Angra 3 vai operar só em maio de 2018, dois anos depois do
previsto
Obra é orçada em R$12,9 bilhões. O anúncio ocorre no ano em
que o Brasil enfrentou crise energética.
Usina Nuclear de Angra 1, em Angra dos Reis, litoral sul
fluminense
O presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro,
confirmou que a usina de Angra 3, em construção ao lado das usinas de Angra 1 e
Angra 2, no litoral Sul Fluminense, só entrará em operação em maio de 2018.
Inicialmente projetada para ficar pronta em 2015, a última previsão era junho
de 2016. O investimento para as obras são estimados em R$ 12,9 bilhões, o
equivalente a mais de dez vezes o valor gasto para a reforma do Maracanã para a
Copa.
A usina foi projetada para gerar mais de 12 milhões de
megawatts-hora anuais, energia suficiente para abastecer as cidades de Belo
Horizonte e de Brasília durante um ano. O anúncio ocorre exatamente no ano em
que o Brasil teve acionar as usinas termelétricas em meio a uma crise de
abastecimento nos reservatórios das hidrelétricas. As obras de Angra 3 tiveram
início em 2010.
De acordo com Othon, as necessidades de adaptações
tecnológicas e de segurança contribuíram para o adiamento. Othon participa de
um seminário realizado pela estatal Russa Rosatom, no hotel Windsor Barra, no zona
Oeste do Rio.
"Tivemos uma tentativa inicial, mas o que levou a
dilatar o prazo foi a parte de instrumentação e controle. É como gostar de um
computador antigo. Se sair para comprar, você não encontra e é caro. Angra 3 é
feita com as mais modernas exigências de segurança. Ela foi toda recalculada
para receber as tecnologias mais modernas e a parte de instrumentação e
controle é o estado da arte disponível no mundo", explicou Othon,
acrescentando que diferentemente de Angras 1 e 2, que têm componentes analógicos,
Angra 3 será uma usina totalmente digital.
O presidente da Eletronuclear disse ainda: "Não tinha
sentido seguirmos no caminho contrário da digitalização e da eficiência que o
mundo todo está indo".
Segundo ele, houve mudanças na parte civil. Prédios tiveram
de ser dimensionados para simultaneidade de eventos, como tornado e terremoto
ao mesmo tempo, explicou Othon. Ele lembrou o episódio com a usina de
Fukushima, no Japão
"Aquilo foi um erro de projeto. Eles precisavam admitir
isso. Estive lá, os japoneses me perdoem, mas foi um erro de projeto. Se fosse
em um país subdesenvolvido, diriam que a culpa foi do subdesenvolvido",
disse Othon.
Em maio, a Eletronuclear divulgou que as obras civis da
usina nuclear Angra 3 estão com 47% da execução concluída e que começaria a dar
prosseguimento à última fase para contratação do serviço de montagem
eletromecânica da usina.
Os dois consórcios que passaram pela fase de
pré-qualificação para executar o serviço tem até o dia 4 de julho para entregar
documentação de habilitação preliminar e das propostas comerciais, informou a
Eletronuclear, empresa do grupo Eletrobras.
O processo de licitação, que começou em agosto de 2011,
chegou a ser interrompido depois que o consórcio desclassificado questionou a
fase de pré-qualificação. No final do ano passado, a Eletronuclear teve o aval
do Tribunal de Contas da União (TCU) para prosseguir com o processo.
Dois contratos fazem parte da montagem eletromecânica. Um
cobrirá as atividades da área nuclear, no valor de R$ 1,31 bilhão, e outro para
sistemas convencionais da usina, no valor de R$1,67 bilhão. Quando estiver
pronta, Angra 3 terá 1.405 megawatts (MW) de potência instalada. (g1)
Nenhum comentário:
Postar um comentário