Ao longo da história, a humanidade foi aprendendo a utilizar
a força dos ventos seja nos moinhos, rodas d’água, veleiros, barcos à vela,
ventilação das casas, etc. A utilização do vento para produzir energia é
antiga. Os primeiros moinhos de vento apareceram na Pérsia e se espalharam por
outras partes do Oriente Médio, Europa e Ásia. Mas a utilização da força dos
ventos sempre foi limitada.
Em 1881, William Thomson propôs o uso da energia eólica como
alternativa ao carvão. De lá prá cá surgiram os aerogeradores e os parques
eólicos, que são conjuntos de centenas de aerogeradores individuais ligados a
uma rede de transmissão de energia elétrica. O grande potencial da energia
eólica se dá pela conversão da força dos ventos em eletricidade, por meio da
utilização destes aerogeradores de diversas capacidades de geração de energia.
Segundo dados da Agência Internacional de Energia (AIE), a
energia eólica responde atualmente por 2,5% da participação na matriz elétrica
mundial. Todavia, esse número pode saltar para 18% até 2050. Para garantir este
crescimento, contudo, a AIE prevê que serão necessários investimentos de cerca
de US$ 150 bilhões por ano – quase o dobro dos US$ 78 bilhões investidos no
setor em 2012.
Segundo o Conselho Global de Energia Eólica (Global Wind
Energy Council – GWEC), a capacidade instalada de energia eólica era de 6,1
Gigawatts (GW) em 1996 e atingiu pouco mais de 318 GW em 2013 (isto equivale a
mais de 22 usinas de Itaipu). Um crescimento de quase 52 vezes em 15 anos. A
melhoria recente em tecnologias de energia eólica, bem como a mudança de
contexto global, em busca de fontes mais limpas, explicam o cenário mais
positivo para o setor no longo prazo
Contudo, ocorreu uma queda de 10 GW nas instalações de 2013
em comparação ao ano anterior, embora a capacidade global tenha cresceu 12,5%.
Segundo o GWEC, foram instalados 35,47 GW em 2013, abaixo dos 45,17 GW de 2012.
O pior desempenho se deve às incertezas políticas dos Estados Unidos, que tem dado
mais incentivos ao gás de xisto e às areias betuminosas, do que a energia
renovável.
A China instalou sozinha 16 GW em 2013 (mais do que uma
usina de Belo Monte) e deverá superar a Europa e os Estados Unidos na produção
de energia eólica, entre 2020 e 2025. O aproveitamento do potencial eólico no
mundo deverá poupar emissões de gases efeito estufa de até 4,8 bilhões de
toneladas por ano até 2050. Porém, diversos obstáculos podem retardar esse
processo, especialmente a falta de apoio político, como a briga no Congresso
americano é um péssimo exemplo.
A produção em pequena escala pode ser viável para as
famílias, comunidades e empresas, democratizando a produção das energias
alternativas. Mas caberá aos governos promover a construção de redes
inteligentes de energia (smart grids), que são uma nova arquitetura de
distribuição de energia elétrica, mais segura e inteligente, que integra e
possibilita ações a todos os usuários a ela conectados.
Nestas redes, o fluxo de energia elétrica e de informações
se dá de forma bidirecional. Assim, a energia tradicionalmente gerada,
transmitida e distribuída de forma radial a partir de instalações das
concessionárias poderá, também, ser gerada e integrada às redes elétricas a
partir de unidades consumidoras. Cria-se, então, a figura do prosumidor,
aquele que é produtor e consumidor, que produz e que fornece energia à rede.
O Brasil tem o privilégio de ter ampla disponibilidade de
ventos, mas falta firmeza para agir com inteligência e visão de longo prazo.
Seria preciso seguir o ritmo de países como Dinamarca e China para avançar na
utilização fontes mais limpas, descarbonizando a matriz energética e reduzindo
a dependência que o Brasil possui da energia hidrelétrica que altera e represa
o curso dos rios, com graves danos ambientais. Neste verão abrasador de 2014 e
com poucas chuvas os reservatórios de água estão vazios e a força dos ventos
poderia amenizar a escassez de energia. Porém, segundo a Associação Brasileira
de Energia Eólica, dos 144 parques eólicos prontos, 48 não estão ainda
interligados ao sistema por falta de linhas de transmissão. Seriam 1,27 GW a
mais, suficiente para evitar apagões.
O crescimento da produção de energia eólica e solar, mesmo
não sendo uma panaceia para todos os problemas do desenvolvimento, pode
contribuir para mitigar as dificuldades advindas de um possível “Pico de
Hubbert” e as tendências de acirramento do aquecimento global, podendo ser uma
maneira de promover outro tipo de modelo econômico, mais integrado ao meio
ambiente, com menos emissão de CO2 e que respeite a biodiversidade.
(ecodebate)
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