Além de elétrica,
descarbonização dos transportes no Brasil também será eclética.
A descarbonização do
transporte não será apenas elétrica, mas sim eclética.
Estudo do Mobilab USP
corrobora potencial verde da eletrificação da frota de ônibus, mas é preciso
considerar alternativas diante maior complexidade para a sua produção, elevado
custo de capital e desafios da infraestrutura de carregamento
Descarbonização dos
transportes no Brasil envolve soluções múltiplas
Biocombustíveis, eletromobilidade e melhorias de infraestrutura no sistema foram alguns dos pontos levantados por especialistas no ITF Summit 2024.
Primeiros ônibus movidos a hidrogênio para transporte urbano no Brasil foram entregues em 2015 no Estado de São Paulo.
A cúpula do International
Transport Forum (ITF), maior encontro global para políticas de transporte,
evidenciou que não há uma só resposta para mitigar os efeitos da crise
climática e alcançar as metas do Acordo de Paris estabelecidas por cada um de
seus signatários.
Por exemplo, o evento
destacou a eletromobilidade como tendência mundial para a descarbonização dos
transportes. O Brasil, porém, tem um foco histórico na produção de
biocombustíveis, o que também pode ser uma estratégia para a mitigação.
De acordo com relatório da
Agência Internacional de Energia, o país lidera as economias emergentes no
setor e será responsável por impulsionar 40% do crescimento da demanda global
de biocombustível nos próximos cinco anos.
Além disso, segue em tramitação no Senado o Projeto de Lei do Combustível do Futuro (PL 528/2020). O texto cria programas nacionais de diesel verde, de combustível sustentável para aviação e de biometano, além de aumentar a mistura de etanol e de biodiesel à gasolina e ao diesel.
Os desafios do Brasil para descarbonização no transporte
Por outro lado, Cristina
Albuquerque, gerente de Mobilidade Urbana do WRI Brasil, defende que é preciso
considerar outros caminhos para alcançar sistemas zero carbono até 2050:
"Os veículos híbridos e
biocombustíveis têm um papel na questão econômica brasileira como parte da
solução para descarbonizar o setor de transporte, mas eles ainda não são zero
emissão no ciclo total de vida. Há outras tecnologias vindo por aí, como o
hidrogênio [verde] e os veículos elétricos", afirma.
Ela reforça que o setor tem um potencial muito grande para redução de emissões dentro das cidades. "Há inventários que mostram que o transporte representa de 40% a 60% das emissões dentro dos centros urbanos. Então [eles] têm um papel fundamental na descarbonização, através da melhoria do sistema de transporte coletivo, infraestrutura para mobilidade ativa, implementação de zonas de baixa emissão etc.", diz.
Infraestrutura para a descarbonização do transporte de cargas
Não é novidade que o setor de
transporte rodoviário de cargas representa uma das principais atividades
econômicas do Brasil.
Para a aviação, uma das
soluções é também o uso de matérias-primas renováveis como combustíveis em
detrimento dos fósseis, o que é endossado pelo ProBioQAV (Programa Nacional de
Combustível Sustentável de Aviação) do PL dos Combustíveis do Futuro.
"Quando o Proálcool foi
criado foi bastante contestado, mas criou uma supply demand. Hoje o etanol é
uma realidade no Brasil e virou uma commodity global. É muito importante que o
Brasil utilize isso como exemplo para partir para os combustíveis sustentáveis
na aviação", comenta Luis Felipe de Oliveira, Diretor Geral e CEO do
Airports Council International.
Ele também destaca a
possibilidade de utilizar a energia elétrica, que no Brasil é majoritariamente
renovável, para alimentar equipamentos em aeroportos.
"Já há aeroportos no Brasil com áreas de exploração de energia solar, por exemplo, o que não apenas gera energia limpa como também ajuda a gerenciar ou reduzir os seus custos de operação, criando benefícios para toda a população", diz.
A descarbonização dos transportes no Brasil entre os veículos elétricos e os biocombustíveis. (umsoplaneta)
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