Mais econômicas, lâmpadas fluorescentes podem causar danos
ambientais e à saúde
Incandescentes de 60
watts começam a ser substituídas pelos modelos fluorescentes. Iniciativa deve
prever reciclagem para evitar poluição ambiental e riscos à saúde.
Já fora de circulação
na Europa, as lâmpadas incandescentes também estão com os dias contados no
Brasil. A partir de 01/07/14, as de 60 watts deixam de ser fabricadas e
importadas. As mais fortes já foram proibidas, e as mais fracas sairão de
produção em 2015. Se, por um lado, a iniciativa tem por objetivo economizar
energia, por outro pode causar danos ambientais e à saúde.
Para que a
substituição das lâmpadas incandescentes pelas fluorescentes seja vantajosa em
todos os aspectos, ela precisa vir acompanhada da destinação final correta dos
novos modelos, que contêm chumbo e mercúrio. Se simplesmente jogadas no lixo
comum, as lâmpadas fluorescentes podem contaminar o ar, o solo e os lençóis
freáticos.
O mercúrio e o chumbo
são extremamente tóxicos e prejudiciais à saúde. O mercúrio tem um efeito
cumulativo no organismo, ataca o sistema nervoso e pode resultar em má formação
embrionária, câncer e até morte. O chumbo também causa câncer e ataca o
cérebro, os rins e os sistemas digestivo e reprodutor.
“Todos esses
problemas podem ocorrer quando há um incentivo ao uso das lâmpadas
fluorescentes sem os cuidados com a destinação correta”, afirma a professora de
química ambiental Marta Tocchetto, da Universidade Federal de Santa Maria.
Segundo ela, que
também faz parte da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental
(Abes), só 6% das lâmpadas fluorescentes são recicladas no Brasil. A grande
maioria vai parar no lixo comum.
A Política Nacional
de Resíduos Sólidos (PNRS) prevê que os fabricantes das lâmpadas fluorescentes
sejam responsáveis pela coleta e pelo destino final adequado desses produtos.
“Mas até agora não houve a finalização de um acordo entre governo e empresas,
pois a dificuldade está em quem vai pagar por esse processo”, diz Tocchetto.
O Ministério do Meio
Ambiente, que é o responsável pela Política Nacional de Resíduos Sólidos, não
respondeu à consulta feita pela DW sobre o tema.
Substituição foi
criticada na Alemanha
Na Europa, a
substituição das lâmpadas incandescentes começou em 2009, e a última leva foi
proibida em 2012.
Na Alemanha, a medida
foi muito criticada. Consumidores reclamavam da luz gerada pelos modelos mais
econômicos, considerada mais fria. As críticas também focavam na questão
ambiental e de saúde. Havia uma preocupação com relação ao mercúrio contido nas
lâmpadas fluorescentes.
“O importante nessa
história é informar as pessoas sobre o que elas estão comprando. Elas precisam
saber que as lâmpadas fluorescentes possuem uma quantidade mínima de mercúrio e
precisam saber o que acontece quando uma lâmpada dessas quebra”, diz Thomas
Fischer, da organização ambientalista Deutsche Umwelthilfe.
Lâmpadas
fluorescentes contêm mercúrio e chumbo
A reciclagem está
prevista na Alemanha, mas, quando as lâmpadas fluorescentes queimam, é o
consumidor que deve levá-las aos pontos de recolhimento da prefeitura ou às
lojas que as recolhem. “Nós ambientalistas vemos problemas aí, porque muitos
desses pontos estão abertos somente alguns dias da semana e em poucos horários,
além de serem longe dos centro das cidades”, diz Fischer, acrescentando que,
até o ano que vem, uma lei deve ser votada para obrigar o comércio a recolher
esse material.
Um estudo da
organização, de 2011, afirma que a troca de 60% das lâmpadas incandescentes
seria suficiente para reduzir em 4,5 milhões de toneladas as emissões de
dióxido de carbono no país. Somente na Alemanha, essa substituição tinha um
potencial de economia de 22 bilhões de quilowatts-hora, o equivalente a duas
pequenas usinas movidas a carvão.
Economia de energia
No Brasil, os
estoques das lâmpadas incandescentes de 60 watts, as mais comuns no país, ainda
podem ser vendidos durante um ano. A substituição gradual das incandescentes
pelas fluorescentes foi estabelecida em 2010 pelo governo federal e faz parte
do Plano Nacional de Eficiência Energética, que pretende combater o desperdício
de energia e preservar os recursos naturais.
Em 2012 foram
proibidas a fabricação e a importação das lâmpadas incandescentes de até 150
watts; em 2013, das de 61 a 150 watts; e, agora, das entre 41 e 60 watts. Em
2015, será a vez das lâmpadas de 25 a 40 watts e, em 2016, das demais.
Segundo o professor
de engenharia elétrica Edson Watanabe, da Universidade Federal do Rio de
Janeiro, a iniciativa contribui significativamente para a economia de energia.
“As lâmpadas incandescentes são ineficientes porque transformam apenas 5% da
energia que consomem em luz. O resto vira calor”, diz.
O diretor técnico da
Associação Brasileira da Indústria de Iluminação, Isac Roizenblatt, calcula o
que a mudança representa para o bolso do consumidor. “Na substituição de uma
lâmpada incandescente de 100 watts por uma fluorescente compacta de 23 watts,
por exemplo, a economia é de cerca de 30 reais em mil horas de utilização, ou
aproximadamente um ano.”
Apesar de avaliar
positivamente a política de troca das lâmpadas, Watanabe reforça que o descarte
das fluorescentes tem que ser controlado. “É preciso também uma campanha de
conscientização para evitar que elas sejam jogadas fora de qualquer jeito,
porque realmente podem causar problemas.” (ecodebate)
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