sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Eólica, solar e biomassa na matriz energética

Greenpeace: eólica, solar e biomassa podem representar 65,5% da matriz energética do Brasil em 2050
A participação das fontes renováveis - eólica, biomassa e solar - na matriz energética brasileira nos próximos 40 anos pode ser 47% maior do que o projetado pelo governo, segundo relatório do Greenpeace. A 3ª edição do relatório [R] evolução Energética, divulgado em 27/08/13, aponta que a matriz poderá contar com 66,5% de participação dessas fontes para alimentar os setores elétrico, industrial e de transportes em 2050.
Ao considerar apenas a matriz elétrica, a projeção do estudo é ainda maior: 92% da eletricidade do país podem ser limpas até 2050. Para o Greenpeace, atualmente, esse cenário e a tradição de renováveis nesse setor estão em risco devido a decisões equivocadas da administração federal, que tem abraçado fontes sujas, como o carvão. "Hoje o país está em uma encruzilhada, tem que recorrer a fontes sujas como o carvão. Se for perguntar ao governo o porquê das térmicas a carvão, ele vai dizer que as conexões das eólicas não ficaram prontas, que as térmicas a gás não saem e que a solar não é viável economicamente", declarou Ricardo Baitelo, coordenador da Campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil. Para ele, o ideal é que em 2050 haja um equilíbrio entre hidrelétricas, eólica e solar. "Hoje, essencialmente, a matriz elétrica é hidrelétrica e as outras fontes são complementares", apontou.
Ainda segundo o relatório, até 2040 é possível abdicar da energia produzida pelas usinas nucleares, térmicas movidas a óleo combustível e carvão mineral, e evitar a construção de novas grandes hidrelétricas na Amazônia. Também é possível crescer, de acordo com o documento, sem explorar reservas não convencionais de gás e óleo, como o gás de xisto ou o pré-sal. Para tornar isso realidade, o [R]evolução Energética prevê um significativo aumento do uso de fontes renováveis, tendo instalado 396 GW em 2050 principalmente por meio das fontes eólica, solar fotovoltaica, solar heliotérmica, biomassa e PCHs.
"Em termos de investimento, a construção de menos térmicas e a maior participação de renováveis poupará R$ 1,11 trilhão até 2050. Isso porque, apesar de um investimento maior, em torno de R$ 2,39 trilhões no período - R$ 690 bilhões a mais do que o governo pretende despender até 2050 - as vantagens econômicas ficam evidentes ao se colocar na conta os altos gastos com combustíveis fósseis. Afinal, o vento e o sol são de graça, ao contrário do gás e óleo combustível", explicou Baitelo.
Quanto a segurança energética, Sven Teske, diretor de energias renováveis do Greenpeace Internacional, afirmou que no Brasil, a eólica e a biomassa podem gerar energia no período seco, enquanto as hidrelétricas seriam mais utilizadas no período úmido. "A solar no Brasil pode ser usada o ano inteiro. A insolação no Brasil é muito maior que na Alemanha", comentou Teske.
O estudo também demonstra que o uso racional e eficiente de energia em edifícios, indústrias e meios de transporte pode reduzir a dependência dos combustíveis fósseis. Pelo relatório, a demanda de energia é 25% menor em 2050 quando comparada com o cenário de referência, mesmo se o PIB crescer anualmente entre 2,5% e 3,7%. O documento também indica caminhos para reduzir as emissões de CO2 do país. O conjunto de medidas proposto contribuiria para um corte de 60% dessas emissões até 2050 - 777 milhões de toneladas por ano pelo cenário de referência para 312 milhões de toneladas por ano pelo cenário proposto.
"É técnica e economicamente possível atender à crescente demanda de energia do país de modo limpo e sustentável. E, nesse sentido, o Revolução Energética é uma provocação pública pois tudo depende de vontade e visão política", disse Baitelo. Para Teske, o Brasil tem recursos naturais de sobra para se tornar uma potência energética limpa. "Ao contrário do que acontecia no passado, as energia renováveis - em especial a solar fotovoltaica e eólica - são mais competitivas que o carvão e ainda utilizam recursos locais e criam mais empregos", analisou. (canalenergia)

Nenhum comentário: