terça-feira, 14 de agosto de 2018

Pedal sustentável

Uma bicicleta, com um gerador, que convertem pedaladas em energia elétrica.  O invento do engenheiro eletricista e professor, José Carlos Armelin, era só um meio para chamar a atenção dos alunos para questões ambientais, mas a inovação ganhou as páginas dos jornais e o que era hobby virou ganha-pão.
Convidado em 2007 pela direção da instituição onde lecionava a falar de energia renovável em sala de aula, Armelin encontrou dificuldades, pois o assunto era pouco palpável. A solução foi mostrar na prática o que era essa tal energia limpa. “Eu já usava a bike como meio de transporte no dia a dia. Pedalo desde os cinco anos de idade. Aí tive a inspiração e desenvolvi a tecnologia que hoje é o Pedal Sustentável. Fiz funcionar um rádio em sala de aula, só com as minhas pedaladas. Eles puderam testar e foi um sucesso”, conta.
A experiência foi tão inspiradora, que Armelin resolveu levá-la para fora dos muros da escola. Para isso, somou à mistura outra de suas paixões: a música. “Eu montei a banda CO20. A gente fazia apresentações e a energia para os equipamentos de som era gerada pela público, que ficava pedalando. Se eles parassem, o show parava”, explica o engenheiro.
Não demorou para a brincadeira chamar a atenção da imprensa. A divulgação nos veículos de comunicação rendeu frutos.  Armelin começou a receber contatos de pessoas interessadas em comprar o equipamento para gerar energia em suas casas. “Eu explicava que não era uma boa ideia usar as bikes para economizar energia, porque se você pedalar o mês inteiro, você gera só R$ 1 de energia. É muito pouco. O objetivo é educar as pessoas mesmo. Para economizar, é melhor demorar menos no banho”, brinca.
Foi essa demanda que fez com que, em 2013, o professor virasse empreendedor e a ideia do modelo de negócio começou a surgir. Ao invés de vender as bikes, Armelin passou a alugá-las para eventos em todo o Brasil. “Quem vai fazer um evento e quer falar de sustentabilidade aluga as bikes e coloca lá. A pessoa pedala e consegue ligar uma TV, por exemplo, ou carregar o celular. Tem também o desafio do pedal, que as pessoas podem competir quem gera mais energia”.
Para o engenheiro, o intervalo entre a invenção do equipamento e a formalização da empresa foi um período de maturação. “Não só o meu negócio foi evoluindo, mas também a consciência das pessoas. As redes sociais e o trabalho dos jornalistas ajudaram muito a disseminar assuntos de sustentabilidade”. Ele conta que nas primeiras vezes eles colocavam informes explicando o funcionamento da bike. “Hoje não precisamos mais. É intuitivo, a pessoa vê a bicicleta com uma TV na frente e já sabe o que tem que fazer”, comenta.
Desde o início da atividade, a cada ano cresce a demanda pelo aluguel dos equipamentos, mas Armelin continua sendo o único mecânico da Pedal Sustentável. Ele mesmo monta e faz a manutenção de todos as bikes. Junto com a sócia Filó Silva, a empresa chega a alugar em média dez bicicletas por evento, que são transportadas por prestadores de serviço contratados.
http://g1.globo.com/como-sera/noticia/2018/08/pedal-sustentavel-como-gerar-energia-e-ganhar-saude-pedalando.html assista ao interessante vídeo do programa Como será? de 04/08/2018 da rede Globo.
A empresa hoje é fonte de 80% da renda do engenheiro, que não abandonou as salas de aula e nem pretende. “Não temos perspectiva de crescer, vamos ser sempre uma empresa pequena, porque o que nosso objetivo principal é falar da cultura da energia renovável, não é vender”. Armelin comemora ter achado a fórmula para um trabalho que não é trabalho. “Gosto de montar e aprimorar os equipamentos”, diz. Morador de santa Bárbara D’Oeste, ele busca as peças que usa para montar os geradores também pedalando.
“Rodos uns 700 quilômetros por mês”.

Fazendo o que gosta e seguindo sua vocação de ensinar, o engenheiro, empreendedor e professor, inventou não apenas um equipamento, mas também um nicho de mercado, com um produto que, na verdade, já é bem antigo: a conscientização.
A tecnologia

A tecnologia da Pedal Sustentável é patenteada e consiste em acoplar a uma bike comum um rolo de treino, que permite que ela seja pedalada sem sair do lugar, e um gerador elétrico de 12 volts que, com as pedaladas, gera até 127 volts, energia suficiente para fazer funcionar uma TV LED, aparelho de som, games, entre outros eletroeletrônicos. (sebrae)

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