Seca e a crise energética: agronegócio já
contabiliza graves prejuízos.
Se a estiagem continuar por mais tempo em boa parte do País e se a crise
do setor elétrico não for contornada rapidamente, tudo indica que o ano de 2015
será bem mais difícil para os produtores rurais brasileiros. As perdas estão
sendo estimadas e há Estados que já contabilizam quedas de produção que podem
passar de 80%, como é o caso das lavouras de feijão em Minas Gerais.
O setor de grãos certamente é o mais afetado, mas os efeitos da seca
prolongada também podem ser sentidos na pecuária de corte e de leite,
suinocultura, avicultura, horticultura, entre outros segmentos do agronegócio.
Para se ter uma ideia do grave cenário, a Federação de Agricultura do Estado de
Minas Gerais (Faemg) calcula que a queda da produção mineira de leite pode
chegar a 20%, dependendo da localidade.
As perdas “variam de 5% a 20%, dependendo da região, mas lembrando que
são dados preliminares”, informou Rodrigo Alvim, diretor da entidade. Ele ainda
lembra que o pasto seco também prejudicou a pecuária de corte em Minas. Com a
seca, houve queda no número de bezerros nascidos vivos. “As vacas, no ano passado,
não entraram no cio.”
A estiagem fez o Estado perder R$ 3,37 bilhões em vendas não
concretizadas de café, milho, soja e feijão, conforme estimativa da Empresa de
Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater).
De acordo com a Faemg, no Centro-Oeste de Minas, polo da avicultura do
Estado, cerca de 10 mil aves morreram no município de São Sebastião do Oeste,
no final de janeiro. Sem energia elétrica e sem chuvas, a temperatura escapou
do controle nas granjas, atingindo 39 graus, causando a morte dos animais. Na
região Norte do Estado e no Vale do Jequitinhonha, os criadores de gado
perderam cerca de 1 milhão de cabeças por causa dos efeitos da estiagem, que já
dura três anos.
TRANSMISSÃO DE ENERGIA
A situação da seca em Goiás também é preocupante, associado às
constantes quedas de energia elétrica no Estado. Dados da Federação de
Agricultura e Pecuária da região (Faeg) estimam que as perdas da safra de soja,
por exemplo, podem chegar a R$ 1,2 bilhão.
Na opinião do presidente da entidade, José Mário Schreiner, se o
problema da crise energética que vem afetando o Brasil é grande nas cidades,
“no campo, ela fica ainda pior”. Um dos problemas apontados por ele tem sido a
grande oscilação do sistema de energia, o que ocasiona picos de voltagem e
quedas abruptas.
“Isso faz com que equipamentos eletrônicos utilizados nas propriedades
queimem, trazendo prejuízos aos produtores que, em muitos casos, não são
ressarcidos ou os processos são morosos.”
Presidente da Faeg, José Mário Schreiner afirma que, se o problema da
crise energética que vem afetando o Brasil é grande nas cidades, “no campo, ela
fica ainda pior”.
Presidente da Faeg, José Mário Schreiner afirma que, se o problema da
crise energética que vem afetando o Brasil é grande nas cidades, “no campo, ela
fica ainda pior”.
Outro problema, na visão de José Mário, é que quando a energia cai, em
diversas localidades, há uma extensa demora na religação do sistema – entre 48
e 72 horas -, o que, “no caso de algumas atividades completamente dependentes
de energia elétrica, é inconcebível”, como na produção de leite (resfriadores,
ordenhadeiras), irrigação (sistemas de pivô, gotejamento, etc.), entre outras
atividades.
“Com isso, os produtores perdem sua produção ou têm reduções em seus
índices de produtividade. A falta de novos investimentos nas linhas de transmissão
afeta, também, os novos empreendimentos, que ficam inviabilizados mediante a
ausência de energia nos locais desejados. Os projetos de expansão da rede
elétrica são extremamente morosos. Temos vários exemplos de projetos de
armazéns que são movidos a geradores de diesel, o que encarece
significativamente a atividade”, salienta o presidente da Faeg.
“Hoje, podemos dizer que os problemas com o fornecimento de energia
elétrica em Goiás é um dos principais entraves para a evolução do setor. A
falta energia para novos empreendimentos rurais derruba o grande potencial de
crescimento do agronegócio. É importante frisar que o problema não está na
geração de energia e, sim, em sua transmissão. Com linhas antigas e falta de
investimentos em manutenção, aliados a um sistema de suporte aos clientes, que
não atende à intensa demanda, o setor é diretamente afetado pelos problemas
energéticos”, explica José Mário. (agrolink)
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