domingo, 4 de agosto de 2013

Mudança climática e a insegurança energética

Mudança do clima pode causar insegurança energética
Estudo desenvolvido pelo Cebds aponta que efeitos das alterações climáticas, como irregularidade no regime de chuvas, pode afetar significativamente a produção de eletricidade no país, uma vez que a matriz energética brasileira é altamente dependente das usinas hidrelétricas.
Cerca de 14% da matriz energética brasileira é baseada na energia gerada pela água. No setor elétrico, a porcentagem é ainda maior: 80% da produção de eletricidade do país é proveniente de fonte hidráulica, o que deixa claro que o Brasil é extremamente dependente de um recurso com futuro cada vez mais incerto no planeta. 
O Estudo Sobre Adaptação e Vulnerabilidade à Mudança Climática: o caso do setor elétrico brasileiro, divulgado pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (Cebds) alerta para o fato de que essa dependência que o setor elétrico brasileiro tem da energia produzida em hidrelétricas pode acentuar, em médio prazo, a insegurança energética no país. A culpada? Novamente ela, a mudança climática. 
De acordo com a pesquisa, as alterações no clima provocam efeitos na natureza – como secas e irregularidades no regime de chuvas - que podem afetar significativamente a geração de energia hidrelétrica, sobretudo nas usinas a fio d’água - modelo de hidrelétrica que é priorizado, atualmente, no país por causar menos impacto ambiental, uma vez que não possui reservatório ou possui represa em dimensões menores do que suportaria
"A atual estratégia de geração elétrica brasileira, dissociada de uma percepção mais precisa das mudanças climáticas, levará a um ambiente de ainda mais insegurança energética, física e econômica", explica Marina Grossi, presidente do Cebds. 
Para chegar a essa conclusão, o estudo analisou - com base em modelos globais como o do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) – a vulnerabilidade climática de três usinas hidrelétricas brasileiras, localizadas em duas das principais bacias hidrográficas do país, que respondem por mais de 60% da capacidade elétrica instalada do Brasil. 
Nos três casos estudados, registrou-se - em cenários a partir de 2020 e 2050 – déficits de geração de energia em diferentes meses do ano, como consequência das mudanças climáticas. Para o Cebds, o resultado deixa clara a necessidade de investir, desde já, na diversificação de fontes de energia limpa na matriz brasileira, para que não seja preciso recorrer a fontes mais caras e poluidoras - como a energia térmica - no futuro, quando as hidrelétricas começarem a apresentar queda na produção elétrica por conta das alterações do clima. 
O estudo ainda apresentou outras ações que podem (e devem) ser adotadas em curto, médio e longo prazo, para que o Brasil deixe de ser tão dependente das hidrelétricas e, assim, sofra menos com a redução da produção de eletricidade por conta das mudanças climáticas. Entre elas:
- estimular o uso racional de energia;
- promover maior eficiência energética na transmissão e distribuição de eletricidade;
- estimular novos modelos de negócios;
- ampliar o conhecimento de medidas para conservação de energia e
- buscar conhecimento para reduzir as vulnerabilidades do setor elétrico. 
"A inclusão da preocupação climática na agenda de planejamento e definição estratégica de expansão do setor de energia brasileiro se mostra indispensável", conclui Marina Grossi. (abril)

Nenhum comentário: