“Você
não pode mudar o vento, mas pode ajustar as velas do barco para chegar onde
quer” - Confúcio (551 a.C. – 479 a.C).
O relatório
da ONU “Tendências globais em investimento em energia renovável 2016”, mostra
que houve um recorde de investimentos na produção de energia renovável em 2015,
alcançando US$ 286 bilhões, enquanto o investimento global em combustíveis
fósseis (carvão mineral, petróleo e gás) somou US$ 130 bilhões no mesmo
período.
Este
processo está em conformidade com o Acordo de Paris, da COP-21 (a conferência
do clima realizada em Paris em dezembro de 2015) e representa um passo
importante no sentido de mitigar o aquecimento global e seus efeitos, com a
elevação do nível dos oceanos e os consequentes danos nas regiões costeiras do
mundo.
As
fontes renováveis tomaram a frente e representaram 53,6% do acréscimo da
capacidade de produção de gigawatts de energia. Os Estados Unidos (EUA) e a
Europa estavam na frente dos investimentos em novos tipos de energia. Mas o
maior crescimento ocorreu na China, que a partir de 2015 investiu mais do que
os EUA e a Europa em conjunto. A Índia, mesmo estando muito atrás da China, tem
investido mais do que o Brasil.
Estes
dados são importantes para mostrar que o mundo segue um caminho inverso do
Brasil, que, infelizmente, fez uma escolha equivocada de investimento nas
jazidas abissais do pré-sal e nas hidrelétricas da Amazônia, como Jirau, Belo
Monte e São Luís do Tapajós, verdadeiros crimes ambientais.
Até
2011, a maior parte dos investimentos globais em energia renovável acontecia
nos países desenvolvidos (como vimos a liderança cabia aos EUA e à Europa). Mas
em 2015, os países em desenvolvimento superaram os países mais ricos. Esta é
uma boa notícia, pois a demanda energética cresce mais nos países emergentes.
Se a maior demanda for atendida por energias renováveis, o mundo poderá mitigar
o aquecimento global. Porém, a redução de custos e o aumento dos investimentos
precisam continuar subindo de maneira rápida para que a mudança da matriz
energética seja efetiva.
O
crescimento da energia renovável é uma boa notícia, mas não pode ser
considerada uma panaceia para todos os problemas do desenvolvimento. O caminho
para mitigar a atual crise ambiental e o aquecimento global não está livre de
obstáculos e armadilhas. Promover um salto científico e tecnológico é, sem
dúvida, uma necessidade, mas a tecnologia não resolve tudo. Se a tecnologia for
usada apenas para aumentar a eficiência econômica e incentivar o consumo,
pode-se cair no Paradoxo de Jevons (ou efeito bumerangue), que é uma expressão
usada para descrever o fato de que o aperfeiçoamento tecnológico, ao aumentar a
eficiência com a qual se usa um recurso ou se produz um bem econômico, tende a
aumentar a demanda desse recurso.
Portanto,
os investimentos em energia eólica e solar devem vir acompanhados de uma
mudança no modelo de produção e consumo que degrada a natureza e aumenta a pegada
ecológica. O mundo precisa se livrar dos combustíveis fósseis, mas também
precisa caminhar rumo ao decrescimento das atividades antrópicas, renovando o
estilo de desenvolvimento consumista que tem gerado degradação do meio ambiente
e perda da biodiversidade. (ecodebate)
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