sábado, 26 de julho de 2014

Energia renovável gera 6,5 milhões de empregos no mundo

A Associação Internacional de Energia Renovável estimou que os empregos renováveis, criados pela indústria de energia renovável – que exclui as grandes hidrelétricas – chegaram a 6 milhões e 500 mil em 2013. Houve um crescimento de 14,5% em relação a 2012, quando esses empregos chegaram a 5 milhões e 700 mil.Os maiores empregadores foram China, com pouco mais de 2 milhões e 600 mil empregos, Europa, com 1 milhão 250 mil,  Brazil, com perto de 900 mil, Estados Unidos, com 600 mil, e Índia, com 400 mil. Na Europa, a Alemanha é de longe o maior gerador de empregos em energia renovável, com mais de um terço do total da região, quase 400 mil empregos. Espanha também é grande empregadora, com mais de 100 mil empregos no setor de renováveis.
O relatório, Renewable Energy and Jobs: Annual Review 2014, mostra que os setores mais dinâmicos são os de geração elétrica solar fotovoltaica e eólica. Os setores de biocombustíveis líquidos, biomassa moderna e biogás também são grandes geradores de empregos.
Empregos Renováveis 2013 – IRENA
Hoje há quase 2 milhões e 300 mil pessoas empregadas no setor de geração solar fotovoltaica em todo o mundo (metade na China) e mais de 800 mil no setor de geração eólica de eletricidade. Em ambos, principalmente em instalação e manutenção de centrais. Mas o setor de manufatura também tem se mostrado bastante dinâmico. O segundo maior empregador, depois da solar, é o setor de biocombustíveis líquidos, com quase 1 milhão e meio de empregos. Biomassa, emprega quase tanta gente quanto eólica com quase 800 mil empregos. A China é quem gera mais empregos nas indústrias solar fotovoltaica e eólica. O Brasil é forte empregador em biocombustíveis líquidos, biomassa e eólica.
Países com mais empregos renováveis 2013 – IRENA
São empregos de melhor qualificação e mais bem remunerados que os empregos das indústrias tradicionais. Para manter esse dinamismo, diz o relatório, três fatores são cruciais: políticas de energia renovável estáveis e previsíveis (coisa que o Brasil hoje certamente não tem, com temos visto ao longo dessa crise de energia que atravessamos), educação e treinamento de qualidade. Em muitos países já se experimentam dificuldades para encontrar trabalhadores qualificados. Em eólica, profissionais para desenvolver projetos, técnico de serviços e manutenção, engenheiros especializado elétricos, de computação, mecânicos e construção, inspetores de instalações estão em falta. No setor de fotovoltaica, faltam também engenheiros especializados elétricos, de operação e manutenção. Em bioenergia, faltam engenheiros capacitados para pesquisa e desenvolvimento, técnicos em manutenção e serviços especializados e pessoal de treinamento.
No Brasil, diz o relatório, a maior indústria de energia renovável é a da bioenergia, principalmente bioetanol que gera quase 540 mil empregos diretos e biodiesel, com em torno de 80 mil empregos diretos. A geração eólica vem em seguida. Um setor muito novo no Brasil, mas já criou mais de 30 mil empregos diretos. O relatório acentua que o setor de bioenergia está em processo de mudança contínua e de longo alcance. A crescente mecanização do cultivo e corte da cana reduziu o número de empregos diretos, segundo o relatório, de perto de 460 mil, em 2006, para perto de 330 mil, em 2012. Ao mesmo tempo, os empregos na produção de etanol aumentaram de quase 180 mil, em 2006, para mais de 200 mil, em 2012, informa o relatório com base nos dados da RAIS/MTE (2014). Mas o emprego na produção caiu entre 2012 e 2009-2011. Neste último período, era de quase 215 mil.
O que o relatório não diz, é que a mecanização é uma medida positiva e desejável, tanto em termos humanos, quanto ambientais. O corte manual da cana, sobretudo, é extremamente danoso à saúde dos trabalhadores, reduzindo dramaticamente sua expectativa de vida. A queima da palha da cana, necessária para o corte manual, tanto para facilitar o trabalho, quanto para eliminar o risco de picada de cobras venenosas, gera material particulado que contém elementos cancerígenos, comprovados em várias pesquisas científicas. Além disso, é um poluente muito tóxico, que reduz a qualidade do ar das cidades vizinhas às plantações e compromete a saúde pública. Os trabalhadores que são reempregados nas próprias fazendas/usinas de cana, conseguem empregos de melhor qualidade e recebem qualificação para poderem exercê-los. O desemprego daqueles que a indústria não consegue reempregar, embora também recebam qualificação para melhorar sua empregabilidade, não pode e não deve servir de justificativa para interromper a mecanização.
Outra questão que o relatório não chega a mencionar é a crise em que a indústria de bioenergia, principalmente do bioetanol se encontra há anos, pelos impactos combinados de eventos climáticos extremos, que levaram a sucessivas quebras de safras, e erros de política governamental. O subsídio à gasolina e a falta de incentivos ao investimento para renovação dos canaviais, reduziram a competitividade e a produtividade do etanol e fazem os motores flex serem 80% motores a gasolina. Além disso, a falta de estímulos e políticas adequados induz a indústria a certa inércia tecnológica, que mantém os motores flex menos eficientes no uso do álcool. (ecopolitica)

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