domingo, 30 de março de 2014

Voo verde

Estudo incentiva a produção de bioquerosene para a aviação civil.
A conta já está feita. A aviação comercial deverá reduzir em 50% as emissões de dióxido de carbono (CO2) até 2050 em relação ao que foi emitido pelos motores de aviões em 2005.
Para isso, um grande esforço de pesquisa e desenvolvimento está sendo feito em vários países por instituições e empresas no sentido de alcançar um querosene não mais produzido de petróleo, mas de origem renovável, que lance menos gases nocivos na atmosfera.
O bioquerosene, como está sendo chamado, tem grandes chances de levar o Brasil a novamente se tornar um centro de referência mundial importante para o desenvolvimento e produção de um biocombustível como foi com o álcool e o biodiesel. Essa tendência está destacada no estudo “Plano de voo para biocombustíveis de aviação no Brasil: plano de ação” apresentado no início de junho, em São Paulo, e patrocinado por duas das três maiores fabricantes de aviões do mundo, a Boeing e a Embraer, com financiamento da FAPESP e coordenação do Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético (NIPE) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Também participaram do estudo, desenvolvido ao longo de um ano com a realização de 8 workshops, 33 parceiros, entre empresas nacionais e internacionais, universidades e institutos de pesquisa.
O estudo apresenta várias rotas tecnológicas que podem partir de matérias-primas - como a tradicional cana-de-açúcar até algas, gordura animal, óleos vegetais, material lignocelulósico, amidos e lixo urbano – e utilizar variadas tecnologias de conversão e refino até a obtenção do bioquerosene. Nessas etapas, indica o estudo, ainda existem muitas lacunas importantes no âmbito tecnológico e de custos a serem preenchidas. São dificuldades técnicas que vão exigir a participação de todos os envolvidos, de fabricantes de aviões a empresas de aviação, desenvolvedores e fornecedores de combustível, além das entidades certificadoras mundiais. Outro fator a ser levado em consideração é o da logística de produção e distribuição do biocombustível para 108 aeroportos nacionais onde pousam as grandes aeronaves, o que representa 1 milhão de voos programados apenas no espaço aéreo brasileiro, além da necessidade de servir aos 62 mil voos internacionais que partem por ano do Brasil, com destino a 58 aeroportos de 35 países. Esses voos para o exterior representam 60% do consumo de querosene para aviação no país.

Frota da Embraer: empresa se une à Boeing para pesquisar alternativas para o querosene de petróleo.
O bioquerosene para ser qualificado precisa de critérios específicos e rigorosos. É preciso que ele satisfaça as mesmas especificações técnicas do combustível atual para ser considerado drop-in, característica que garante o pronto abastecimento nos motores atuais e naqueles ainda em desenvolvimento, além de poder ser misturado com querosene de aviação convencional. “É consenso que nas próximas décadas não vai haver uma grande mudança tecnológica nos combustíveis para a aviação comercial, como a incorporação de energia solar, células a combustível que funcionam com hidrogênio ou baterias de lítio, por exemplo. Esses equipamentos ocupam muito espaço e são pesados, o que exige maior gasto de combustíveis”, explica o professor Luís Augusto Cortez, vice-reitor de relações internacionais da Unicamp e coordenador do estudo. “Não há como diminuir as emissões apenas com a melhora da eficiência dos motores e por isso estamos incentivando a pesquisa para novos biocombustíveis”, diz Mauro Kern, vice-presidente executivo de engenharia e tecnologia da Embraer. A empresa anunciou em junho a nova linha dos seus jatos, a E2, que começa a voar a partir de 2018 com menos gastos de combustível e diminuição das emissões.
Entre as tecnologias mais avançadas em desenvolvimento no Brasil e que foram citadas durante o anúncio do estudo estão os bioquerosenes da Amyris e o da Solazyme, duas empresas de bioenergia, ambas com origem no estado da Califórnia nos Estados Unidos. As duas fazem parte do grupo de parceiros no estudo coordenado pela FAPESP. A primeira, fundada por pesquisadores da Universidade da Califórnia, em Berkeley, está no Brasil desde 2007. A empresa já produz desde dezembro de 2012, no município de Brotas, no interior paulista, o farneseno, um produto líquido feito a partir do caldo de cana com o uso de linhagens de leveduras Saccharomyces cerevisiae modificadas geneticamente.
Esses microrganismos transformados atuam no processo de fermentação e levam a produção do farneseno, e não do etanol. A partir desse produto é possível, por processos de refino específicos, fabricar tanto o bioquerosene como produtos para a indústria química ou, ainda, o diesel que foi o primeiro alvo da empresa no Brasil (ver Pesquisa FAPESP n° 153), utilizado experimentalmente em algumas frotas de ônibus nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro.
“Com um processo mínimo de hidrogenação, o farneseno se transforma em farnesano, que nada mais é do que o bioquerosene”, diz Joel Velasco, vice-presidente sênior da Amyris. “As nossas patentes e tecnologia estão principalmente nas linhagens da levedura desenvolvidas pela Amyris, porém o farnesano não é um produto transgênico”, diz Velasco. “Até agora o farneseno foi produzido em escala relativamente pequena, resultando obviamente em custos maiores que o querosene tradicional. Porém esses custos já estão reduzindo na medida em que aumentamos a escala”, diz Velasco. Fundada em 2003, a Amyris recebeu investimento, na forma de compra de parte das ações, da Total, a quinta maior companhia de petróleo e gás do mundo, com sede na França e atualmente a maior distribuidora de querosene de aviação na Europa. “Quando estivermos operando em escala industrial, esperamos ser a alternativa mais competitiva dentre os querosenes de aviação renováveis”, diz Velasco.
1 Motores do Boeing 747: bioquerosene para voos internacionais
2 Design do E2: novo jato da Embraer vai ter motores mais econômicos
Para ser um fornecedor de bioquerosene, as empresas que desenvolvem esse biocombustível precisam receber a aprovação da Sociedade Americana para Testes e Materiais (ASTM, na sigla em inglês). Como parte desse processo, foram realizados voos-teste com no máximo 50% de biocombustível misturado a igual porção de combustível tradicional. Foi o que aconteceu quando a Amyris, junto com a Total, supriu com bioquerosene um Airbus 321 durante o Paris Air Show. “O combustível usado foi produzido com cana-de-açúcar do Brasil”, diz Velasco. Antes, em junho de 2012, a empresa já havia fornecido bioquerosene para um voo no Rio de Janeiro durante a Conferência Rio+20. Nesse caso, a aeronave foi um jato E195 da Azul Linhas Aéreas, fabricado pela Embraer. Em junho deste ano, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) publicou a especificação brasileira para bioquerosene de aviação, alinhada com os procedimentos internacionais, possibilitando que voos comerciais possam usar o biocombustível no país.
Mais de 1.500 voos comerciais e militares já foram realizados com misturas de querosenes renovável e fóssil. A Solazyme também se vale de testes em aeronaves tanto para obter os certificados como para verificação e análise dos fabricantes de aviões. O primeiro voo comercial com o bioquerosene produzido pela empresa aconteceu em 2011, num Boeing 737-800 da United Airlines, entre as cidades de Houston e Chicago, numa distância de 1,7 mil quilômetros. Segundo dados da Solazyme, o voo deixou de emitir de 10 a 12 toneladas de CO2 na atmosfera. Essa quantidade é equivalente ao percurso de 48 mil quilômetros de um automóvel de passageiro médio utilizando gasolina nos Estados Unidos. A empresa, fundada em 2003 e no Brasil desde 2011, produz bioquerosene a partir de microalgas alimentadas com açúcares. Depois da “engorda” em fermentadores, elas geram óleo em seu interior. Por esmagamento, é feita a extração do óleo, o qual, após um processo de refino semelhante ao utilizado pela indústria petroquímica, é fracionado em vários tipos de biocombustíveis e produtos para a indústria química. “Fazemos um craqueamento no óleo produzido pela alga.
Depois vem a fase de hidrogenação e isomerização resultando, entre outros produtos, num bioquerosene que atende às especificações da aviação”, diz Rogério Manso, diretor comercial global da Solazyme. “Para desenvolver nosso processo, selecionamos na natureza indivíduos entre as microalgas que são mais adaptados a produzir óleo. Depois, por meios tradicionais de seleção, induzimos a mutações, e por fim existe um trabalho de engenharia genética para a seleção final das nossas cepas de microalgas”, diz Manso.
1 Usina da Amyris, em Brotas (SP)
2 Cultivo de microalgas da Solazyme
A Solazyme, no Brasil, firmou uma parceria com a empresa Bunge, produtora de óleos vegetais para o mercado de nutrição e biodiesel, que possui usinas de cana- de-açúcar. Assim, a Solazyme Bunge Produtos Renováveis está construindo uma unidade de produção ao lado de uma usina, no município de Orindiúva, no interior paulista. O óleo primordial é produzido a partir de um processo de fermentação do açúcar existente no caldo de cana por meio das microalgas, cuja espécie a empresa não divulga o nome. “Pelo nosso processo o caldo de cana é transformado em um óleo de alto valor agregado”, diz Walfredo Linhares, diretor da Solazyme no Brasil. Ele informa que a empresa já tem parcerias com a Volkswagen e contrato de fornecimento para a Marinha norte-americana que não quer depender mais exclusivamente dos derivados de petróleo. A produção no Brasil deve começar no final de 2013 e a Solazyme Bunge conta com um investimento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de R$ 246 milhões. A fabricação do bioquerosene no Brasil ainda depende de acertos com alguma outra empresa especializada em refino ou mesmo com a construção de uma unidade própria. Tanto a Solazyme quanto a Amyris podem adaptar as tecnologias próprias para outros tipos de açúcar como a beterraba na Europa, o amido do milho, nos Estados Unidos, e também o bagaço de cana-de-açúcar.
Outra tecnologia de fabricação de bioquerosene renovável, dessa vez desenvolvida na Faculdade de Engenharia Química (FEQ) da Unicamp, sob a coordenação do professor Rubens Maciel Filho, está na escala de laboratório e pronta para passar para uma linha de produção-piloto (ver Pesquisa FAPESP n° 164). “Atingimos o máximo de produção que pode ser feita dentro de um ambiente de laboratório, agora estamos trabalhando para captar recursos, ampliar a produção e fazer uma avaliação econômica do nosso bioquerosene e em paralelo um estudo de sustentabilidade”, diz Maciel, que também é um dos coordenadores do Programa de Pesquisa em Bioenergia (Bioen) da FAPESP. “Um acordo comercial está sendo negociado”, diz ele sem revelar o nome da empresa.
Nesse processo, vários óleos e gorduras podem ser usados conforme a disponibilidade local, o que contribui com a logística de matéria--prima com importante impacto nos custos de produção. “O biocombustível é produzido com óleos vegetais, etanol e um catalisador específico que promove a reação sem a necessidade de microrganismos geneticamente modificados”, diz.
Os exemplos de processos em desenvolvimento no país para produção de bioquerosene renovável mostram que o Brasil busca se firmar na linha de frente no mundo dos biocombustíveis.
“O país tem vantagens relevantes e uma situação diferente à do etanol e do biodiesel, cuja aceitação por parte das empresas resultou do incentivo dos programas de governo. Agora é diferente. Existe uma demanda global por parte das companhias de aviação para um combustível que emita menos CO2”, diz o professor Luiz Horta Nogueira, da Universidade Federal de Itajubá (Unifei), em Minas Gerais, participante do estudo. O trajeto, até caminhões de bioquerosene adentrarem os aeroportos para abastecer os aviões, ainda é longo e depende também da comprovação de quanto cada biocombustível deixa de emitir CO2 e outros poluentes, em comparação ao feito de petróleo. “Ainda temos uma dificuldade em estabelecer e analisar o ciclo de vida das emissões do bioquerosene. Não existem dados confiáveis, conforme diagnosticado em nosso estudo”, diz Cortez. (revistapesquisa.fapesp.br)

