Especialista defende que governo comece a
preparar plano de racionamento de energia
Especialista defende que corte no
consumo seja feito depois do período de chuvas, que termina no fim de abril.
O governo já deveria estar
preparando um plano para decretar o racionamento de energia no país, com o
objetivo de evitar o desabastecimento, disse o presidente do Instituto Acende
Brasil, Claudio Sales. Ele defende que o corte no consumo seja feito depois do
período de chuva, que termina no fim de abril.
“Devemos preparar um eventual racionamento,
porque em uma situação como esta passa a ser desejável a criação de condições
para restabelecer o nível dos reservatórios o mais rapidamente possível. E o
que temos de chuva, combinado com a demanda, não é suficiente. Só cortando o
consumo para fazer isso mais rapidamente”. Para Sales, o racionamento deve ser
feito juntamente com incentivos e normas que levem ao corte do consumo, com a
redução dos contratos de energia, para que as geradoras não sejam prejudicadas.
Nesta semana, o nível dos reservatórios do
Sistema Sudeste/Centro-Oeste, responsável pela geração da maior parte da
energia consumida no país, chegou a 16,9% de sua capacidade máxima de
armazenamento, segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico. Na mesma
época do ano passado, o nível dos reservatórios desse sistema estava em 41%.
Para o especialista, a queda do nível em plena época de chuva é um indicativo
de que o país pode ficar com reservatórios abaixo do necessário para enfrentar
o resto do ano.
O racionamento de energia deve ser precedido
de debate com os agentes do setor elétrico e de informações à sociedade sobre a
atual situação do setor, na avaliação de Sales. “É fundamental que, no
estabelecimento dos critérios de um eventual racionamento, essa questão seja
tratada com transparência, possibilitando a contribuição dos agentes do setor,
além dos consumidores, principalmente os de grande porte, que seriam fortemente
atingidos por uma medida como essa”, disse.
O especialista acredita que problemas no
fornecimento de energia, como o registrado na semana passada, devem voltar a
acontecer até o fim deste verão. Segundo ele, o problema ocorreu porque o país
não tinha capacidade de geração de energia para atender à demanda registrada
naquela tarde. “Não foi um acidente, ao contrário, estamos sujeitos a que ele
aconteça novamente ao longo deste verão, porque não há mais capacidade de
geração para adicionar ao sistema e o verão ainda está no meio”. Para Sales, as
medidas anunciadas pelo governo para aumentar a geração de energia não são
suficientes, e o país deveria ter uma reserva de pelo menos 4 mil megawatts.
Recentemente, o ministro de Minas e Energia,
Eduardo Braga, sinalizou que um racionamento não está descartado se o nível dos
reservatórios ficar abaixo de 10% da capacidade total de armazenamento. No
entanto, ele disse que o governo ainda não pensa em fazer uma campanha para
conscientizar a população sobre a importância de economizar energia, pois o
consumidor brasileiro tem capacidade de administrar o seu consumo. “Esperamos
que, de forma inteligente, o povo brasileiro, que sempre soube cuidar da sua
economia, possa definir que consumo quer, porque tem um preço a pagar por esse
consumo e está sendo informado sobre isso”, afirmou. (ecodebate)
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