Três anos da tragédia nuclear de Fukushima – Carta Aberta ao
Primeiro-ministro do Japão
Usina de
Fukushima, após o desastre nuclear – Em 11 de março de 2011, o mundo soube da
tragédia de Fukushima: um fortíssimo terremoto e um tsunami de grandes
proporções, a que se seguiu a explosão de uma usina nuclear com todas as
consequências de um acidente nuclear: a difusão de radioatividade, que
permanecerá ativa durante anos, ameaçando muitas gerações.
11 de março de 2014,
três anos da tragédia de Fukushima. Maior tragédia nuclear ocorrida até então.
No ano passado em
várias capitais brasileiras foram entregues cartas nos consulados e na
Embaixada Japonesa lembrando este fatídico dia.
Aqui no Recife um
grupo de pessoas foi impedida de chegar até o consulado japonês e entregar uma
carta ao cônsul, endereçada ao primeiro ministro japonês.
Dai esse ano,
resolvemos localmente divulgar uma carta aberta dirigida ao primeiro ministro
japonês. A mesma está sendo entregue em vários consulados e na embaixada em
Brasília, manifestando nossa solidariedade às vitimas da tecnologia atômica, em
todo o mundo, e nosso apoio às exigências dos japoneses que anseiam pela
imediata indenização de todos os trabalhadores e das populações afetadas pela
tragédia de Fukushima; pela evacuação imediata das crianças e comunidades da
região; pela revogação da lei que ameaça a liberdade e o direito à informação;
pelo fechamento das usinas nucleares e pela não exportação desta tecnologia
para outras partes do Planeta!
Grato pela
divulgação,
Heitor Scalambrini
Costa - Articulação Antinuclear Brasileira
Carta aberta ao
primeiro ministro do Japão
Excelentíssimo Sr.
Shinzo Abe,
MD Primeiro Ministro
do Japão
Em 13 de setembro de
2013, completava 26 anos o acidente com o Césio-137, maior tragédia atômica
ocorrida em área urbana que vitimou milhares de pessoas em Goiânia, capital de
Goiás (Brasil).
Nessa mesma data, 114
organizações japonesas, 107 organizações brasileiras, 32 Prêmios Nobel
Alternativo e outras entidades dirigiram à autoridades diplomáticas e
governamentais, japonesas e brasileiras, uma Declaração (abaixo reproduzida)
contra um acordo nuclear Brasil/Japão, em defesa de um tratado de cooperação
para o uso de energias renováveis entre os dois países.
O silêncio das
autoridades referidas acima, frente a essa iniciativa, não abalou nossa
convicção de que o diálogo é o melhor caminho para a consolidação da paz no
mundo!
Por isto mesmo, no
terceiro ano do colapso de Fukushima, voltamos a nos dirigir a V. Exa,
manifestando preocupação com os prejuízos que o Japão vem causando à
humanidade, pelas dificuldades de controlar a radioatividade liberada pelas
avariadas usinas Daiichi que, por 3 anos, contamina trabalhadores, populações e
o meio ambiente. Material radioativo segue fluindo das usinas para águas
subterrâneas, desembocando no Oceano Pacífico.
Desde que a imprensa
noticiou, em outubro passado, que V. Exa, reconhecendo a gravidade da situação,
pediu ajuda tecnológica qualificada ao mundo todo para solucionar os impactos
do acidente de Fukushima, aumenta por toda parte o temor pelo futuro do
planeta, pois sabemos, todos, que usinas nucleares são mortais e a radiação
atômica não respeita fronteiras. Apesar do apoio dos EUA e dos bilhões de
dólares já gastos na “descontaminação”, o fracasso para evitar o vazamento de
radioatividade em Fukushima evidencia a incompetência da tecnologia nuclear
japonesa. Mas o governo continua exportando esta perigosa tecnologia para
países, como Índia, Turquia e Vietnã, ampliando o raio de ameaça para outros
povos.
Mais preocupante
ainda é que o governo está apoiando leis de sigilo que criminalizam autores de
noticias sobre supostos “segredos” nucleares. Toda a mídia do Japão e até o New
York Times se opõem a esta repressiva legislação, que poderá transformar em
crime informação sobre vazamentos radioativos e perigos em usinas nucleares
japonesas.
Nesta oportunidade,
estamos nos dirigindo a V. Exa. para, mais uma vez, manifestar nossa
solidariedade às vitimas da tecnologia atômica, em todo o mundo, e nosso apoio
às exigências dos japoneses que anseiam pela imediata indenização de todos os
trabalhadores e das populações afetadas pela tragédia de Fukushima; pela
evacuação imediata das crianças e comunidades da região; pela revogação da lei
que ameaça a liberdade e o direito à informação; pelo fechamento das usinas
nucleares e pela não exportação desta tecnologia para outras partes do Planeta!
Receba, Sr. Ministro,
a expressão de nossa mais alta estima. (ecodebate)
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