Governo fomenta uso de biocombustível na aviação civil

O Brasil será um dos primeiros países do mundo a usar o biocombustível na aviação regular. Essa é a meta do governo federal, que tem tratado o tema com companhias aéreas e com o mercado produtor desse tipo de combustível. Já agora durante a Copa do Mundo centenas de voos nacionais serão operados com o uso de bioquerosene. A ideia é que isso se torne uma política pública, voltada para redução da emissão de poluentes na atmosfera.
Para o ministro da Secretaria da Aviação Civil, Moreira Franco, o Brasil está à frente de muitas nações não só pela iniciativa de trazer o biocombustível para a aviação regular, mas pela experiência que tem na produção de combustíveis de fontes renováveis. “Temos tecnologia avançada neste setor; e temos condição de fomentar ainda mais a produção desse tipo de combustível, pois temos muita matéria-prima”, completa.
O desenvolvimento de combustíveis sustentáveis para a aviação pode possibilitar a diminuição da dependência em relação aos combustíveis fósseis e reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Atualmente, a aviação civil emite cerca de 2% das emissões totais que poluem a atmosfera. “Este é um avanço tecnológico que insere a aviação civil no século 21, onde existe a preocupação não só com a eficiência operacional, mas também com a preservação da natureza”, ressaltou o ministro.
A indústria aérea (incluindo empresas aéreas, aeroportos e serviços de navegação aérea), assumiu compromisso voluntário, durante workshops realizados entre 2012 e 2013 para tratar do assunto, de reduzir as emissões de carbono em 50% até 2050.
Para isso, a aviação requer o uso do “combustível drop-in”, tipo de biocombustível sustentável misturado ao combustível convencional, com característica de desempenho equivalente ao combustível atualmente utilizado nos motores das aeronaves. Nos voos que utilizarem essa mistura durante a Copa do Mundo, o bioquerosene corresponderá a 1%.
Primeiro voo verde
Em outubro de 2013, a companhia aérea Gol realizou um voo entre São Paulo e Brasília utilizando combustível obtido de fonte renovável. A aeronave foi abastecida com 25% de querosene produzido a partir do bagaço de cana de açúcar e de óleos residuais. Após o teste, a companhia anunciou o propósito de aumentar o uso de bioquerosene nos voos que opera.
O combustível usado no voo inaugural foi produzido pela Amyris Brasil, que trabalha com fontes renováveis de energia. De acordo com o presidente da empresa, John Melo, o bioquerosene ajuda a reduzir as emissões de gás carbônico em 80% ou mais – se comparado com o combustível convencional, derivado de fonte fóssil. No entanto, o custo ainda é alto, aproximadamente o triplo. (biodieselbr)

Gol usará biocombustível nos voos da Copa

A empresa aérea Gol confirmou em 27/03/14 que utilizará biocombustíveis nas aeronaves durante a Copa do Mundo de 2014. A companhia importará 70 toneladas de querosene fabricado com óleo de cozinha e de milho da americana UOP. Cerca de 200 voos serão abastecidos com esse novo recurso - até 10 % do tanque será composto pelo produto sustentável e o restante será preenchido com combustível comum.
A Gol não revelou o valor do investimento. "Esse tipo de querosene é três vezes mais caro que o combustível normal", disse o gerente de Despacho Operacional, Marcelo Vieira. A importação do biocombustível, segundo a Gol, foi necessária porque os fabricantes no Brasil ainda não têm a certificação necessária para que o produto seja utilizado no mercado interno. "O pais já produz o combustível sustentável, mas tivemos que importar o produto porque somente lá fora tem a certificação", explicou Marcelo Vieira.
A proposta da companhia é realizar voos com menos emissão de CO2, diminuindo a poluição e o impacto ao meio ambiente. Os testes iniciaram nos voos durante a Rio + 20 e esse ano o recurso será usado nos voos destinados as cidades-sedes que receberão os jogos do mundial. Para os próximos anos, o objetivo é de que os tanques das aeronaves da companhia sejam compostos por 50% de biocombustível e os outros 50% de querosene comum.
Cerca de 95% dos aviões da GOL são do modelo boeing 737 e, de acordo com a fabricante Boeing, a mistura não afetará a funcionalidade do tanque da aeronave. (biodieselbr)

