terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Multinacionais investem em biodiesel

Multinacionais investem em usinas de biodiesel no Brasil
Gigantes estão fazendo investimentos em várias regiões brasileiras, de olho na facilidade de obtenção da soja.
As grandes tradings multinacionais de commodities estão descobrindo o mercado brasileiro de biodiesel. Em menos de duas semanas, gigantes como Cargill, ADM e Noble anunciaram investimentos na construção de usinas de biodiesel em várias regiões brasileiras. Também nas últimas semanas, a Brasil Ecodiesel anunciou que está unindo seus negócios com a Maeda Agroindustrial.
O ponto em comum entre todas essas operações é a facilidade de obtenção da soja. "Estas empresas não precisam buscar a soja fora de casa e não estão sujeitas às variações do mercado", explica o presidente da União Brasileira do Biodiesel (Ubrabio), Odacir Klein. Hoje, o óleo de soja representa perto de 80% da matéria-prima utilizada na produção de biodiesel.
A verticalização dessas empresas também indica uma preocupação em relação ao escoamento do óleo de soja resultante do esmagamento da soja em grão. "Já é fato que o mercado de carnes, tanto bovina quanto suína, está crescendo de forma cada vez mais intensiva e a utilização do farelo de soja como ração animal tende a crescer", informa Amaryllis Romano, economista da Tendências Consultoria.
Segundo ela, quanto mais farelo for produzido, mais óleo de soja ficará disponível. "A demanda doméstica por óleo é limitada e a entrada dessas tradings no mercado de biodiesel revela que elas estão montando uma estratégia para escoar este óleo de soja que, de outra forma, poderia ficar represado", diz. As exportações de derivados de soja do Brasil são limitadas pela Lei Kandir, que penaliza com impostos as vendas externas de óleo e farelo e beneficia a exportação do grão.
Investimentos
A Cargill anunciou a construção de usina para produção de biodiesel no Mato Grosso do Sul, com investimentos de R$ 130 milhões. A unidade entrará em operação em 2012 e funcionará em anexo à fábrica de esmagamento de soja da empresa, devendo produzir 200 mil toneladas de biodiesel por ano.
O Noble Group vai investir US$ 200 milhões em sua primeira indústria de esmagamento de soja e produção de biodiesel no País. A fábrica será em Mato Grosso e deverá ter produção anual de 200 mil toneladas. Com início das operações também esperado para 2012, a ADM vai construir sua segunda usina de biodiesel no País em Santa Catarina, com produção estimada de 164 mil toneladas. O valor do investimento não foi revelado.
A Brasil Ecodiesel, que até meados deste ano estava comprando de fornecedores todo o óleo de soja usado em sua produção, vai contar, agora, com a matéria-prima da Maeda Agroindustrial, grande produtor de soja e algodão, duas matérias-primas importantes para o biodiesel.
Para Klein, os investimentos em novas usinas indicam também que essas empresas acreditam que o atual represamento do mercado interno vai acabar. Atualmente, é obrigatória por lei a adição de 5% de biodiesel no diesel mineral, o B5, embora a capacidade instalada hoje no País seja suficiente para adição de 10%. "Essas multinacionais esperam um aumento da mistura no mercado interno brasileiro."
O Programa Nacional de Uso e Produção de Biodiesel do governo brasileiro previa inicialmente o B5 apenas em 2013. A adição de 5% foi adiantada em função da grande capacidade instalada do Brasil, hoje em torno de 5,1 bilhões de litros, mas demanda efetiva de apenas 2,4 bilhões de litros. "O setor precisa de um novo marco regulatório e esses investimentos externos indicam que a expectativa internacional é de que haverá um novo marco com aumento da mistura", explica Klein.
Legislação
Atualmente, é obrigatória por lei a adição de 5% de biodiesel no diesel mineral, o B5, embora a capacidade instalada hoje no País seja suficiente para adição de 10%. (OESP)

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