segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Crise elétrica não é só por causa da seca

Crise elétrica não é só por causa da seca, apontam especialistas
Para o diretor da Coppe, economizar energia é a única medida possível no curto prazo.
A crise do setor elétrico não é apenas responsabilidade de São Pedro. Pelo contrário, as dificuldades no suprimento de energia se dão por explicações bem menos metafísicas: o setor está vulnerável as variações de curto prazo, em parte, graças à redução da capacidade de armazenamento das hidrelétricas. Os reservatórios foram projetados para suportar até três anos de seca, porém, não é isso que vem acontecendo. O setor iniciou ano de 2012 com o maior armazenamento da história (75%), porém chegou a dezembro de 2014 no pior nível (22%).
O esvaziamento, segundo a consultoria PSR, não ocorreu por causa de um excesso de demanda, tão pouco pela ausência do acionamento do parque termelétrico, que desde outubro de 2012 está funcionando a toda capacidade. Além disso, se considerado o triênio (2012, 2013 e 2014), a hidrologia não foi das piores, de acordo com a consultoria. "O fato é que a demanda foi medíocre, a hidrologia não foi ruim e as térmicas estavam ligadas. A única coisa que não é fato é a afirmação do governo que tem sobra de energia", disse Mauro Veiga, presidente da PSR, que participou do seminário "A crise hídrica e a geração de energia", evento promovido pelo Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), realizado nesta segunda-feira, 2 de janeiro.
Veiga explicou que o problema do suprimento de energia no país não é responsabilidade apenas da falta de chuva. A explicação se baseia em dados técnicos que apontam que os reservatórios estão esvaziando muito mais rapidamente do que se pode imaginar. Para ele, a operação das hidrelétricas está superdimensionada, o que acaba descolando da realidade o real risco hidrológico do país.
O diretor da Coppe, Luiz Pinguelli Rosa, reconheceu que a situação hidrológica é severa, mas não é inédita. Houve situações no passado como as vividas neste momento. Para ele, os cálculos usados para a previsão de geração de energia precisam ser corrigidos. "Chegamos à situação crítica atual graças ao mau uso das UHEs", disse o diretor do Coppe. Desde 2008, a capacidade de armazenamento dos reservatórios está diminuindo e um dos motivos seria o assoreamento dos rios. Pinguelli disse ainda que enviou na semana passada uma recomendação oficial ao ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga.
"O que foi dito ao ministro é que a medida imediata necessária e possível é economia de energia. Não chamar isso de racionamento é uma decisão política. Mas tecnicamente já passou da hora de uma política de econômica de energia elétrica." Para o diretor do Instituto de Desenvolvimento do Setor Energético (Ilumina), Roberto D'Araújo, o governo precisa reconhecer que os modelos precisam ser corrigidos para que o setor seja planejado com uma base em dados mais aderente à realidade. "É preciso reconhecer que o termômetro está quebrado", criticou. (canalenergia)

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