Saiba o que é o hidrogênio
verde e a sua importância para a transição energética.
Para produzi-lo, a tecnologia
já é conhecida. O processo para retirar o hidrogênio/H2 da água/H2O
utiliza energia elétrica e para que tenha a denominação verde, essa energia
deve ser oriunda de fontes renováveis.
Além disso, também é possível retirar o hidrogênio do petróleo, gás, carvão – mas, neste caso, as iniciativas não contribuem para a descarbonização.
Hidrogênio combustível: chave para um futuro de carbono neutro.
Quais os diferentes tipos de
hidrogênio?
Hidrogênio marrom é aquele
produzido a partir da gaseificação do carvão.
Hidrogênio cinza é produzido
com combustíveis fósseis, especialmente gás natural. O processo é altamente
poluente, pois são 10 kg de CO2 para cada 1kg de H2
produzido, conforme destaca um estudo da McKinsey.
Hidrogênio azul é produzido a
partir da captura de CO2 nas chaminés das indústrias e armazenamento
em um local apropriado, como um poço de petróleo esgotado ou camadas profundas
de água do mar. Nesse caso, as emissões são de 1-3 kg de CO2 para
cada 1 kg de H2.
Hidrogênio verde é produzido
a partir da eletrólise de água (que inclusive pode ser do mar), com o uso de
energia gerada a partir de fontes renováveis.
Como se produz hidrogênio
verde?
O hidrogênio verde pode ser
produzido a partir de eletrodos submersos, que criam uma corrente elétrica
contínua, a qual separa o hidrogênio do oxigênio presente na água. Depois, o
hidrogênio (na forma gasosa) é armazenado de forma comprimida em recipientes
específicos, de forma a possibilitar o seu transporte para os locais onde será
utilizado.
Esse
procedimento demanda uma grande quantidade de energia elétrica. Por isso, para
que o gás resultante seja considerado sustentável (verde), é essencial utilizar
eletricidade oriunda de fontes renováveis. O custo da energia é determinante
para viabilizar a produção de hidrogênio.
Hoje, esse processo ainda é
considerado caro. Mas, segundo estudo da Agência Internacional de Energias
Renováveis (Irena), o custo atual do hidrogênio verde pode cair de cerca de US$
6 por quilo para US$ 1 a US$ 2 por quilo na década de 2030.
Qual a importância do produto
para a transição energética?
Ele é considerado uma
alternativa promissora para permitir que a redução dos custos de geração de
energia renovável também chegue a setores que atualmente são considerados de
difícil descarbonização e responsáveis por grande quantidade de emissões.
Um exemplo disso é o uso no
setor de siderurgia, que responde por cerca de 7% das emissões globais de CO2.
Atualmente, os fabricantes de aço usam carvão tanto para aquecer fornos quanto
para purificação.
O Brasil é considerado privilegiado para a produção de hidrogênio verde, dado o potencial de energia hidrelétrica, eólica e solar, sistema elétrico integrado e de baixo carbono e posição geográfica vantajosa para alcançar a Europa e a costa leste norte-americana, ressalta um relatório recente da McKinsey. No entanto, o Plano Nacional do Hidrogênio/PNH2 indica a abertura de múltiplas rotas para produção H2, incluindo de fontes fósseis, como o gás natural.
Importância do Hidrogênio Verde para a descarbonização no Brasil.
Como está o desenvolvimento
do hidrogênio verde no mundo?
O levantamento da consultoria
McKinsey também apontava que, até julho de 2021, havia cerca de 359 projetos
para a produção de hidrogênio verde em grande escala no mundo, somando US$ 150
bilhões em investimentos.
Apesar do grande potencial, o
Brasil não está entre os países que estão com a tecnologia mais avançada. De
acordo com reportagem da BBC, a Austrália lidera a produção, com cinco
megaprojetos. O maior deles é o Asian Renewable Energy Hub, em Pilbara, na
Austrália Ocidental, onde está prevista a construção de uma série de
eletrolisadores com capacidade total de 14 GW. O projeto deve ser concluído até
2028.
Em seguida vem a Holanda, com
o projeto NortH2 no Porto do Ems, liderado pela Shell, que prevê a construção
de pelo menos 10 GW de eletrolisadores. A meta é ter 1GW até 2027 e 4GW até
2030, utilizando a energia eólica offshore.
Na Alemanha, o maior projeto
é o AquaVentus, na pequena ilha de Heligoland, no Mar do Norte. O plano é gerar
10 GW de capacidade até 2035.
A China, embora seja a maior
produtora de hidrogênio, o faz a partir de hidrocarbonetos. Já a Mongólia
trabalha na construção de um megaprojeto de hidrogênio verde, que deve ficar
pronto ainda este ano e irá gerar 5 GW a partir de energia eólica e solar.
Na Arábia Saudita, o projeto
Helios Green Fuels, baseado na cidade inteligente de Neom, instalará 4 GW de
eletrolisadores até 2025.
Por fim, o Chile, único país da América Latina na lista, tem dois grandes projetos em desenvolvimento. O HyEx, parceria da ENGIE com a empresa chilena de serviços de mineração Enaex; e o Highly Innovative Fuels (HIF), da AME, Enap, Enel Green Power, Porsche e Siemens Energy. O primeiro, no norte do país, usará energia solar para abastecer eletrolisadores de 1,6 GW. E o hidrogênio verde gerado será usado na mineração. Um teste piloto inicial planeja instalar 16 MW até 2024. O segundo projeto usará energia eólica para gerar combustíveis à base de hidrogênio.
Portos brasileiros se preparam para exportar hidrogênio verde
Apesar de o Brasil não estar
entre os países com os maiores projetos, o potencial de desenvolvimento é
grande. De olho nisso, os portos nacionais já se articulam para criar centrais
de distribuição de hidrogênio.
Suape, em Pernambuco, e Pecém, no Ceará, são os principais exemplos. O segundo assinou memorando de entendimento com a Engie para o desenvolvimento de hidrogênio verde no estado, enquanto os pernambucanos têm um memorando de entendimento com a Qair Brasil para a construção de uma planta de eletrólise de água com investimento estimado em US$ 3,8 bilhões.
Hidrogênio verde pode acelerar descarbonização do setor de transportes.
Em Pecém, o desenvolvimento
de hidrogênio verde prevê o uso de energia elétrica gerada pelo Complexo Eólico
Marítimo Dragão do Mar e de um parque de energia eólica offshore. O
investimento total previsto é de US$ 6,95 bilhões. (alemdaenergia)
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