sábado, 29 de março de 2014

Os ventos favoráveis da energia eólica

Ao longo da história, a humanidade foi aprendendo a utilizar a força dos ventos seja nos moinhos, rodas d’água, veleiros, barcos à vela, ventilação das casas, etc. A utilização do vento para produzir energia é antiga. Os primeiros moinhos de vento apareceram na Pérsia e se espalharam por outras partes do Oriente Médio, Europa e Ásia. Mas a utilização da força dos ventos sempre foi limitada.
Em 1881, William Thomson propôs o uso da energia eólica como alternativa ao carvão. De lá prá cá surgiram os aerogeradores e os parques eólicos, que são conjuntos de centenas de aerogeradores individuais ligados a uma rede de transmissão de energia elétrica. O grande potencial da energia eólica se dá pela conversão da força dos ventos em eletricidade, por meio da utilização destes aerogeradores de diversas capacidades de geração de energia.
Segundo dados da Agência Internacional de Energia (AIE), a energia eólica responde atualmente por 2,5% da participação na matriz elétrica mundial. Todavia, esse número pode saltar para 18% até 2050. Para garantir este crescimento, contudo, a AIE prevê que serão necessários investimentos de cerca de US$ 150 bilhões por ano – quase o dobro dos US$ 78 bilhões investidos no setor em 2012.
Segundo o Conselho Global de Energia Eólica (Global Wind Energy Council – GWEC), a capacidade instalada de energia eólica era de 6,1 Gigawatts (GW) em 1996 e atingiu pouco mais de 318 GW em 2013 (isto equivale a mais de 22 usinas de Itaipu). Um crescimento de quase 52 vezes em 15 anos. A melhoria recente em tecnologias de energia eólica, bem como a mudança de contexto global, em busca de fontes mais limpas, explicam o cenário mais positivo para o setor no longo prazo
Contudo, ocorreu uma queda de 10 GW nas instalações de 2013 em comparação ao ano anterior, embora a capacidade global tenha cresceu 12,5%. Segundo o GWEC, foram instalados 35,47 GW em 2013, abaixo dos 45,17 GW de 2012. O pior desempenho se deve às incertezas políticas dos Estados Unidos, que tem dado mais incentivos ao gás de xisto e às areias betuminosas, do que a energia renovável.
A China instalou sozinha 16 GW em 2013 (mais do que uma usina de Belo Monte) e deverá superar a Europa e os Estados Unidos na produção de energia eólica, entre 2020 e 2025. O aproveitamento do potencial eólico no mundo deverá poupar emissões de gases efeito estufa de até 4,8 bilhões de toneladas por ano até 2050. Porém, diversos obstáculos podem retardar esse processo, especialmente a falta de apoio político, como a briga no Congresso americano é um péssimo exemplo.
A produção em pequena escala pode ser viável para as famílias, comunidades e empresas, democratizando a produção das energias alternativas. Mas caberá aos governos promover a construção de redes inteligentes de energia (smart grids), que são uma nova arquitetura de distribuição de energia elétrica, mais segura e inteligente, que integra e possibilita ações a todos os usuários a ela conectados.
Nestas redes, o fluxo de energia elétrica e de informações se dá de forma bidirecional. Assim, a energia tradicionalmente gerada, transmitida e distribuída de forma radial a partir de instalações das concessionárias poderá, também, ser gerada e integrada às redes elétricas a partir de unidades consumidoras. Cria-se, então, a figura do prosumidor, aquele que é produtor e consumidor, que produz e que fornece energia à rede.
O Brasil tem o privilégio de ter ampla disponibilidade de ventos, mas falta firmeza para agir com inteligência e visão de longo prazo. Seria preciso seguir o ritmo de países como Dinamarca e China para avançar na utilização fontes mais limpas, descarbonizando a matriz energética e reduzindo a dependência que o Brasil possui da energia hidrelétrica que altera e represa o curso dos rios, com graves danos ambientais. Neste verão abrasador de 2014 e com poucas chuvas os reservatórios de água estão vazios e a força dos ventos poderia amenizar a escassez de energia. Porém, segundo a Associação Brasileira de Energia Eólica, dos 144 parques eólicos prontos, 48 não estão ainda interligados ao sistema por falta de linhas de transmissão. Seriam 1,27 GW a mais, suficiente para evitar apagões.
O crescimento da produção de energia eólica e solar, mesmo não sendo uma panaceia para todos os problemas do desenvolvimento, pode contribuir para mitigar as dificuldades advindas de um possível “Pico de Hubbert” e as tendências de acirramento do aquecimento global, podendo ser uma maneira de promover outro tipo de modelo econômico, mais integrado ao meio ambiente, com menos emissão de CO2 e que respeite a biodiversidade. (ecodebate)

Alternativa para geração eólica em residências

Uma nova tecnologia impulsiona o uso da energia eólica em ambientes urbanos. Desenvolvida pela Enersud, empresa especializada em soluções energéticas a partir de fontes renováveis, em parceria com a COPPE/UFRJ, a turbina eólica de eixo vertical foi apresentada na 3ª Feira FAPERJ Ciência, Tecnologia e Inovação, que aconteceu de 10 a 12/10/13 no Centro Cultural da Ação Cidadania (CCAC), no Rio de Janeiro. Batizada de RAZEC 266, a nova tecnologia potencializa o aproveitamento de ventos fracos e irregulares, característicos das grandes cidades. Assim, abre-se o caminho para a geração doméstica de energia, o que desperta benefícios ambientais e econômicos.
Essa nova tecnologia vai ao encontro da demanda associada à microgeração de eletricidade, cuja regulamentação foi recentemente aprovada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A nova regra permite que moradores gerem a própria energia e transfiram o excedente não consumido para a rede pública. Neste caso, recebem descontos na conta de luz proporcionais ao volume energético transferido.
“Vínhamos estudando essa tecnologia há quatro anos, mas só agora passou a ser mais fabricada e usada no exterior.  Tornou-se convidativo adotar esse tipo de equipamento no ambiente urbano”, observa o engenheiro Luiz Cezar Pereira, diretor da Enersud. “A nova regulamentação da Aneel deve abrir oportunidades sem precedentes. O mercado brasileiro pode absorver algo em torno de mil turbinas eólicas de pequeno porte por ano”, projeta.
Com um investimento de R$ 3 milhões, a criação da turbina vertical RAZEC 266 envolveu também a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e a Ampla, concessionária de distribuição de energia elétrica que atende cerca de 2,5 milhões de clientes residenciais, comerciais e industriais em 66 municípios do Rio. O primeiro modelo desenvolvido, com tecnologia 100% nacional, tem potência entre 1 kw e 2 kw.
De acordo com Pereira, dependendo da velocidade do vento, a turbina é capaz de abastecer uma residência cujo consumo gira em torno de 300 kWh/mês. Pode ser usada também no carregamento de baterias e em iluminação de portarias, corredores e sistemas de segurança de condomínios. “Existe ainda a possibilidade de configurações híbridas, com a associação das turbinas eólicas aos painéis solares”, acrescenta o especialista.
O primeiro equipamento foi instalado, ano passado, na própria sede da empresa, em Maricá (RJ). Outros protótipos foram instalados em Salvador e municípios do norte fluminense. Em comum, tais lugares oscilam ventos que vão de baixa a extrema intensidade, condições ideais para atestar a adequação da tecnologia às variações climáticas e dificuldades inerentes ao espaço urbano.
“A vantagem das turbinas verticais é que são próprias para ambientes urbanos, sua manutenção é simples, e pode ser instalada em qualquer lugar, tanto em terra firme como no telhado de uma casa. Além disso, são mais silenciosas que os modelos tradicionais”, avalia Pereira. (ambienteenergia)

Impacto de rotores eólicos no clima global

Estudo descarta impacto significativo de rotores eólicos no clima global
Os geradores eólicos podem modificar localmente a temperatura e as chuvas, mas o impacto das instalações na Europa não é significativo para o clima global, concluiu um estudo [Regional climate model simulations indicate limited climatic impacts by operational and planned European wind farms] realizado por cientistas franceses.
Nos últimos anos, alguns estudos deixaram em evidência os possíveis efeitos das grandes instalações eólicas sobre a meteorologia, mas os resultados mais significativos não puderam ser quantificados, destacou a pesquisa divulgada nesta terça-feira na revista Nature Communications.
Alguns cientistas tinham sugerido que os geradores eólicos eram capazes de provocar um aumento das temperaturas e das chuvas devido à forma como misturam camadas de ar frio e quente. Isso gerou o temor de que as instalações eólicas provocassem mudanças a milhares de quilômetros de distância.
O estudo publicado na Nature indica que as simulações em escala regional não tiveram resultados conclusivos sobre o impacto dos rotores, que se mostrou insignificante.
Os cientistas, liderados pelo francês Robert Vautard, do Laboratório de Ciências do Clima e do Meio Ambiente, examinaram os efeitos potenciais das turbinas eólicas sobre o clima regional europeu em 2020, se os planos da União Europeia para limitar as mudanças climáticas forem totalmente implementados.
Conforme esses planos, as energias renováveis devem representar pelo menos 20% da matriz energética regional.
Em seus cálculos, os especialistas projetaram o impacto local no clima dos rotores eólicos existentes em 2012, inclusive os marinhos, para calcular os efeitos futuros.
Os especialistas concluíram que o impacto no clima seria “limitado” em 2020.
Em certas condições, as temperaturas poderiam aumentar ou diminuir 0,3º C e as chuvas, variar até 5%.
“O impacto é menor do que a variabilidade natural interanual ou do que as mudanças esperadas com as emissões de gases de efeito estufa”, concluiu o estudo. (ecodebate)

