107 mil residências poderiam
ser abastecidas em 4 estados.
Dezembro é, tradicionalmente,
um mês de aumento na conta de energia elétrica causada, em geral, pelo
acionamento das térmicas para suprir o baixo nível dos reservatórios das
hidrelétricas. Buscando alternativa que completem a demanda de energia, evitem
a temida bandeira vermelha e ainda incentivem atividades sustentáveis na
Amazônia, o Instituto Escolhas, em parceria com o CIBiogás, divulga seu novo
estudo “Biogás na Amazônia: energia para mover a bioeconomia”.
Lançado em 15/12/20, o estudo
destaca o potencial de quatro estados amazônicos para a geração de biogás, um
tipo de gás inflamável, produzido a partir de materiais orgânicos e que, além
de gerar energia, contribui para a destinação correta de resíduos e pode servir
de impulso para a economia local. A análise traz dados completos em relação ao
material divulgado no início de novembro, que mostra como o biogás poderia ter
amenizado o apagão elétrico ocorrido durante grande parte do mês no Amapá (veja
o documento aqui).
A escolha da Amazônia para o
estudo, segundo o diretor executivo do Escolhas, Sergio Leitão, busca dar
subsídios para o desenvolvimento da bioeconomia na região, incentivando
atividades econômicas com conservação do meio ambiente: “é muito interessante
ver que a partir de elementos da natureza podemos mover, promover e fazer
acontecer a bioeconomia para a região amazônica, fundamental para gerar renda e
manter a floresta em pé”, diz Leitão acrescentando que em abril o Escolhas fará
o lançamento de novo estudo, desta vez com o potencial de geração de biogás
para todos os estados da Amazônia Legal.
Leonardo Souza Marques, diretor de desenvolvimento tecnológico do CIBiogás, também apontou a relevância da parceria, destacando que o modelo aborda as características de cada região: “É muito importante entender o território e a partir desse entendimento definir estratégias para ampliar a sustentabilidade das ações, ampliando a competitividade e que aproveitam a disponibilidade de resíduos e substratos”, disse Leonardo.
Conheça os resultados
Análise do Escolhas buscou
analisar o potencial de geração de biogás a partir de resíduos sólidos urbanos
(RSU) e restos da piscicultura em 4 estados da Amazônia: Amazonas, Amapá,
Rondônia e Roraima e chegou a um potencial de 136 milhões/m3 de biogás
por ano, o suficiente para gerar 283 GWh de eletricidade por ano, atendendo 107
mil residências e beneficiando 429 mil pessoas.
Entretanto, do potencial
identificado nos resíduos sólidos urbanos nos 4 estados, menos de 20% é
aproveitado, já que a maioria dos municípios ainda não tem uma política
adequada de destinação de resíduos sólidos e a presença de lixões ou aterros
sem recuperação de gases faz parte da maior realidade no país, conforme
explicou Daiana Martinez, pesquisadora do estudo e Coordenadora de
Transferência de Conhecimento do CIBiogás.
“Isso mostra que há uma
oportunidade imperdível para que sejam direcionados investimentos a essas
unidades, que passariam a tratar os resíduos e a gerar energia”, diz Daiana.
Gerente de projetos e
produtos do Escolhas Larissa Rodrigues, que coordena o estudo, destacou ainda a
importância que o biogás pode ter para os municípios, especialmente os
pequenos, servindo de atrativo para que eles se adequem ao marco legal de
resíduos sólidos.
“Com o biogás, o custo de
conversão de lixões em aterros pode se tornar investimento, economizando na
eletricidade de prédios públicos ou ainda permitindo a participação em
leilões”, diz Larissa.
Veja os destaques por estado:
– Amapá: potencial para gerar
o equivalente a 31 GWh/ano de eletricidade, o que significaria 12 mil
residências atendidas e 50 mil pessoas beneficiadas.
– Amazonas: potencial para
gerar o equivalente a 160 GWh/ano de eletricidade, o que significaria 60 mil residências
atendidas e 242 mil pessoas beneficiadas.
– Rondônia: potencial para
gerar o equivalente a 69 GWh/ano de eletricidade, o que significaria 26 mil
residências atendidas e 104 mil pessoas beneficiadas.
– Roraima: potencial para gerar o equivalente a 24 GWh/ano de eletricidade, o que significaria 9 mil residências atendidas e 36 mil pessoas beneficiadas.
Aproveitamento energético do gás de aterro no Brasil. (ecodebate)
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