Especialistas preveem expansão do setor de energia eólica
offshore
Com aperfeiçoamento
da tecnologia e especialização da mão de obra, parques em alto mar já podem ser
construídos de maneira mais rápida e barata. Custo de produção também deve
diminuir na próxima década.
“O clima no setor de
energia eólica offshore está dividido”, define Ronny Meyer, diretor da agência
Wab, que representa os interesses do setor de energia eólica offshore (em alto
mar). Por um lado, os produtores e fornecedores de turbinas, torres e pás
eólicas não recebem encomendas há dois anos, e, “por isso, o clima entre eles é
ruim”. Já as companhias marítimas e montadoras vivem um momento muito bom, com
as agendas lotadas. “Estamos construindo sete parques eólicos offshore
paralelamente”, diz Meyer.
A maioria dos parques
eólicos em alto mar fica na Europa. Segundo o Relatório Mundial de Energia
Eólica, a capacidade de produção instalada offshore chegou a 7,4 gigawatts (GW)
em 2013, sendo que 6,9 GW do total estão concentrados na Europa e os outros 0,4
GW, na China. Metade da capacidade instalada mundial está no Reino Unido (3,7
GW), seguido pela Dinamarca, com 1,3 GW, e Alemanha, com 0,9 GW.
Em comparação com a
energia eólica onshore, ou seja, produzida em terra firme, a offshore ainda
está dando seus primeiros passos. Até o fim de 2013, a capacidade instalada dos
parques eólicos onshore era de 312 GW no mundo, enquanto no mar era de apenas 7
GW.
No entanto, o setor
offshore está otimista. Se em 2013 a energia produzida em alto mar correspondia
a 5% do total da energia eólica produzida no mundo, nos pioneiros Reino Unido,
Dinamarca e Alemanha, a parcela já chegava a 28%.
Os trabalhos de
desenvolvimento e aperfeiçoamento do setor levaram cerca de uma década, tendo
os primeiros parques offshore bem-sucedidos sido construídos no Mar do Norte e
no Mar Báltico. Agora, o setor vive o início de sua fase industrial.
“Aprendemos muito.
Agora temos navios de montagem, tecnologia e mão de obra qualificada, e podemos
construir parques eólicos offshore de maneira bem mais rápida e barata”, diz
Meyer.
Segundo o
especialista, na Alemanha, turbinas com capacidade de 2,6 GW serão integradas à
rede em 2014 e 2015, e parques com capacidade de produção de três GW começarão
a ser construídos em breve, enquanto outros são planejados. Meyer prevê um
forte crescimento mundial do setor, principalmente na Europa, na China e nos
Estados Unidos.
No Reino Unido, na Dinamarca e na Alemanha, energia offshore já representa 28% da energia eólica produzida
No Reino Unido, na Dinamarca e na Alemanha, energia offshore já representa 28% da energia eólica produzida
Custo de produção
Atualmente, o custo
para energia produzida em parques offshore fica entre 13 e 15 centavos de euro
por quilowatt-hora (kWh). “Nos próximos dez anos, poderemos reduzir esse valor
em 30%, ficando abaixo de 10 centavos”, diz Meyer.
O instituto econômico
Prognos chegou a um resultado parecido num estudo recente, e estima, em longo
prazo, um custo médio de 9,5 centavos de euro por quilowatt-hora (kWh) para a
energia eólica offshore.
Comparada à energia
nuclear ou à gerada a partir do carvão, essa fonte é mais barata. Porém, em
relação à energia eólica produzida em terra firme e à energia solar, a energia
eólica offshore é entre 30 e 70% mais cara.
Apesar da diferença
no preço, Meyer vê futuro para a energia gerada em alto mar. “Como sempre há
vento no Mar do Norte, com a energia offshore precisaremos de menos capacidade
de armazenamento, pouca ampliação na rede de transmissão, e menos usinas
reservas, movidas a recursos fósseis”, reforça.
Num estudo, o
Instituto Fraunhofer para Energia Eólica e Técnicas de Sistemas (IWES, na sigla
em alemão) também recomenda a construção de parques offshore para cobrir a
demanda da energia para eletricidade, calor e transporte na Alemanha até 2050.
O instituto aconselha uma ampliação na produção de 2 GW por ano.
Apoio da política
O setor offshore
mostra estar satisfeito com as políticas adotadas. “Em alguns países, vemos um
forte apoio ao tema energia eólica offshore. Os governos reconheceram que
também se trata de um tema político-industrial, e que o setor pode gerar
empregos”, afirma Meyer.
Na Alemanha, a
produção de energia eólica offshore já emprega 18 mil pessoas. Meyer também se
diz satisfeito com o projeto de lei para a ampliação do uso de energias
renováveis no país. Entretanto, ele critica as idas e vindas da política
energética alemã. “Isso é um veneno para investimentos bilionários em projetos
longos e espanta investidores internacionais.”
Apesar disso, o
especialista reitera que a Alemanha estabeleceu uma mudança da matriz
energética como objetivo, e, “para isso, tanto a energia eólica em alto mar
quanto a em terra firme são necessárias”. (ecodebate)
Nenhum comentário:
Postar um comentário