quarta-feira, 6 de março de 2019

Setor eólico já atende a requisitos do BNDES e pede agenda de leilões

Associação diz que carteira de projetos de geração por ventos é adequada às necessidades do banco estatal.
Apontado por Joaquim Levy como ponto nevrálgico da gestão que quer ter à frente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, a busca por uma maior solidez na carteira de projetos financiáveis pela estatal já é uma realidade no que diz respeito ao segmento de energia eólica. Altamente dependente dos recursos da instituição, que apoia aproximadamente 95% dos parques já finalizados ou em andamento no país, o setor conta com essa “vantagem” para manter a proporção relevante de acesso ao crédito público.
“A fala do Levy nos deu conforto. A diretriz que ele quer adotar na política do BNDES já atende bem à realidade do setor de renováveis e de eólica em particular. Nosso pipeline já é estruturado e extremamente eficiente”, afirma a presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica, Elbia Gannoum. Ela destaca que as diretrizes agora reforçadas pelo novo comando do banco vêm sendo implantadas desde a gestão da ex-presidente Maria Silvia Bastos, entre 2016 e 2017, a partir de uma modelagem de projetos melhor trabalhada.
Somente nos nove primeiros meses de 2018, o banco de fomento desembolsou R$ 2,84 bilhões para a viabilização de eólicas, valor bem inferior ao liberado entre janeiro e setembro de 2017: R$ 4,85 bilhões. Os montantes, que incluem compra de equipamentos e obras de construção, correspondem a cerca de 70% dos recursos totais empreendidos nos projetos – a menor parte vem de equity (capital próprio) dos empresários e de demais fontes. Em paralelo, o surgimento do Banco do Nordeste como “rival” do BNDES movimentou o setor.
Gannoum explica que a entrada de outro órgão público foi benéfica, principalmente por ter criado um benchmark para os empreendedores, algo que até então não havia, além de ter ampliado os canais de acesso a crédito. Ainda incipiente, o mercado de capitais, diz a executiva, ainda atua mais como estruturador de operações financeiras, mas não como financiador de grandes projetos. “É ilusão buscar nos bancos privados esse papel. As próprias regras de Basileia limitam o prazo de financiamento a 10 anos, enquanto os bancos públicos dão 15 anos”, cita.
Contratações – O apoio por parte dos órgãos de fomento deve suportar a expectativa de uma agenda maior de leilões de contratação para este ano. A ideia é que pelos menos dois certames ocorram até dezembro, como forma de atender às previsões de retomada do crescimento econômico do país e, consequentemente, do consumo de energia elétrica. A Abeeólica quer manter a média de contratação dos últimos anos, na casa de 2 GW. No ano passado, a marca chegou a 3,3 GW contratados, dos quais 2 GW apenas no mercado livre.
“A perspectiva é positiva com a nova equipe do setor de energia que assumiu no governo. Esperamos para breve essa confirmação dos leilões deste ano, algo que toda a indústria aguarda com ansiedade”, avalia a presidente da entidade. Retrato da forte participação que a geração eólica assumiu em anos recentes no suprimento de eletricidade está na perspectiva de que, até março, a fonte ultrapasse a biomassa e seja a segunda principal da matriz elétrica brasileira. Hoje, a capacidade instalada nacional de geração por meio dos ventos é de 14,4 GW. (abraceel)

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