sexta-feira, 8 de abril de 2022

Os avanços e as lacunas da transição energética

O nível atual do investimento global na transição energética está muito aquém do necessário para evitar um aquecimento global catastrófico.

“Assim como a Idade da Pedra não acabou por falta de pedras, a Era do Petróleo chegará ao fim, não por falta de óleo” - Ahmed-Zaki Yamani.

As diversas Conferências das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas chamaram a atenção para a necessidade de uma rápida mudança da matriz energética mundial para atingir a meta de emissões líquidas zero até 2050. Para tanto, superar a Era dos combustíveis fósseis e avançar na geração de energia renovável é essencial.

Para garantir esta transição epocal é preciso investimentos de grande monta. Mais de 130 países estabeleceram ou estão considerando metas de redução de gases de efeito estufa (GEE). O lado positivo é que o mundo gastou US$ 755 bilhões na implantação de tecnologias de energia de baixo carbono, um aumento de 27% em relação ao ano anterior. O gráfico abaixo, mostra os 10 principais países por investimento em transição energética, que juntos, investiram US$ 561 bilhões na transição energética, quase três quartos do total mundial.
O grande destaque é a China que investiu US$ 266 bilhões em 2021, representando 35,2% dos investimentos globais. Os EUA aparecem em 2º lugar com US$ 114 bilhões (15,1% do total global). Alemanha em 3º lugar com US$ 47 bilhões (6,2% do total). Reino Unido com US$ 31 bilhões (4,1% do total), França com US$ 27 bilhões (3,6% do total), Japão com US$ 26 bilhões (3,4% do total), Índia com US$ 14 bilhões (1,9% do total), Coreia do Sul com US$ 13 bilhões (1,7% do total), Brasil com US$ 12 bilhões (1,6% do total) e Espanha com US$ 11 bilhões (1,5% do total).

No Brasil, o cenário se apresenta promissor. Por ser um país tropical e abundante de fontes renováveis, o potencial de desenvolvimento da transição energética é muito maior que em outros continentes. Segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), a geração solar distribuída teve um crescimento médio de 231% ao ano no Brasil. Cerca de R$ 19,4 bilhões em investimentos, desde 2012.

Transição energética no Brasil

Contudo, o nível atual do investimento global na transição energética está muito aquém do necessário para evitar um aquecimento global catastrófico. Um relatório da consultoria McKinsey & Company, “Report The net-zero transition: What it would cost, what it could bring” mostra que os custos para transformar a matriz energética global e efetivar as emissões líquidas zero em 2050 será muito alto e complicado. Uma economia global líquida zero não precisará apenas de uma redução significativa das emissões do setor de energia. Também precisará de mais do que sugere a frase favorita dos ambientalistas, “mantenha-o no chão”. Já a indústria de hidrocarbonetos tenta vender a ideia que as tecnologias de captura de carbono podem compensar a continuidade da queima de combustíveis fósseis.

Meta Net-zero precisará de investimentos na transformação de indústrias intensivas em energia, como siderurgia e cimento, e nos setores de construção, agricultura e silvicultura, entre outros. Transição necessária para que o mundo alcance emissões líquidas zero até 2050 exigiria gastos de US$ 275 trilhões entre 2021 e 2050, ou US$ 9,2 trilhões em gastos médios anuais em ativos físicos.

Os atuais investimentos de US$ 755 bilhões em energias renováveis em 2021 precisariam ser multiplicados por 12 vezes para ficar dentro das necessidades para evitar que o clima global ultrapasse 1,5ºC em relação ao período pré-industrial. O Brasil, por exemplo, que possui 2,7% da população mundial, investe somente 1,6% do total mundial em energias renováveis. Desta forma, se muito foi feito até aqui, muito mais ainda falta se fazer para realizar uma transição energética capaz de evitar um colapso climático global.

Os Estados do Brasil tem importante papel na transição energética nacional. (ecodebate)

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