Os produtores de cana-de-açúcar do Nordeste e, em especial da região Meio-Norte do Brasil, têm agora a perspectiva de maior produtividade a partir de um planejamento melhor de irrigação e da fertirrigação da cultura. Um estudo da Embrapa Meio-Norte, coordenado e já concluído, pelo pesquisador Aderson Andrade Júnior, revelou, em três safras, aumentos de produtividades superiores a 100%.
O trabalho definiu a lâmina de irrigação e os níveis de nitrogênio e potássio a serem aplicados através da fertirrigação. Usando uma lâmina de irrigação de 300 milímetros, no primeiro ano de execução do projeto, em 2007, os pesquisadores obtiveram o primeiro resultado expressivo da pesquisa.
A produtividade de colmos foi de 138 toneladas por hectare, superando em quase 100% a média histórica de 75 toneladas por hectare alcançada pela Usina Comvap, no município de União, a 56 quilômetros ao norte de Teresina, onde a pesquisa foi conduzida.
“Foi a luz para seguirmos confiantes no estudo”, revelou Aderson Júnior. Na segunda safra, a produtividade foi ainda mais espetacular. Da média de 75 toneladas por hectare, a produtividade pulou para 170 toneladas por hectare. Neste experimento, foi aplicada uma lâmina de água de 490 milímetros.
Na primeira safra, segundo o pesquisador, o nível de aplicação de nitrogênio foi de 60 quilos por hectare e de 40 quilos de potássio por hectare. Na segunda, foram aplicados 120 quilos de nitrogênio por hectare e 100 quilos de potássio por hectare. A produtividade de colmos na terceira safra atingiu 158 toneladas por hectare. Foram aplicados uma lâmina de água de 512 milímetros, associada a 115 quilos de nitrogênio e 130 quilos de potássio por hectare.
Além da irrigação e da fertirrigação, o trabalho, pioneiro no Nordeste, revela também um dado importante à comunidade científica. Na fase de maior exigência, a necessidade hídrica da cana-de-açúcar, nas condições de solo e clima da microrregião de Teresina, obtida na pesquisa, foi superior a estabelecida pelo boletim da FAO – Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, que é de 1,25 (coeficiente de cultivo).
O estudo constatou que a necessidade hídrica da cana-de-açúcar no Nordeste foi de 1,5, o que sustenta a importância de estudos locais para definir a exigência hídrica da cultura. Serão feitos estudos complementares a partir de 2011 quando se irá avaliar, através de um projeto em rede, a viabilidade econômica dos custos com irrigação e fertirrigação (energia elétrica e fertilizantes ). Os impactos ambientais da produção da cana-de-açúcar com irrigação, como a emissão de gases de efeito estufa à atmosfera, provocada por esse sistema, também serão avaliados.
O projeto, financiado pelo Tesouro Nacional ( Embrapa e CNPq ), consumiu R$ 60.898,51 nos três anos de pesquisa, e teve a parceria da Usina Comvap – Açúcar e Álcool Ltda, e da Universidade Federal do Piauí. Uma equipe de 14 pesquisadores, entre funcionários da Embrapa e bolsistas, participou do estudo.
Com o avanço da necessidade por combustíveis limpos, a produção de cana-de-açúcar no Brasil vem disparando a cada ano. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção de cana moída pela indústria sucroalcooleira no ano passado foi superior a 600 milhões de toneladas. A área plantada foi superior a sete mil hectares, com destaque para os estados de São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Goiás, Alagoas, Pernambuco e Paraíba.
O Brasil continua sendo o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo. Os números da Conab apontam para uma direção praticamente consagrada no consumo de biocombustível a partir da cana-de-açúcar. Segundo a companhia, cerca de 54%
esmagada no País, 336 milhões de toneladas, vão para a produção de álcool dos tipos etanol, a maioria, e anidro. O restante da cana moída é destinada à produção de açúcar. (ambienteenergia)
esmagada no País, 336 milhões de toneladas, vão para a produção de álcool dos tipos etanol, a maioria, e anidro. O restante da cana moída é destinada à produção de açúcar. (ambienteenergia)
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