Outro exemplo foi o marco legal do saneamento, que fixa prazo para o fim dos lixões a céu aberto, forçando a destinação dos resíduos sólidos para aterros, com algum tipo de tratamento, criando as bases para o biogás. Incentivos financeiros também vêm ajudando o biocombustível a abrir espaço: no fim de março passado, o governo federal lançou o programa Metano Zero, que visa incentivar a produção, com a criação de linhas de crédito para novos projetos. São 3 as principais fontes de produção do biogás: resíduos e dejetos da agropecuária, da indústria (produtora de restos orgânicos) e do saneamento – aterros sanitários e esgoto. Destes, a agropecuária responde pela maior parte do fornecimento, mas já se vê forte avanço da vinhaça resultante do processo de produção de etanol.
A Raízen, por exemplo, anunciou recentemente a construção da segunda unidade de biogás – a primeira dedicada ao biometano – a partir da vinhaça e da torta de filtro, resíduos da produção de etanol. Localizada em Piracicaba, a unidade terá capacidade de produzir 26 milhões de m3 por ano, o suficiente para atender a 200 mil residências. A produção já foi vendida, para a Yara Brasil Fertilizantes e para a Volkswagen, ambos em contratos de longo prazo. Ricardo Mussa, presidente da Raízen, conta que a nova unidade representa a materialização do plano da companhia de expandir negócios em energias renováveis.
Embora incipiente, o saneamento também atrai investimentos. O grupo Urca Energia inaugurou esta semana a operação comercial da sua terceira geradora movida a biogás, localizada em Mauá (SP). A usina tem potência de 5 megawatts (MW), correspondendo a 27% da capacidade total da empresa. Outras duas usinas que somam 9 MW estão em operação: Seropédica (RJ) e Ipiranga do Norte (MT). Uma quarta central, de 5 MW, deve entrar em operação no segundo semestre deste ano, em São Gonçalo (RJ). A empresa chegará, portanto, a 19 MW em geração distribuída, com R$ 82 milhões em investimentos. Além da Eva Energia, o grupo adquiriu no início do ano a Gás Verde, produtora de biometano, num negócio de R$ 1,2 bilhão. Entre os ativos da Gás Verde está uma usina, também em Seropédica, com capacidade de produzir 120 mil m3/dia com plano de expansão para 200 mil m3/dia. “Percebemos um grande interesse por parte das empresas em adotar o biometano em seus processos produtivos e, assim, viabilizar uma mudança efetiva em suas operações, migrando para uma matriz mais limpa”, afirmou Marcel Jorand, diretorexecutivo da Urca Energia.
Biogás aumenta sua relevância na matriz energética do Brasil (Transporte pesado)
Nesse sentido, frisam Tamar,
da ABiogás, e Marcelo, da Abegás, a injeção de biometano na rede também visa
atrair um outro segmento, o de transporte pesado, hoje impactado pela
volatilidade do preço do óleo diesel. O volume de diesel importado atualmente
corresponderia aos 30 milhões de m3/dia ofertados pelos próximos
projetos, salienta o executivo da Abegás. “Com mais infraestrutura para
distribuição, certamente vai ampliar o interesse, é uma expectativa crescente
dos dois lados [produtor e distribuidor]”, completa Tamar. (abegas)
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