Energio avança no setor de energia

Conhecida por desenvolver projetos eólicos, empresa inicia instalação de refinaria em Sergipe.
A Energio está avançando no setor de energia. A empresa, que é conhecida por desenvolver projetos eólicos, entre eles o Complexo Eólico Icaraí, de 65,1 MW, e o Complexo Eólico Taíba, de 56,7 MW, ambos no Ceará, está iniciando a instalação de uma refinaria em Sergipe. Com investimentos de R$ 120 milhões, o empreendimento será realizado pela REF Brasil - Refinaria de Petróleo do Brasil -, uma sociedade entre a Energio e a Costa Global, empresa de consultoria que atua nas áreas de Petróleo, Gás, Biocombustível, Engenharia e Infraestrutura, criada pelo ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa.
A opção por instalar a refinaria em Sergipe se deve à ausência de uma unidade do tipo no Estado, gerando deslocamentos terrestres e/ou marítimos do petróleo cru produzido na região, com consumo local sendo feito através de retorno de derivados. A refinaria, inicialmente, terá capacidade de refino de 5 mil barris por dia, quantidade que poderá ser gradativamente aumentada em função das necessidades de abastecimento. Está prevista a produção de gasolina, óleo diesel e óleo combustível. 
A Energio é uma sociedade anônima de capital privado constituída para implantação de empreendimentos de infraestrutura, operação e geração de energia, com projetos de energia renovável desenvolvidos, predominantemente, na região Nordeste do Brasil. (canalenergia)

quarta-feira, 26 de março de 2014

Hidrogênio, a energia do futuro

O Hidrogênio é considerado a fonte de energia do futuro (dentro de 10 a 20 anos), limpa e inesgotável.
Poderá alimentar, praticamente, tudo, desde os telemóveis até máquinas industriais.
Hidrogênio economicamente viável
Para que a economia se sustente com o hidrogênio, é preciso desenvolver tecnologias capazes de funcionar com essa substância. Nesse sentido, as células de combustível são, há décadas, o mecanismo que permite o desenvolvimento de novos usos do hidrogênio. A aplicação mais notável do hidrogênio se encontra nos protótipos de automóveis que marcas europeias, japonesas e norte-americanas têm apresentado ao público. A generalização desse tipo de veículo tornará imprescindível a criação de uma rede de distribuição de hidrogênio por meio de postos de abastecimento semelhantes aos atuais, de gasolina, diesel e álcool. No entanto, a construção desse tipo de infraestrutura esbarra em sérias dificuldades, visto que o hidrogênio e sua capacidade inflamável pode transformar qualquer depósito numa bomba de grande potência.
Em segundo lugar, é necessário encontrar fontes de hidrogênio, pois se trata de um gás que não se encontra de forma livre na Terra. Apesar de ser a substância mais comum do universo, os lugares mais próximos da Terra com grandes quantidades de hidrogênio em estado puro são Júpiter e o Sol. Ambos se encontram distantes demais para serem considerados alternativas viáveis para a extração de hidrogênio. A única solução consiste em obter hidrogênio a partir dos combustíveis fósseis e da água, o que exige a utilização de determinadas fontes energéticas. Não deixa de ser paradoxal que, para substituir o petróleo pelo hidrogênio como fonte energética, seja necessário utilizar, para sua extração, mais energia do que o hidrogênio poderia produzir. De qualquer forma, numerosos projetos que visam a converter o hidrogênio numa fonte de energia viável, por meio da fusão nuclear, estão em andamento.
Hidrogênio e Tecnologia
A humanidade só ficará livre da dependência dos combustíveis fósseis quando surgirem máquinas que funcionem com outras substâncias. Nesse sentido, vale destacar a iniciativa de empresas automobilísticas como a Toyota, a General Motors e a BMW, entre outras, que, no início do século XXI, apresentaram ao público carros movidos a hidrogênio. Os dispositivos tecnológicos utilizados nesses veículos funcionam como pilhas, que nesse caso recebem o nome de células de combustível e funcionam à base de hidrogênio.
Tais dispositivos foram usados pela primeira vez no projeto Apolo que levou o homem à Lua e, posteriormente, no projeto espacial Gemini.
O princípio em que se baseiam todas as pilhas consiste em aproveitar a corrente elétrica produzida a partir de duas substâncias, uma das quais tende a repelir os elétrons que possui, enquanto a outra tende a atrair aqueles de que precisa. Por meio de um condutor que une as duas substâncias, obtém-se uma corrente de elétrons e, por conseguinte, eletricidade. É como criar uma queda d’água com uma corrente de elétrons que se movem em direção ao abismo.
Nas células de combustível, a eletricidade é gerada diretamente pela combinação química e, entre os produtos da reação, obtém-se água por combinação de hidrogênio e oxigênio. Aplica-se o hidrogênio sobre o eletrodo negativo, ao passo que o oxigênio contido no ar é aspirado do exterior através de um tubo e depois aplicado sobre o positivo. Um eletrólito permite apenas a passagem de íons positivos de hidrogênio (ou seja, do núcleo atômico sem os elétrons). Os elétrons, quando impedidos de atravessar o eletrólito, dirigem-se a um cátodo (eletrodo de carga negativa) através de um circuito externo. Por meio desse processo se produz a energia elétrica que permitirá impulsionar o carro dotado de circuito elétrico. Paralelamente, reduz-se o oxigênio no eletrodo positivo, o que leva à produção de água.
Os motores de combustão interna queimam o combustível, e a energia calorífica que foi gerada move os êmbolos responsáveis por colocar o automóvel em marcha. Dessa forma, a maior parte da energia se dissipa em forma de calor e não é aproveitada para gerar trabalho. Em compensação, as células de combustível transformam diretamente a energia química em eletricidade, motivo pelo qual o rendimento do motor é muito maior. O hidrogênio emite vapor d’água, uma substância não poluente, ao contrário dos mecanismos acionados por combustíveis fósseis. (eletrocuriosidades)

Hidrogênio, a energia do futuro?

