ 21,56 e R$ 22,64 por megawatt-hora, queda de 13% com relação à semana anterior.
"A redução dos preços da quarta semana de janeiro de 2011 ocorreu devido à previsão de afluências no submercado Sudeste estar mais otimista", informou a CCEE, em nota oficial distribuída ontem. Os preços vinham sendo negociados em baixa, mas sofreram um repique na semana passada por conta de piores previsões de chuvas.
Reservas. "Acredito que chegaremos a abril (início do período seco) com os reservatórios bastante cheios", comentou o professor Nivalde de Castro, do Grupo de Estudos do Setor Elétrico do Instituto de Economia da UFRJ. Ele lembra que o modelo de segurança do setor não permite mais que as térmicas passem o ano desligadas - elas são ligadas para manter os reservatórios em níveis seguros para o ano seguinte - mas não deverá haver geração térmica extraordinária este ano.
Além da ocorrência de chuvas, os reservatórios do Sudeste vêm sendo beneficiados pela transferência de energia do Sul e do Norte, comum essa época do ano, segundo o boletim de operações do ONS. O Sul está mandando 1,9 mil megawatts (MW) médios e o Norte, 1,2 mil MW médio.
Parte dessa energia está sendo deslocada para o Nordeste, que também recebe suprimento do Norte, onde a situação é mais crítica. De acordo com o ONS, os reservatórios do Nordeste estão com 55,2% de sua capacidade de armazenamento de energia e as chuvas na região estão abaixo da média histórica. Usinas térmicas também estão sendo acionadas na região, cujos reservatórios cresceram 10 pontos porcentuais desde o início do ano.
Ao todo, informa o ONS, a geração térmica no Nordeste atingiu 800 MW em 20/01/11. Segundo a CCEE, a transferência de energia do Sudeste para o Nordeste em carga leve já chegou ao seu limite, o que gera preços maiores na região. Para a semana que vem, os preços do mercado atacadista no Nordeste serão de R$ 22,39 para carga leve e R$ 22,64 para carga pesada - nesse caso, o mesmo valor das outras regiões.
Embora tenham entrado o ano em baixa, os reservatórios das regiões Sudeste/Centro -Oeste e Nordeste estão bem acima da Curva de Aversão ao Risco (CAR), limite mínimo para garantir a segurança do abastecimento. No Sudeste, a CAR em 20/01/11 em 11,3%. (OESP)
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