Fukushima libera 300 toneladas de água radioativa no
Pacífico por dia
- Governo toma a frente dos esforços para frear a fuga de água
contaminada
- Congelamento do solo aparece como solução para impedir
vazamento
- Nível de radioatividade subiu 47 vezes em cinco dias
Funcionários do
governo e especialistas nucleares inspecionam um canteiro de obras para evitar
a infiltração de água contaminada para o mar em Fukushima.
O governo do Japão
decidiu tomar frente da gestão da crise da central nuclear de Fukushima, de
onde vazam cerca de 300 toneladas de água radioativa por dia rumo ao Oceano
Pacífico. O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, afirmou nesta quarta-feira
que o governo atuará diretamente na resolução do problema, em vez de contar
unicamente com as ações da operadora da usina - a Tokyo Eletric Power Company
(Tepco) -, cuja gestão tem sido muito criticada.
De acordo com Abe, o
vazamento é pior do que se pensava e se trata de uma questão urgente, obrigando
a ação do governo. Mais cedo, um funcionário do Ministério da Interior explicou
que o vazamento tem ocorrido nos últimos dois anos - a Tepco admitiu o escape
de água radioativa somente no mês passado.
- Não deixaremos nas
mãos da Tepco. Prepararemos uma estratégia governamental. Vamos assegurar que
haja um plano rápido - disse o primeiro-ministro, sem especificar que medidas
serão tomadas.
A declaração de Abe
vem depois de a Autoridade Reguladora Nuclear ter assegurado, na segunda-feira,
que a água radioativa estava vazando para o mar acima dos níveis legais.
Segundo a Tepco, o nível de radioatividade na água subterrânea subiu 47 vezes
entre os dias 1º e 5 deste mês.
Barreira de gelo
contra a água contaminada
Apesar de o premier
não ter explicado como o governo agiria para controlar os danos no complexo
nuclear, sabe-se que a Tepco e o poder público trabalham juntos desde maio na
ideia de congelar o solo da região, com o objetivo de impedir o vazamento da
água subterrânea e contaminada. A tecnologia não é nova, mas nunca foi usada na
escala necessária em Fukushima: o plano seria congelar um perímetro de mais de
um quilômetro em volta dos quatro reatores danificados, e a pelo menos 30
metros no subsolo, com o bombeamento de líquidos de arrefecimento.
- Não há precedentes
na criação de uma barreira de contenção de água com solo congelado em uma
escala tão grande - disse o secretário-chefe do Gabinete japonês, Yoshihide
Suga. - Para construir isso, acho que o Estado deve participar.
O complexo nuclear
de Fukushima foi gravemente danificado por um terremoto seguido de um tsunami
em março de 2011. Em janeiro deste ano, a Tepco encontrou peixe contaminado com
alto nível de radiação dentro de um porto na usina. Pescadores locais e
pesquisadores independentes já suspeitavam do vazamento, mas a empresa sempre
negou que isso ocorresse. A limpeza total da área deve levar pelo menos 40
anos, ao custo esperado de US$ 11 bilhões. (globo)
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