Como afirmou o químico inglês Peter W. Atkins em sua obra A segunda lei, de 1984, existe um paralelismo entre o progresso tecnológico desenvolvido pelas sociedades humanas e o aproveitamento da energia disponível.
A necessidade de cada vez mais energia levou a humanidade a recorrer às fontes energéticas acumuladas num passado remoto. No princípio, o ser humano usava energia solar acumulada em breves períodos como fonte energética. Depois, o homem se valeu do vento — originado pelas mudanças de temperatura provocadas pelo calor do Sol — para acionar moinhos ou impulsionar embarcações à vela. Também aproveitou a vegetação — que se vale da energia solar na fotossíntese para elaborar seu alimento — cuja combustão permite obter calor. Ambas as fontes energéticas permitem liberar energia solar e aproveitá-la em benefício humano. Recursos desse tipo têm sido próprios de sociedades que não necessitam de grandes quantidades de energia, razão pela qual estavam pouco avançadas tecnicamente.
O hidrogênio se formou durante o Big Bang, o instante de criação do universo.
Durante a revolução industrial que teve início no século XVIII, surgiu um invento que transformaria a sociedade: a máquina a vapor. Esse invento transforma calor em trabalho graças ao movimento de êmbolos que se movem devido ao vapor gerado com a queima de um carburante. O calor resultante se aproveita para pôr em marcha fábricas e trens. Desse modo, o calor deixou de ser um fim em si mesmo e converteu-se num meio para gerar trabalho. Em seguida, a industrialização baseou-se no carvão, no petróleo e no gás natural. Todos constituem recursos que foram gerados há milhões de anos a partir de restos de organismos vivos, sobretudo de plâncton. De acordo com Atkins, as novas necessidades energéticas levam a sociedade a buscar recursos cuja origem remonta a milhões de anos.
No século XX, descobriu-se uma fonte energética ainda mais proveitosa do que as já citadas — embora muito discutida e polêmica —, baseada no processo de fissão nuclear de átomos de urânio, usada para pôr em marcha as centrais nucleares. Assim como a maioria dos elementos, o urânio se forma nas estrelas. Os elementos contidos na estrela se dispersam depois que ela explode para dar lugar a planetas e asteroides. Foi desse modo que se formaram o sistema solar e a Terra. O uso do urânio, portanto, exige que se recorra a um tipo de energia acumulada durante a formação da Terra, há mais de quatro bilhões de anos. Utilizar a energia atômica equivale a escavar ainda mais o passado para satisfazer as necessidades energéticas do presente.
Existe um consenso quase unânime segundo o qual o hidrogênio será a fonte de energia do futuro. Se levarmos em conta que esse elemento se formou no instante de criação do universo, momento conhecido como Big Bang, há aproximadamente quatorze bilhões de anos, seu uso significa liberar a energia acumulada durante a formação do universo, o que novamente corresponde ao esquema desenhado por Atkins.
No caminho traçado pela humanidade em busca de fontes energéticas, passou-se da energia acumulada em épocas recentes à energia originada com a formação do universo.
O HIDROGÊNIO COMO ELEMENTO
O hidrogênio é o elemento mais abundante do universo: 60% da matéria constituem-se de hidrogênio, e os elementos restantes se formaram a partir dele. Os átomos de hidrogênio mais comuns são formados por um elétron — partícula de carga elétrica negativa que gira ao redor do núcleo do átomo — e um próton — partícula de carga elétrica positiva que se encontra no núcleo. Quando há um nêutron a mais no núcleo, o átomo recebe o nome de deutério. E se o núcleo apresentar dois nêutrons, passa a se chamar trítio. O hidrogênio não se encontra em estado livre na Terra, apenas associado, formando moléculas maiores, pois é extremamente reativo.
A água e os hidrocarbonetos são dois exemplos de substâncias que contêm hidrogênio e que, portanto, permitem sua obtenção.
Na atualidade, a indústria química consome grande quantidade de hidrogênio: utiliza-o, por exemplo, para obter fertilizantes ou refrigerar ambientes. O hidrogênio era o componente que possibilitava o voo dos dirigíveis, visto que pesa muito pouco, embora também seja extremamente inflamável (a explosão do zepelim Hindenburg em 1937 resultou na proibição desse tipo de veículo). Nos nossos dias, existem numerosos projetos de pesquisa que pretendem aproveitar a energia do hidrogênio.
Além disso, muitos especialistas afirmam que a economia deve se sustentar em tecnologias baseadas nesse elemento.
Existe uma grande preocupação no mundo econômico, político e empresarial, visto que a principal fonte energética da atualidade, o petróleo, está com os dias contados.
Sem essa matéria-prima não será possível produzir eletricidade, gerar combustível para os meios de automação, confeccionar roupas, dentre outras atividades. O petróleo e os combustíveis fósseis liberam monóxido e dióxido de carbono, agentes nocivos para a atmosfera, pois provocam efeito estufa, e sua combustão produz substâncias altamente tóxicas. O hidrogênio, portanto, aparece como a tábua de salvação tanto do clima como da economia. Não é para menos que seja o substituto energético em que os especialistas depositam mais esperanças.
Álcool no Brasil
O álcool foi uma solução brasileira como alternativa ao petróleo. O Proálcool (Programa Nacional do Álcool) foi um projeto criado em 1975 pela ditadura militar. O Proálcool, que era uma espécie de incentivo à produção deste combustível, gerou incentivos fiscais que reduziram impostos para a compra de veículos movidos a álcool.
Seu slogan ficou famoso: "Carro a álcool: um dia você ainda vai ter um", porém, depois que o mercado do petróleo saiu da grande crise do final da década de 70 (início dos anos 80) e os carros a álcool começaram a apresentar alguns problemas o programa perdeu sua força. Porém, com o surgimento dos carros com motor flex que admite álcool e/ou gasolina, o álcool voltou a ganhar importância e o consumidor brasileiro passou a contar com um importante poder de arbitragem já que pode escolher entre o álcool ou a gasolina.
Entre as vantagens do álcool está o fato do mesmo ser um combustível ecologicamente correto, que não afeta a camada de ozônio e é obtido de fonte renovável. A obtenção do álcool a partir da cana-de-açúcar, também ajuda na redução do gás carbônico da atmosfera, através da fotossíntese nos canaviais, e produz um aumento da umidade do ar e a retenção das águas da chuva.
Atualmente, alguns países como os EUA querem adquirir a tecnologia brasileira de carros movidos a álcool e gasolina, pois ela está se tornando uma saída para a questão do preço do combustível e para as questões ambientais geradas pelo consumo de petróleo.
Hidrogênio economicamente viável Para que a economia se sustente com o hidrogênio, é preciso desenvolver tecnologias capazes de funcionar com essa substância. Nesse sentido, as células de combustível são, há décadas, o mecanismo que permite o desenvolvimento de novos usos do hidrogênio. A aplicação mais notável do hidrogênio se encontra nos protótipos de automóveis que marcas europeias, japonesas e norte-americanas têm apresentado ao público. A generalização desse tipo de veículo tornará imprescindível a criação de uma rede de distribuição de hidrogênio por meio de postos de abastecimento semelhantes aos atuais, de gasolina, diesel e álcool. No entanto, a construção desse tipo de infraestrutura esbarra em sérias dificuldades, visto que o hidrogênio e sua capacidade inflamável pode transformar qualquer depósito numa bomba de grande potência.
Em segundo lugar, é necessário encontrar fontes de hidrogênio, pois trata-se de um gás que não se encontra de forma livre na Terra. Apesar de ser a substância mais comum do universo, os lugares mais próximos da Terra com grandes quantidades de hidrogênio em estado puro são Júpiter e o Sol. Ambos se encontram distantes demais para serem considerados alternativas viáveis para a extração de hidrogênio.
A única solução consiste em obter hidrogênio a partir dos combustíveis fósseis e da água, o que exige a utilização de determinadas fontes energéticas. Não deixa de ser paradoxal que, para substituir o petróleo pelo hidrogênio como fonte energética, seja necessário utilizar, para sua extração, mais energia do que o hidrogênio poderia produzir. De qualquer forma, numerosos projetos que visam a converter o hidrogênio numa fonte de energia viável, por meio da fusão nuclear, estão em andamento.
O HIDROGÊNIO E A FUSÃO NUCLEAR
Um dos projetos de geração de energia em que se depositam mais esperanças, embora não haja garantias de que tenha êxito, é o da fusão do hidrogênio. As bombas de hidrogênio, que foram lançadas de forma experimental pela primeira vez em 1952, já utilizavam a descomunal energia que proporciona a fusão com fins destrutivos e de forma descontrolada. As experiências para obter a fusão dos átomos de hidrogênio de forma controlada e livre de riscos como fonte energética não têm dado resultados, apesar dos elevados investimentos e da dedicação de vários cientistas. No século XX, tanto os Estados Unidos como o Reino Unido desenvolveram programas de pesquisa que produziram energia mediante fusão nuclear, mas por apenas um segundo e com um saldo energético negativo. Ou seja, a energia necessária para provocar a fusão supera em quantidade a energia obtida no processo.
Apesar desses fracassos, um número significativo de países iniciou, na década de 1990, um novo plano para desenvolver a energia de fusão. Esse plano apresenta diferentes etapas, dentre as quais figura o projeto International Tokamak Experimental Reator (ITER), que consiste na construção de um reator capaz de produzir energia por fusão.
A informação obtida durante esse experimento permitirá a construção de um reator de demonstração de fusão (conhecido como DEMO) para meados do século XXI. Essa será uma das últimas fases para o desenvolvimento de um reator com possibilidades de comercialização. Infelizmente, os graves contratempos que a construção do ITER tem sofrido até o momento, impediram que fosse colocado em funcionamento. Seu maior problema e a estocagem de energia.
Para o cientista Sébastien Balibar, professor de física nuclear na Escola Normal Superior de Paris, “o anúncio oficial descreve o processo de funcionamento do ITER como colocar a energia das estrelas em uma caixa. O problema é que não sabemos como construir essa caixa”. Balibar e seus colegas Yves Pomeau e Jacques Treioner disseram em um estudo publicado em 2004 no que um reator termonuclear implica três problemas técnicos: produção dos elementos que serão levados à fusão (deutério e Trítio), a resistência a essa fusão e o controle da reação.
A fusão é o processo em que dois núcleos atômicos leves se unem para produzir um núcleo mais pesado. A fusão do hidrogênio é o processo em que dois núcleos atômicos de hidrogênio, dotados apenas de um próton cada um, se unem. Por meio dessa união se forma um átomo de dois prótons que é próprio dos átomos de hélio. O átomo de hélio pesa menos do que a soma dos dois átomos de hidrogênio em separado, no entanto, a massa restante não desaparece, mas se converte em energia. O Sol transforma 675 milhões de toneladas de hidrogênio em 653 milhões de toneladas de hélio a cada segundo. A famosa equação de Albert Einstein (1879-1955) segundo a qual a energia é igual à massa multiplicada pelo quadrado da velocidade da luz (e = mc²), permite deduzir que uma ínfima quantidade de matéria pode transformar-se numa quantidade assombrosa de energia porque a velocidade da luz ao quadrado é uma constante enorme.
A obtenção de hidrogênio como fonte de energia é um projeto de resultado incerto. De acordo com as previsões mais otimistas, será preciso esperar muito tempo para que se possa conseguir um efeito positivo.
EM BUSCA DO HIDROGÊNIO
Embora todo mundo esteja de acordo que o hidrogênio será a fonte energética do futuro, também se reconhece que “não existem minas de hidrogênio”. Só é possível obter hidrogênio a partir de duas fontes: a água e os hidrocarbonetos, e ambos os processos exigem um investimento de energia. Além disso, a extração de hidrogênio a partir de hidrocarbonetos não representa uma alternativa razoável para o petróleo na medida em que esses combustíveis estão se esgotando e produzem dióxido de carbono.
O sistema mais utilizado para obter hidrogênio no princípio do século XXI é a técnica do (proveniente do inglês, quebrar) ou craqueamento, em português. Trata-se de um processo em que as cadeias moleculares dos componentes do petróleo se cindem por meio de calor e pressão, para que se possa obter produtos mais leves.
Obtém-se o hidrogênio principalmente a partir de gás natural, mas com o inconveniente de que dentre os resíduos decorrentes dessa técnica se encontram o monóxido e o dióxido de carbono. Além disso, as reservas de gás natural se esgotarão poucos anos depois que as do petróleo, razão pela qual não representa uma alternativa razoável. A eletrólise é um dos métodos mais simples de produção de hidrogênio. Esse processo, que qualquer pessoa pode reproduzir em casa, consiste em utilizar a corrente elétrica para romper a molécula de água e, desse modo, obter hidrogênio e oxigênio.
No final de 2004 anunciou-se que cientistas americanos haviam melhorado a eficiência desse método, usando água a elevadas temperaturas. Tal método pode funcionar em combinação com reatores nucleares, nos quais se usa uma grande quantidade de água para refrigeração. Pesquisadores estão estudando o uso de fontes energéticas alternativas, como a solar e a eólica, para a produção da energia necessária para a eletrólise. No momento, as técnicas empregadas são muito caras, mas acredita-se que, quando o uso se generalizar, o custo das células fotovoltaicas e dos aerogeradores irá diminuir. A economia proporcionada pelo hidrogênio só poderá existir se forem encontradas formas simples e baratas de produção de hidrogênio.
HIDROGÊNIO E TECNOLOGIA
A humanidade só ficará livre da dependência dos combustíveis fósseis quando surgirem máquinas que funcionem com outras substâncias. Nesse sentido, vale destacar a iniciativa de empresas automobilísticas como a Toyota, a General Motors e a BMW, entre outras, que, no início do século XXI, apresentaram ao público carros movidos a hidrogênio. Os dispositivos tecnológicos utilizados nesses veículos funcionam como pilhas, que nesse caso recebem o nome de células de combustível e funcionam à base de hidrogênio. Tais dispositivos foram usados pela primeira vez no projeto Apolo que levou o homem à Lua e, posteriormente, no projeto espacial Gemini.
O princípio em que se baseiam todas as pilhas consiste em aproveitar a corrente elétrica produzida a partir de duas substâncias, uma das quais tende a repelir os elétrons que possui, enquanto a outra tende a atrair aqueles de que precisa. Por meio de um condutor que une as duas substâncias, obtém-se uma corrente de elétrons e, por conseguinte, eletricidade. É como criar uma queda d’água com uma corrente de elétrons que se movem em direção ao abismo.
Nas células de combustível, a eletricidade é gerada diretamente pela combinação química e, entre os produtos da reação, obtém-se água por combinação de hidrogênio e oxigênio.
Aplica-se o hidrogênio sobre o eletrodo negativo, ao passo que o oxigênio contido no ar é aspirado do exterior através de um tubo e depois aplicado sobre o positivo. Um eletrólito permite apenas a passagem de íons positivos de hidrogênio (ou seja, do núcleo atômico sem os elétrons). Os elétrons, quando impedidos de atravessar o eletrólito, dirigem-se a um cátodo (eletrodo de carga negativa) através de um circuito externo. Por meio desse processo se produz a energia elétrica que permitirá impulsionar o carro dotado de circuito elétrico. Paralelamente, reduz-se o oxigênio no eletrodo positivo, o que leva à produção de água.
Os motores de combustão interna queimam o combustível, e a energia calorífica que foi gerada move os êmbolos responsáveis por colocar o automóvel em marcha. Dessa forma, a maior parte da energia se dissipa em forma de calor e não é aproveitada para gerar trabalho. Em compensação, as células de combustível transformam diretamente a energia química em eletricidade, motivo pelo qual o rendimento do motor é muito maior. O hidrogênio emite vapor d’água, uma substância não poluente, ao contrário dos mecanismos acionados por combustíveis fósseis. (planetasaber)

Hidrogênio a Energia do Futuro

Que tal você ter em casa um sistema que lhe permite aproveitar as energias renováveis (Solar, Eólica) para produzir hidrogênio, esse gás permite-lhe abastecer o carro, ter aquecimento de água, aquecimento central ou mesmo cozinhar as suas refeições.
A solução que a empresa inglesa ITM POWER's apresenta poderá ser uma alternativa economicamente viável, e acima de tudo é uma energia limpa, o que será uma lufada de ar fresco para o nosso verde planeta. (nesteladodeca)

segunda-feira, 24 de março de 2014

A corrida pelos ‘carros verdes’

1. Europa e Estados Unidos produzem carros elétricos e híbridos há vários anos, como alternativa para reduzir emissões de poluentes na atmosfera, principalmente por veículos com motores movidos a gasolina.
2. Na maioria dos países em que esses modelos são vendidos os governos oferecem subsídios para incentivar o consumo. Argentina, Colômbia e Chile, por exemplo, têm programas de incentivos. A participação dos ‘carros verdes’ nas vendas totais de veículos ainda é pequena, mas a previsão das fabricantes é de atingir 10% até 2020.
3. O Brasil, por ter se apegado aos automóveis com motor flex – que podem ser abastecidos com 100% de etanol (quando o preço compensa) –, está atrasado na corrida pelos ‘carros verdes’. Projeto para incentivar modelos elétricos e híbridos está em discussão pelo governo, montadoras e entidades de classe há mais de quatro anos. (OESP)

sábado, 22 de março de 2014

Quanto de diesel foi consumido por termelétricas em 2013


Governo não sabe quanto de diesel foi consumido por termelétricas em 2013
A inesperada estiagem em algumas regiões do país neste verão fez com que os níveis dos reservatórios baixassem significativamente, deslocando parte da responsabilidade pela produção de energia para as termelétricas.
Contudo, não se trata exatamente de uma ocorrência pontual, produto de fenômeno climático. O crescimento do uso de energia produzida por termelétricas vem se intensificando nos últimos anos, impactando num outro aumento: o de consumo de óleo diesel.
O derivado do petróleo é uma das fontes usadas pelas térmicas para a produção de energia. Dados do Balanço Energético Nacional, documento publicado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), que é vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME), mostram que o uso de óleo diesel por termelétricas brasileiras aumentou consideravelmente a partir de 2010. Nesse ano, o consumo do derivado de petróleo por térmicas foi quase seis vezes maior que o registrado no ano anterior (2009). E entre 2010 e 2012, o uso de óleo diesel pelas térmicas cresceu 30%.

