Índia planeja se tornar uma superpotência em energia
renovável até 2030.
“Assegurar
o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço
acessível à energia para todos”
ODS-7.
A
Índia caminha para ser o país mais populoso do mundo (deve ultrapassar a China
até 2024), é a 4ª economia global (medida em poder de paridade de compra), mas
tem uma baixa renda per capita e é altamente dependente do uso do carvão como
fonte energética. A Índia é um dos países que apresentam as maiores taxas de
crescimento econômico do mundo, mas também é um dos países que aumentam com
mais rapidez as emissões de gases de efeito estufa (GEE) e enfrenta níveis
catastróficos de poluição, especialmente nas grandes cidades.
A
Índia tem 1,35 bilhão de habitantes e cerca de 300 milhões sem acesso à energia
elétrica, sendo que o objetivo 7 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
diz: “Assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à
energia para todos”. O grande dilema do país é como prover energia barata,
acessível e limpa sem causar maiores danos ambientais. A pegada ecológica da
Índia foi de 1,45 bilhão de hectares globais (gha) para uma biocapacidade de
apenas 586 milhões de gha, em 2014. Ou seja, o déficit ambiental indiano foi de
865 bilhões de gha (ficando atrás apenas da China e dos EUA).
Desta
forma, a Índia precisa combater a pobreza, universalizar o acesso à energia
elétrica e reduzir os níveis de poluição e de emissão de GEE. A única forma de
conseguir isto é abandonar o uso exaustivo do carvão e utilizar fontes de
energia renovável.
Poluição
encolhe o sucesso de energia solar da Índia.
Para
tanto, o primeiro-ministro Narendra Modi lançou um projeto (Saubhagya) para
eletrificar todos os lares na Índia e o Plano Nacional de Eletricidade da Índia
para expandir em cinco vezes a capacidade gerada por energias renováveis para
258 GW até 2022. Isso reduziria a atual participação de 66% das térmicas na
geração de energia na Índia para 43%, o que ajudaria a tornar o país
independente das importações de carvão. A meta para 2030 é ainda mais ambiciosa
e visa tornar a Índia um país com alta proporção de energia renovável em todos
os aspectos da economia.
Diversos
analistas consideram o plano é viável, pois o boom da energia solar e eólica da
Índia representou uma diminuição dos custos, que caíram de 12 centavos por kW/h
para apenas 4 centavos por kW/h (ficando mais barato que o uso do carvão). O
país pretende substituir 770 milhões de pontos de iluminação pública e
doméstica por iluminação LED (mais econômica e mais acessível). O modelo de
negócio utilizado é o denominado Energy Service Company (ESCO) (empresa de
serviços energéticos), que cria receitas a partir dos custos de energia que
consegue poupar dos clientes.
A
Índia tem sido pioneira na utilização da energia renovável descentralizada
(ERD). Um relatório da rede de acesso à energia limpa (CLEAN), baseado em dados
parciais para o ano fiscal 2016-17, mostrou que o setor de ERD implementou 3,6
milhões de painéis solares, 92.000 sistemas solares domésticos, 206 mini redes
e 144 projetos de uso produtivo.
Os
automóveis elétricos são o próximo grande salto que a Índia pretende dar. A
Tata Motors Ltda, com a Mahindra e a Mahindra Ltda, planeja aumentar sua
capacidade de fabricação de veículos elétricos para 5.000 unidades por mês e
elevar a infraestrutura de carregamento elétrico.
Como
mostra Joshua Hill (12/06/2018), a Índia já é o quinto país do mundo em termos
de capacidade instalada de energia renovável com 70 GW e outros 40 GW em
licitação ou construção. O gráfico abaixo indica que o crescimento das energias
renováveis a partir de 2016 tem superado em muito as usinas de carvão. Sem
dúvida a Índia tem investido pesadamente em fontes mais limpas de energia, para
se manter em linha com o Acordo Climático de Paris.
A
Índia já tem uma cidade funcionando a base de 100% de energia renovável. A
cidade de Diu, no território de Damão, tem gerado 13 megawatts de eletricidade
a partir de instalações de geração de energia solar (cerca de 3 MW são gerados
por usinas solares nos telhados e 10 MW por outras usinas). Em apenas 3 anos,
Diu se tornou 100% renovável.
Evidentemente,
não vai ser fácil a Índia cumprir todas as metas de independência dos
combustíveis fósseis e se tornar 100% renovável. Mas mesmo não conseguindo
atingir todas as suas ambiciosas metas, a Índia já conseguiu superar em muito o
que o Brasil tem feito na área de energia solar e eólica. (ecodebate)
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