Dia 14 de julho de
2014, contrariando todas as segundas-feiras, foi a mais alegre do Brasil. As
pessoas bem humoradas, dizendo bom dia a desconhecidos, rindo a toa, cantando
nas ruas, a caminho do trabalho, da feira, da escola. Sim, esta tinha sido a
Copa das Copas. Começando pelo transporte público que melhorou muito, os ônibus
estavam mais confortáveis, trafegando em vias exclusivas, sem demora e com
passagens mais baratas, sem falar dos cinco mil quilômetros de ciclovias
construídos nas diversas capitais espalhadas pelo país. Isto dava orgulho! Ao
se decidir que não se construiria mais doze estádios e sim oito, uma vez que ao
menos quatro deles (Natal, Cuiabá, Manaus e Brasília) seriam sérios candidatos
a “elefantes brancos”, pôde-se reverter este dinheiro para a construção das
escolas, creches, postos de saúde e hospitais. Foram cerca de R$3.5 bilhões de
investimentos para os setores que foram mais demandados nos protestos de rua de
2013, quando o “gigante acordou”. Já um acordo com FIFA permitiu que os
impostos que seriam perdoados pelo governo brasileiro à instituição, cerca de
R$1.1 bilhão somente de impostos federais, pudessem ser usados para a
indenização e construção das casas de quase 200 mil pessoas desapropriadas para
as obras da Copa.
Com ajuda do PAC
(Programa de Aceleração do Crescimento), oito novos hospitais foram construídos
para cada estádio erguido, assim como cem novas escolas. Todos os projetos
executados dentro dos princípios da construção sustentável, com certificação
ambiental, elogiados pela mídia internacional, mostrando que o Brasil também
podia fazer parte do Primeiro Mundo. Outros R$500 milhões foram usados para
construção de centros esportivos menores nas cidades que ficaram sem os
estádios, incentivando assim o esporte na sua base, em diversas modalidades.
Os sistemas de
energia solar colocados nos oitos estádios em parceria com as concessionárias,
transformaram as arenas em mini-usinas. Sendo que somente 10% desta energia é
utilizada nos estádios, os outros 90% alimentam residências a um custo menor.
Somando cerca de 12 MWp (Mega-Watts), com cerca de 50 mil módulos fotovoltaicos
instalados, os projetos injetam em média 8MW no sistema de distribuição de
energia elétrica do país, o suficiente para abastecer cerca de 10 mil
residências. Uma economia de energia nunca vista antes, diminuindo assim o
risco de racionamento durante os períodos de pouca chuva.
Quanto a
infraestrutura para a mobilidade, esta foi exemplar, pois estradas foram
recuperadas, viadutos foram construídos, áreas de lazer, como praças e jardins
foram estrategicamente implantados em áreas degradadas de centros urbanos e em
áreas de estacionamentos desapropriados. Isto foi possível graças a redução do
número de veículos nas cidades, já que o programa de incentivo ao uso das
bicicletas e dos carros compartilhados foi um sucesso. Sem falar é claro, do
aumento das linhas de metro e também dos sistemas de BRT (Bus Rapid Transit)
que aumentaram em 600% seu atendimento ao público. Os ônibus elétricos ainda
ajudaram a melhorar a qualidade do ar, pois caíram consideravelmente as
emissões de carbono.
Na área de
saneamento, pode-se perceber a volta da biodiversidade a Baía de Guanabara
despoluída, assim como dava vontade até de pescar nos Rios Tietê e Pinheiros da
cidade de São Paulo e nos Rio Belém e Barigui, em Curitiba, com águas
cristalinas e cheias de peixes. A qualidade das obras e controle sob o uso do
dinheiro público foram alcançadas graças as CMTs (Comissões Mistas
Transparentes) formada por membros dos CREAs (Conselhos Regionais de
Engenharia), das universidades e de representantes da sociedade civil
organizada. Nenhuma obra foi atrasada, verba mal utilizada ou desviada, tudo
era cuidadosamente publicado no portal da transparência.
Também foi
significativa a redução de resíduos e as novas abordagens no tratamento, graças
as parcerias com as universidades na busca de soluções inovadoras. O programa
para diminuir o resíduo orgânico foi alcançado por meio de incentivos a
compostagem e minhocultura, que foram conquistando a sociedade pouco a pouco,
uma vez que se iniciou com dois anos de antecedência. Com orientação de
professores e alunos, a população passou a criar hortas urbanas em seus
quintais, áreas de jardins de prédios, praças públicas, terrenos abandonados, resolvendo
ao mesmo tempo o problema do seu próprio lixo e o acesso a alimentos mais
saudáveis. Estes novos hábitos, também ajudaram a criar um senso de comunidade
nos bairros, aumentando a segurança e fazendo com as pessoas trabalhassem para
o coletivo. O legado da Copa estava se consolidando e o mundo aplaudia o
Brasil! Até mesmo os protestos esperados, vendo o que o país havia conquistado,
foram cancelados.
A arte e a cultura
não foram esquecidas devido a nova lei aprovada, que reservou 1% do PIB
(Produto Interno Bruto) de cada Estado para o financiamento de mais de mil
projetos de teatro, dança e audiovisual. É claro que o Brasil não ter sido hexa
campeão deixou alguns tristes, mas também serviu para uma reformulação completa
na CBF, profissionalizando a instituição e livrando a mesma dos
“cartolas-políticos”, consolando assim o esperançoso povo brasileiro para 2018.
Ah, sim, esta foi a verdadeira Copa das Copas. Anfitriões que receberam todos
os povos de braços abertos e com alegria, afinal tinha seu legado: um país
melhor! A derrota da seleção canarinha foi apenas um detalhe! (ecodebate)
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