Para conseguir entender melhor essa dinâmica do consumo do diesel por termelétricas, BiodieselBR.com foi atrás de dados mais atualizados (de 2013 e janeiro de 2014) e precisos (consumo mensal). A surpresa veio quando descobrimos que, muito embora as termelétricas venham ampliando sua participação no consumo do óleo diesel no país, o governo não tem os dados de quanto do produto elas absorvem por mês. E no final de fevereiro de 2014, nem quanto foi consumido no ano passado.
Saga
BiodieselBR.com contatou todas as instituições que, em tese, estariam capacitadas a fornecer os dados sobre o consumo de óleo diesel por termelétricas: o próprio MME, a EPE, a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Nessa empreitada, acabou se vendo em meio a um jogo de empurra-empurra.
A assessoria de imprensa da ONS disse que o órgão não tem a informação e sugeriu que procurássemos na ANP ou MME. A ANP, por intermédio de sua assessoria, afirmou também não possuir o dado, apresentando como justificativa o fato de “não acompanhar o setor elétrico”. E sugeriu que batêssemos na porta do MME. O Ministério, por sua vez, diz que quem gera o dado – usado, inclusive, no Balanço Energético Nacional produzido pela EPE — é a ANP. O esclarecimento foi prestado por Maurício Ferreira Pinheiro, coordenador-geral de Acompanhamento de Mercado do Departamento de Combustíveis Derivados de Petróleo do MME.
Embora não afirme expressamente, a ANEEL também indica a ANP como possível provedora da informação. “Talvez faça esse monitoramento do destino dos combustíveis”, disse por meio de sua assessoria.
À reportagem, o coordenador do MME também informou que a ANP não apura o consumo mensal de diesel por termelétricas. Segundo ele, existe uma restrição de acesso, imposta por um suposto convênio entre a ANP e a entidade controladora dos dados (ou de parte deles) para a geração dessa informação, que faz com que a agência opte por usar os acessos a que têm direito para a produção do dado anual, mais consistente, que é utilizado no balanço da EPE.
Diante das negativas sobre a existência de um monitoramento mensal do consumo do óleo diesel por termelétricas, BiodieselBR.com tentou ao menos obter uma previsão de quando o dado anual mais atual — no caso, o do ano passado — seria disponibilizado a domínio público. De acordo com a assessoria da EPE, a versão preliminar do Balanço Energético 2013 deve sair em junho próximo. E a definitiva, somente em outubro, quando 2014 já estiver quase terminando. (biodieselbr)

quinta-feira, 20 de março de 2014

Centrais nucleares nunca serão 100% seguras

Centrais nucleares nunca podem ser 100% seguras, diz diretor geral da AIEA
Usina de Fukushima, após o desastre nuclear – Em 11/03/11 o mundo soube da tragédia de Fukushima: um fortíssimo terremoto e um tsunami de grandes proporções, a que se seguiu a explosão de uma usina nuclear com todas as consequências de um acidente nuclear: a difusão de radioatividade, que permanecerá ativa durante anos, ameaçando muitas gerações.
O diretor geral da Agência Internacional da Energia Atômica (AIEA), Yukiya Amano, afirmou nesta segunda-feira em Tóquio que a organização continuará aperfeiçoando suas normas depois do acidente de Fukushima, mas advertiu que uma central nuclear jamais será 100% segura.
Em uma entrevista coletiva antes de uma reunião com o primeiro-ministro nipônico Shinzo Abe, Yukiya Amano recordou que as regras devem evoluir.
“Para a segurança, o importante é que o processo seja evolutivo. Nós devemos melhorar a segurança continuamente, sem cair na auto satisfação”, insistiu.
“No entanto, uma catástrofe natural pode acontecer em qualquer parte do mundo. A segurança em 100% não existe”, advertiu.
Amano destacou que o que a agência nuclear da ONU poda fazer “é prevenir na medida do possível os acidentes potenciais para diminuir as consequências”.
No Japão, além dos seis reatores lacrados da central de Fukushima Daiichi – devastada pelo tsunami de 11 de março de 2011 -, os outros 48 reatores do país estão parados à espera de uma certificação de segurança. (ecodebate)

terça-feira, 18 de março de 2014

Primeiro ônibus elétrico mundial em SP

Primeiro ônibus elétrico do mundo transporta 135 mil pessoas em 10 dias em SP
O primeiro ônibus elétrico do mundo movido 100% a bateria completa neste sábado dias dez em circulação ligando Diadema, região metropolitana de São Paulo, ao Morumbi onde já levou mais de 135 mil pessoas que começam a conviver com esta aposta para reduzir as emissões de gases e ruídos.
Silencioso e mais leve, o ônibus opera com passageiros desde 05/03 14 dentro da frota urbana convencional que inclui veículos movidos a diesel, etanol, biodiesel, hidrogênio e, em alguns lugares, os tradicionais trólebus elétricos. O novo ônibus percorre, diariamente, 170 quilômetros nas várias viagens que realiza nessa rota.
Em uma parceria Brasil-Japão, o chassi, carroceria e motor do ônibus são fabricados aqui, já as baterias e o sistema de recarga de energia vêm da multinacional Mitsubishi.
A combinação foi definida pelo governo do estado de São Paulo como um projeto de transporte público ecologicamente correto e que em seus primeiros dias de operações já começa a seduzir os passageiros que se surpreendem pelo pouco barulho do veículo e sua trepidação menos brusca comparada aos outros ônibus.
O veículo funciona a partir um painel de controle que monitora o tempo de recarga, os níveis máximos e mínimos de consumo e outras informações necessárias antes de ligar.
A professora Evanir Souza, que todos os dias faz essa rota, comparou o barulho feito pelo veículo ao feito por um elevador, ou seja, muito pouco, e o definiu como um ônibus ecológico.
Os 11 quilômetros de cada trajeto, com 124 passageiros, são realizados em 40 minutos entre o terminal de ônibus de Diadema e a estação Morumbi do sistema de trens metropolitanos.
Apesar de ter estrutura e design idênticos aos demais veículos da frota, por ser "zero emissor de poluentes" o ônibus é uma alternativa para enfrentar a "nova realidade ambiental", conforme afirmou à Agência Efe o presidente da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU) de São Paulo, Joaquim Lopes.
"Para a cidade de São Paulo, a inserção urbana deste tipo de tecnologia eliminará toda essa parafernália de cabos aéreos (do trólebus) e teremos uma paisagem mais limpa e bonita, sem poluição e com menor barulho", destacou Lopes.
O projeto brasileiro-japonês é precursor no mundo para um sistema de transporte de grande escala, no qual os ônibus são movidos por 14 baterias de íons de lítio recarregadas a noite durante cerca de três e quatro horas contínuas e de dia, por dez minutos, a cada 50 quilômetros.
As baterias são similares às utilizadas em telefones celulares e outros aparelhos eletrônicos, mas com uma maior capacidade de recarga e duração. Agora o desafio do governo será continuar com os programas para descongestionar o serviço em todo o sistema, um dos desafios enfrentados há anos pela cidade.
"Para o planeta o ônibus é super saudável e pode operar em seu desempenho quase como os movidos a diesel graças a sua tecnologia de recarga e utilização de energia", disse à Agência Efe Ivan Carlos, gerente de Planejamento de Transporte, Desenvolvimento Tecnológico e Meio Ambiente (DPT).
Ele espera que depois dos seis meses de testes, que atualmente são realizados com passageiros no protótipo do veículo, os resultados técnicos e econômicos permitam avaliar a possibilidade de planejar uma produção em grande escala para o mercado. (yahoo)

