USP e UFSCar
pesquisam maneiras de produzir e armazenar hidrogênio
Estudiosos de
São Carlos querem gerar elemento sem liberação de gases.
Pesquisadores
também buscam reduzir os riscos de explosão no transporte.
Pesquisadores das universidades públicas de São Carlos (SP)
estudam como tornar viável a produção de hidrogênio a partir de recursos
naturais e buscam formas de armazenamento e transporte mais seguras, sem riscos
de explosão. Atualmente, é comum a produção do elemento por meio do gás
natural, mas o processo libera substâncias poluentes e os estudiosos da
Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de São Carlos
(UFSCar) tentam encontrar alternativas a esse método e chegar a opções mais
limpas.
Três grupos de pesquisa estudam o hidrogênio na cidade. Um
deles, da UFSCar, trabalha desde 2004 com a produção do gás, utilizando para
isso um equipamento que simula a luz do sol e um reator com uma placa de vidro banhada
com óxido de ferro, a ferrugem.
A luz incide na placa com o óxido e ocorre uma reação
química. A molécula de água é quebrada, separando dois átomos de hidrogênio e
um de oxigênio, um processo chamado pelos pesquisadores de fotossíntese
artificial. “As plantas pegam a energia solar, mais o gás carbônico, e
convertem em alimento, que é a glicose, gerando também o oxigênio como
subproduto. Aqui a gente tem uma similaridade. Estamos pegando energia solar e
estocando essa energia na forma de hidrogênio”, explicou o pesquisador Edson
Leite, do Departamento de Química.
São Bernardo
do Campo (SP) já testa ônibus movidos a hidrogênio.
Outro grupo,
também da UFSCar, se debruça sobre o armazenamento e o transporte do
hidrogênio, preocupações que dificultam a adoção do elemento como combustível
devido ao risco de explosão. Na pesquisa, o elemento é convertido de gasoso
para sólido, diminuindo os riscos de acidente.
Os pesquisadores criaram uma pastilha, feita à base de
magnésio, que absorve hidrogênio. Eles reúnem pequenos pedaços do metal e
colocam em um aparelho que transforma os fragmentos em pó. Em seguida, em uma
câmara a vácuo, ele é manuseado para se aglomerar.
“A esponja absorve água à temperatura ambiente. O magnésio na
forma de pastilha absorve hidrogênio quando aquecido a 100 °C, 150 °C. Cada
átomo de magnésio absorve dois átomos de hidrogênio. Depois, para liberar, é o
mesmo sentido. É só aquecer que ele libera dois átomos de hidrogênio para cada
átomo de magnésio”, afirmou o pesquisador Tomaz Ishikawa, do Departamento de
Engenharia de Materiais.
Segundo o professor, a grande vantagem do procedimento é a
segurança. “À medida que aquece, o hidrogênio é liberado, não é como em um
cilindro convencional, quando o gás hidrogênio fica sob pressão. No estado
sólido não há perigo de explosão”.
Pastilha de magnésio absorve hidrogênio com o aumento da
temperatura.
Mas para que possa ser usado como combustível, o hidrogênio
precisa ser transformado em energia elétrica. Para isso, seja nos carros, nos
ônibus ou até em estações espaciais, são usados equipamentos com pequenos
componentes que funcionam como uma pilha. Quanto melhor for o material usado
nesses eletrodos, mais corrente elétrica é gerada e melhor o resultado. Essa é
a pesquisa realizada no Instituto de Química (IQSC) da USP.
Os pesquisadores criaram um protótipo de gerador que funciona
acoplado ao motor elétrico de um carro. Em um dos tubos vai hidrogênio,
para formar o polo negativo da pilha. No outro, o oxigênio, para criar o polo
positivo. Pelo computador, eles medem a força da corrente elétrica que é gerada
e testam diferentes materiais para reduzir o custo dos eletrodos, que usam a
platina, um metal caro e raro.
“Nosso estudo é muito voltado ao desenvolvimento de
catalisadores alternativos à platina e a melhorar o desempenho da própria
platina, com a inclusão de aditivos que aumentam a eficiência, permitindo usar
quantidades menores”, afirmou Edson Ticianelli, pesquisador do IQSC.
Ele explicou que com 2 g de hidrogênio é possível gerar uma
quantidade de energia equivalente a 100 g de gasolina. “É muito mais
eficiente”, comentou. E tudo isso, como resumiu o professor Edson Leite, de uma
forma limpa. “Sem queima de petróleo e sem queima de gás natural”.
Elemento é
manipulado por pesquisador da UFSCar em câmara a vácuo. (g1)
Nenhum comentário:
Postar um comentário