AutoPapo selecionou alguns
mitos e lendas que ainda rodeiam os VEs. Manutenção, recarga, bateria e a
chamada “pegada verde”. Todos os aspectos que envolvem os carros elétricos e
suas mentiras.
1. Motores de carros
elétricos são mais complexos
Falar que o conjunto de um
carro elétrico é mais complexo é uma das grandes mentiras que envolvem o tema.
Pelo contrário. Nesse tipo de veículo não existem correias, velas de ignição ou
bombas de óleo e de combustível.
O motor elétrico tem, sim,
rolamentos, porém é muito mais compacto e leve, e usa bem menos peças que um
propulsor de combustão. A transmissão – em geral, uma caixa de redução com duas
marchas – só demanda atenção ao fluido.
A propósito, outra das
mentiras em relação ao carro elétrico é dizer que ele não usa lubrificantes.
Tire dessa conta só o óleo do motor. Câmbio, sistema de resfriamento das
baterias e freios demandam fluidos específicos.
2. A manutenção do carro elétrico é muito mais barata
Deveria, às vezes nem é, mas um dia ainda vai ser. Isso porque no Brasil a quantidade de carros elétricos ainda é pequena e a mão de obra qualificada ainda é tímida. Normalmente se fica refém da concessionária – existem poucas oficinas independentes especializadas, que ainda precisa de maquinário específico e funcionários em constante treinamento.
Como base de comparação, as
três primeiras revisões com preço fixo do Renault Kwid com motor flex custam um
total de R$ 1.685. Na variante E-Tech do mesmo subcompactos, as mesmas visitas
vão somar R$ 2.557,00.
3. Carros elétricos dão choque
Falar que carro elétrico dá choque é uma das mais famosas mentiras. O sistema de baterias e do conjunto como um todo é muito bem vedado e não há qualquer chance de dar choque ou de ter fuga de corrente. O mesmo ocorre com os carregadores, soquetes e bocais de carregamento.
Também pode dirigir o veículo
elétrico sem preocupações na chuva ou em trechos alagados. O próprio sistema do
carro, se perceber alguma improvável infiltração de água, corta toda a corrente
e o automóvel para de funcionar imediatamente.
4. Autonomia do carro
elétrico
Várias fabricantes importam
seus carros aqui e alardeiam alcances de mais de 400 km, às vezes superiores a
500 km. Não chega a ser uma mentira, mas são números bem distantes da realidade
dos carros elétricos para o Brasil.
Em geral, as marcas usam o
padrão europeu WLTP, sigla para algo como “procedimento mundial de testes para
veículos leves”. No Brasil, o Inmetro esfriou o ânimo das empresas e
estabeleceu um padrão próprio, que leva em consideração condições de estradas,
de temperatura e topografia do nosso país.
Continua a ser só uma
referência, mas as autonomias aferidas pelo Programa Brasileiro de Etiquetagem
Veicular (PBVE) tendem a ser mais realistas. E são, em média, 30% inferiores
aos números europeus.
5. Usar a bateria até o fim
Não é preciso deixar a bateria chegar perto do zero para carregar o carro elétrico. Isso não vai melhorar o tempo de recarga nem a vida útil da bateria, pelo contrário. Especialistas dizem que o melhor é sempre manter o nível de carga entre 20% e 80%.
6. Carro elétrico é muito
mais caro
Isso tornou-se uma mentira
recente acerca dos carros elétricos. A ofensiva de modelos chineses,
principalmente da BYD e da GWM, deflagrou uma guerra de preços no mundo e no
Brasil. Por aqui, o primeiro ato aconteceu com a chegada do BYD Dolphin, em
2023, com espaço de médio, maior autonomia e preço de SUV compacto.
Carro elétrico mais barato do
país, o Renault Kwid E-Tech, custa abaixo dos R$ 100 mil. Outros três veículos
têm preços inferiores aos R$ 150 mil. Mesmo SUVs médios puramente elétricos e
bem equipados saem por entre R$ 200 mil e R$ 250 mil.
7. Carro elétrico é 100% limpo: mentira!
Hoje, a produção das baterias ainda é danosa ao meio ambiente
Se contarmos o rodar com o
carro elétrico, aí é indiscutível: é um automóvel zero combustão, que nos seus
trajetos não emite um poluente sequer. Porém, se considerarmos o que a
indústria chama “do poço à roda”, ou do “poço ao túmulo”, chamar o carro
elétrico de amigo do meio ambiente beira a mentira.
Começando pelos insumos para
fazer as baterias, geralmente lítio, cobalto e fosfato, minerais que causam um
impacto ambiental já no processo de extração, tem gente cavocando o fundo do
mar atrás de outras matérias-primas, e isso, obviamente, não tem como dar
certo.
Tem mais. O processo de produção de um carro elétrico ainda tem muitas similaridades com o dos veículos a combustão, em termos de componentes e plataforma. O uso do chamado alumínio verde, por exemplo, é baixo, mesmo nas fábricas europeias.
Por fim, a matriz energética. Mas aí falaremos da Europa. Carro elétrico lá, na tomada, usa geralmente energia proveniente de termelétricas. Ou seja, queima-se carvão ou diesel para carregar a bateria do VE. (autopapo)
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