domingo, 16 de março de 2014

Cenário mostra abastecimento comprometido em 2015

Cenário mais provável mostra abastecimento comprometido em 2015
Previsão é da Thymos Energia; Esforços conjuntos poderiam resultar em redução de demanda de 5%.
Levando-se em conta uma ligeira melhora nas vazões na comparação com março - que deve fechar em cerca de 70% da média de longo termo (MLT) nos próximos meses -, a tendência é chegar ao final do ano com uma Energia Natural Afluente (ENA) de 34%, o que compromete o abastecimento para 2015. A previsão é da Thymos Energia, que traçou nove cenários, nos quais esse é considerado o mais provável.
Neste panorama, o Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) deve oscilar ao longo do ano muito acima da média histórica. Em abril, o valor já deve fechar abaixo dos R$822,93/MWh de fevereiro e março, valor teto estipulado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), em R$732/MWh, chegando ao final do ano em R$482/MWh.
Apenas a título de ilustração, já que se trata de um cenário tão pouco provável como a total reversão e recuperação das vazões, a manutenção das condições atuais representaria uma ENA ao final de 2014 de apenas 2%.
Para João Carlos Mello, da Thymos Energia, o comprometimento do abastecimento para o próximo ano será uma realidade se não houver nenhum instrumento que incentive uma desaceleração da demanda. "Esforços conjuntos poderiam causar uma redução voluntária de consumo de 5%", afirmou o consultor, durante o evento Agenda Setorial 2014 - Regulação e Mercado, realizado em 13/03/14 no Rio de Janeiro.
Por esforços conjuntos, Mello aponta práticas operativas do Operador Nacional do Sistema (ONS) e programas de bonificação à população aos moldes do que está sendo feito pela concessionária de água e saneamento Sabesp, de São Paulo, que está enfrentando o problema dos níveis críticos em seus reservatórios.
Presente ao evento, o ex-diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) Edvaldo Santana afirmou que as distribuidoras são livres para fazer esse tipo de apelo em suas respectivas áreas de concessão. Um aviso desse tipo partir do governo, porém, é considerado pouco provável pelos agentes do setor elétrico, por soar extremamente impopular em um ano eleitoral. (jornaldaenergia)

Abastecimento energético em 2015 será comprometido

Abastecimento de energia em 2015 pode ser comprometido, avalia Thymos Energia
Cenários traçados pela consultoria mostram que a tendência é que o PLD do SE/CO chegue a R$ 482/MWh em dezembro/14.
O abastecimento de energia para 2015 pode estar comprometido, segundo avaliação da Thymos Consultoria. A empresa traçou alguns cenários para esse ano e o mais provável mostra que a tendência é chegar ao final do ano com uma Energia Natural Afluente de 34%.
"A ENA até o final do período chuvoso no Sudeste é fundamental para segurança e preços", afirmou o presidente da Thymos Energia, João Mello, durante o Fórum Agenda Regulatória: Regulação e Mercado, que aconteceu nesta quinta-feira, 13 de março no Rio de Janeiro.
A consultoria ainda traçou cenários de tendências para o PLD do Sudeste/Centro-Oeste neste ano. No cenário mais provável, o preço cairia dos atuais R$ 822,83/MWh para R$ 732/MWh em abril, chegaria a R$ 540/MWh em setembro e fecharia o ano em R$ 482/MWh em dezembro. "Isso levando em consideração a situação que temos hoje", declarou.
O que poderia melhorar a situação do abastecimento em 2015, de acordo com Mello, seria uma redução da demanda, que poderia ser estimulada pelas distribuidoras, premiando, por exemplo, consumidores que conseguissem reduzir seu consumo. (canalenergia)

Temperaturas extremas e a produção energética mundial

Temperaturas extremas pressionam produção energética no mundo
Brasil sente os efeitos das altas temperaturas e de chuvas insuficientes
A tendência já verificada por cientistas de que extremos climáticos se tornem mais comuns, fazendo com que sejam registradas com frequência temperaturas muito mais altas ou muito mais baixas do que a média, tem pressionado a produção de energia no mundo.
Um relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, ligado à ONU) havia indicado, no semestre passado, que as mudanças nos padrões climáticos devem levar não apenas a temperaturas mais altas, como também a mais seca e enchentes. Estudos sugerem também que alterações em ventos de grande altitude, provocados pelas mudanças climáticas, favoreçam ondas de frio extremo.
Em países como Brasil, Argentina, Austrália, Estados Unidos e Canadá, operadoras de energia têm identificado mudanças nos padrões de consumo, com novos picos, em grandes partes causadas pela necessidade de resfriar ou aquecer ambientes.
Ainda que não haja dados globais de consumo relacionados à temporada de forte calor e frio, a Agência Internacional de Energia aponta a forte correlação entre as temperaturas externas e o uso energético – e explica que o consumo extra muitas vezes tem anulado “os efeitos de medidas tomadas para melhorar a eficiência energética”.
No caso brasileiro, o verão extremamente quente e seco provocou recordes históricos de demanda de energia em dias de janeiro e fevereiro, segundo dados da ONS (Operadora Nacional do Sistema Elétrico).
Em 12/03/14 a operadora informou que o consumo de energia em fevereiro subiu 7,8% em relação ao mesmo mês de 2013.
Foram batidos consecutivos recordes de uso de energia, culminando com o pico histórico de demanda de 85.708 megawatts às 15h41 de 5 de fevereiro. “A causa se deve à continuidade das altas temperaturas e ao índice de desconforto térmico na hora de maior insolação”, constata boletim da operadora.
Além disso, o calor e a mudança nos padrões de consumo alterou os horários de pico brasileiros – tradicionalmente eram por volta de 18h às 20h, mas passaram a ocorrer entre 14h30 às 15h30, puxados em boa parte pelo uso de ar-condicionado em residências, escritórios e espaços comerciais.
“Um dos principais fatores é que aumentou muito a posse de aparelhos de ar-condicionado, (puxada pelo) aumento de renda e a nova classe média. Além disso, quando faz mais calor, é preciso mais energia para conseguir resfriar o ambiente”, diz à BBC Brasil Mauricio Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética, vinculada ao Ministério de Minas de Energia.
“Antigamente, o horário de ponta tinha o chuveiro elétrico como vilão. Agora, o ar tem ficado ligado durante boa parte do dia.”
Estiagem
O problema maior atual, no entanto, não é o aumento consumo de energia no Brasil, opina Nivalde de Castro, coordenador do Grupo de Estudos do Setor de Energia Elétrica (Gesel) da UFRJ.
“O problema é a seca, num período (de verão) em que deveríamos ter tido chuvas”, diz Castro à BBC Brasil, em referência à falta de chuvas no Sudeste brasileiro entre janeiro e fevereiro. “Como nossa matriz energética é 90% de hidrelétricas (ou seja, dependente da água da chuva), estamos perdendo reservatórios com as altas temperaturas e a falta de chuvas.”
Ele cita medições indicando que, nos primeiros 15 dias de fevereiro, choveu apenas um terço da média esperada para essa época do ano. No mês, as chuvas no Sudeste/Centro-Oeste tiveram o segundo pior volume do histórico de dados, desde que passaram a ser registrados.
Castro e Tolmasquim explicam que uma mudança importante é que o país não tem mais construído hidrelétricas com reservatórios de água (por motivos ambientais e porque o potencial dessas represas se esgotou). Na ausência de uma reserva, a chuva é ainda mais essencial para manter elevados os índices das hidrelétricas. E, na ausência de chuvas, o país tem tido que recorrer com mais frequência às usinas térmicas, que são mais poluentes.
Problema global
Os inconvenientes pelas altas temperaturas se repetiram na Austrália no início do ano, onde a alta demanda por energia elétrica provocou apagões pontuais em algumas regiões; e na Argentina, onde o jornal La Nación informou, em 1º de fevereiro, que o calor também provocou dias de recorde de consumo energético.
Já na América do Norte, o problema recente foi o frio extremo do início do ano, causado pelo fenômeno do vórtice polar (massas de ar do ártico na forma de ciclones) e por persistentes ondas frias.
“As temperaturas ao leste das Montanhas Rochosas estão significativamente mais frias neste inverno em comparação com o ano passado e a média anterior de dez anos, colocando pressão crescente sobre o consumo e sobre o preço de combustível para aquecer ambientes”, diz relatório de fevereiro da Administração de Informações Energéticas dos EUA.
Efeito semelhante foi sentido no leste do Canadá.
Relatório de fevereiro da Organização Meteorológica Internacional, ligada à ONU, lista “uma série de condições climáticas extremas nas primeiras semanas de 2014, dando continuidade a um padrão visto em dezembro de 2013”. (ecodebate)