“Esperamos desenvolver um
ambiente apto a atrair os investimentos de players globais que já enxergam essa
potencialidade, fomentando essa fonte que contribuirá para o aumento da
participação renovável na matriz elétrica nacional”, disse Juliana à Agência
CanalEnergia. Além da costa do Atlântico, o RS possui três principais lagoas, a
dos Patos (maior lagoa da América do Sul), Mirim e Mangueira, com potencial
para gerar, respectivamente, até 24,5 GW, 7,3 GW e 2,1 GW.
De acordo com o Atlas Eólico
do Rio Grande do Sul, o estado tem o maior potencial eólico do Brasil, tanto
para onshore quanto para offshore, cuja legislação deverá englobar a modalidade
nearshore. A região conta com dez dos quase 40 projetos com pedidos de
licenciamento perante o Ibama, somando cerca de 23,6 GW de potência.
A engenheira e diretora de
Operações do Sindienergia e da DGE Soluções Renováveis, Daniela Cardeal,
destaca que pelas suas peculiaridades, as lagoas gaúchas de grande extensão
oferecem potencial e competitividade diferenciados. “O calado mais baixo e a
maior proximidade com a costa reduzem os custos de instalação de equipamentos e
os impactos no meio ambiente”, refere, afirmando existir a possibilidade de
compatibilização com outros usos como navegação para pesca e realização de
esportes aquáticos.
O foco atual são as três
lagoas referidas, mas as análises planejadas poderão auxiliar como referência
para uma avaliação global dos aspectos socioambientais das demais lagoas com
potencial de geração. Para ela os potenciais offshore e nearshore são
excelentes, sendo importante fomentar os dois modelos como complementares.
Contudo Daniela ressalta um “grande” diferencial entre as duas atividades, que
é a eliminação do prejuízo causado sobre a fauna marinha.
Subgrupos temáticos
Numa análise superficial,
diversos aspectos estão no radar das avaliações planejadas. Subgrupos de
pesquisa e discussão foram criados em oficinas temáticas, contemplando aves,
morcegos e fauna aquática; acúmulo de sedimentos e qualidade da água; aspectos
sociais, em especial a compatibilidade da atividade com os usos múltiplos; objetivos
e diretrizes das Unidades de Conservação presentes na região; patrimônio
arqueológico submerso e infraestrutura em geral da região, inclusive para
instalação de linhas de transmissão e sistemas associados.
Segundo Juliana Stangherlin,
as avaliações ainda estão em fase de planejamento pelos grupos, a partir de
dados existentes e de outros que ainda serão obtidos, mas refere como aspectos
mais sensíveis aqueles relacionados à avifauna, à questão social e à
infraestrutura de conexão para escoamento da energia.
“Na audiência pública
realizada pelo Governo do Estado sobre a concessão de uso da Laguna dos Patos
para a geração offshore verificou-se também grande preocupação da sociedade com
a compatibilidade da pesca, tema sensível ao qual o GT pretende se dedicar”,
adianta.
Além dos integrantes do
sindicato, foram convidados a participar do grupo geradoras de energia,
desenvolvedoras de projetos, órgão ambientais, universidades, consultorias
técnicas, licenciadores ambientais, ONGs e o Ministério Público. A ideia é ter
uma participação ampla e multidisciplinar para discussão dos temas e contribuir
com subsídios técnicos ao mapeamento das áreas mais sensíveis e favoráveis do
ponto de vista socioambiental e eólico.
Nova referência para
licenciamento
Para o licenciamento em lagoas pairam dúvidas sobre de quem seria a competência, sendo que a legislação prevê expressamente a competência da União para eólicas offshore em ambientes marinhos, zona de transição terra-mar ou área localizada no mar. Entretanto, o tema não tem uma definição clara para o ambiente de lagoas.
“Acredito que há embasamento para a competência do Estado e que este tem todas as condições de avaliar as características das suas próprias lagoas e os impactos da atividade para fins de licenciamento”, argumenta Stangherlin. Ela aponta ainda que será preciso um novo termo de referência para o licenciamento, distinto daquele redigido para offshore no mar, uma vez que as lagoas possuem peculiaridades específicas. O trabalho do GT objetiva também subsidiar a elaboração desse termo. (canalenergia)
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