8° aniversário do desastre de Fukushima: 11 de março
de 2011, um dia para não ser esquecido.
Usina
de Fukushima, após o desastre nuclear – Em 11 de março de 2011, o mundo soube
da tragédia de Fukushima: um fortíssimo terremoto e um tsunami de grandes
proporções, a que se seguiu a explosão de uma usina nuclear com todas as
consequências de um acidente nuclear: a difusão de radioatividade, que
permanecerá ativa durante anos, ameaçando muitas gerações.
Oito anos se passaram desde o
acidente na usina nuclear Fukushima
Dai-Ichi, com a explosão de 3 reatores, e que espalhou
poeira radioativa pela província japonesa de Fukushima, em 11 de março de 2011.
A contaminação do ar, da terra
e da água forçou o deslocamento de mais de 100.000 pessoas. Antes do acidente,
a província de Fukushima tinha 2 milhões de habitantes, e era conhecida como
uma área tranquila e turística, que preservava o jeito tradicional do Japão,
atraindo muito visitantes para contemplação de suas belas paisagens
montanhosas, com seus castelos de samurais e comida de boa qualidade,
principalmente arroz, pescados e frutas.
Diante desta tragédia o governo
japonês prometeu desmontar a usina, descontaminar a região e trazer a população
de volta. Para atingir tal objetivo as cifras estimadas para tal empreendimento
são espantosas, 125 bilhões de dólares (100 bilhões de euros) até meados de
2040. Mas ninguém sabe ao certo quando a tarefa será concluída, e quanto
custará realmente.
A falta de credibilidade do
governo e da empresa operadora da central nuclear de Fukushima, a Tokyo
Electric Power Company – Tepco, é
muito grande no Japão. E mesmo com a campanha publicitária do governo,
afirmando que não há mais riscos, e que os moradores podem retornar as suas
casas, a seus afazeres, a sua vida; a população da província encolheu, e conta
atualmente com 1,8 milhão de habitantes. Mais de 50 mil pessoas vivem na
condição de refugiados, em residências provisórias, com auxílio financeiro. O
que é relatado e dito com frequência pelos moradores impactados diretamente
pela catástrofe, está resumido em uma frase “perdemos nossa cidade, perdemos
nossa vida”.
A descontaminação é uma tarefa,
além de bilionária, gigantesca, principalmente pelo volume produzido do chamado
“lixo atômico”, verdadeira “herança” desta trágica catástrofe.
Escombros da usina nuclear de Fukushima-Daichi após o terremoto e tsunami no Japão.
Escombros da usina nuclear de Fukushima-Daichi após o terremoto e tsunami no Japão.
Segundo informações oficiais do
governo da província e do Ministério do Meio Ambiental, prevê-se procedimentos
para descontaminação de uma área aproximadamente 30% da província de Fukushima.
Neste trabalho de “descontaminar” é retirado uma camada do solo (podendo
atingir 5 cm) de toda área usada para plantações, ensacada e empilhada em áreas
de depósito provisório de “lixo atômico”. Pés de pera e pêssegos, abundantes na
região, foram “lavados” um a um, assim como aproximadamente 420 mil casas e
11.900 instalações públicas e similares, 18.500 km de estradas, que sofreram
intervenção para tirar a poeira radioativa.
Estes números revelam, por si
só, o significado de um acidente nuclear e de suas consequências econômicas,
sociais e ambientais. E que diferentemente de um acidente, por exemplo, de
avião, que atinge diretamente os passageiros, terminando no local e no instante
que ocorrem; um acidente em uma usina nuclear começa no instante e no local,
mas depois centenas e mesmo milhares de pessoas em territórios inteiros
sofrerão as consequências induzidas pela radiação. E anos depois crianças
nascerão com aberrações cromossômicas e desenvolverão leucemia, provocadas pela
absorção, por seus pais, de doses de radiação acima do tolerável.
Uma conclusão dos
acontecimentos de Chernobyl, TreeMile Island e Fukushima é que uma usina
núcleo-elétrica é intrinsecamente perigosa, e os riscos de acidentes são
inevitáveis, que vão de pequenos vazamentos de material radioativo até
catástrofes com a emissão de grandes quantidades de materiais que contaminam o
ar, a terra e a água. Mesmo com baixa probabilidade de ocorrência de um
acidente, quando acontecem os danos provocados são muito altos e assustadores,
e assim devem ser evitados para a continuidade da vida, como a conhecemos em
nosso planeta.
Logo, nesta data, não deixemos
passar em branco o ocorrido em Fukushima. É hora de indignação, rebelião, e de
ação diante de propostas atuais da administração federal em dar prosseguimento
ao programa de desenvolvimento da energia nuclear em nosso país, incluindo a
finalização de Angra III, e a construção de novas centrais nucleares no sudeste
e nordeste do país.
Terremoto no Japão fez renascer o medo nuclear.
Terremoto no Japão fez renascer o medo nuclear.
Alvissareiro são os movimentos
que se alastram pelo país contrários ao uso da energia nuclear em usinas
elétricas. A mineração do urânio é rejeitada em Caetité (BA), e em Santa
Quitéria (CE). Em Minas Gerais, em Caldas, é denunciado o abandono da barragem
de resíduos radioativos produzidos pela exploração da 1ª usina de mineração de
urânio. Em Angra dos Reis (RJ), em Itacuruba e região (PE), em São Paulo,
Recife, Fortaleza grupos organizados da sociedade civil, juntamente com setores
da Igreja, ambientalistas, cientistas, comunidades originárias se unem. A
rejeição da população e sua ação direta impedirá que o país entre nesta
aventura insana, cujos verdadeiros interesses não são devidamente anunciados a
população. Xô Nuclear!!! (ecodebate)
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