Moto que anda até com água do Tietê faz 500 km por
litro
Um sistema desenvolvido pelo funcionário público
Ricardo Azevedo, 56, é capaz de fazer com que motocicletas utilizem o
hidrogênio como combustível. A moto é abastecida com água e o hidrogênio é
retirado da molécula dela.
Azevedo, que já foi mecânico e preparador de motos
de corrida, desenvolveu seu produto na garagem de casa, em Itu (SP), onde mora,
em momentos de folga, especialmente nas madrugadas. Ele explica que o sistema é
composto por um reservatório de água, colocado na parte traseira da moto. Esse
reservatório é ligado, por um cano, a um recipiente que fica ao lado da roda
traseira onde Azevedo acoplou uma série de placas metálicas negativas e
positivas, com canais de diferentes diâmetros e ranhuras intercalados.
Embora tenha ressaltado que a utilização de água
destilada dá maior eficiência ao sistema, Azevedo informa que qualquer fonte de
água pode ser utilizada. Ele afirma que já chegou a abastecer a moto com água
do rio Tietê (foto), que corta a cidade em que mora, Itu (SP).
Entre os diferenciais do sistema está a não emissão
de poluentes, já que apenas o vapor d'água é eliminado pelo escapamento. Além
disso, a economia em relação à gasolina é outro diferencial, já que Azevedo
relata que é possível fazer até 500 quilômetros com um único litro de água. As
motos convencionais raramente fazem mais de 50 quilômetros por litro.
Andar até 500 quilômetros
sem uma gota de gasolina. E, ao reabastecer, conseguir encher o tanque de
graça, em qualquer torneira. Não, não se trata do sonho de um motoboy. Esse é o
resultado de um sistema, desenvolvido pelo funcionário público Ricardo Azevedo,
56, capaz de fazer com que motocicletas utilizem o hidrogênio obtido através da
água como combustível.
Diversos leitores
escreveram para o UOL duvidando que o experimento seja verdadeiro.
Nomeado Moto Power H2O,
o sistema utiliza os princípios da propulsão por hidrogênio, já conhecido da
indústria automobilística. A inovação foi fazer o sistema ser acoplado a uma
motocicleta. "Essa tecnologia pode ser adaptada em caminhões, ônibus,
carros, enfim, qualquer veículo. E é muito eficiente", ressalta ele.
Azevedo, que já foi
mecânico e preparador de motos de corrida, desenvolveu seu produto na garagem
de casa, em Itu (SP), onde mora, em momentos de folga, especialmente nas
madrugadas. Ele explica que o sistema é composto por um reservatório de água,
colocado na parte traseira da moto. Esse reservatório é ligado, por um cano, a
um recipiente que fica ao lado da roda traseira onde Azevedo acoplou uma série
de placas metálicas negativas e positivas, com canais de diferentes diâmetros e
ranhuras intercalados.
As placas são alimentadas
por uma bateria de carro, acoplada próximo à roda traseira. Com a eletricidade,
ocorre a separação do hidrogênio da molécula de água. Através de um outro cano,
o hidrogênio, altamente explosivo, é enviado a um outro recipiente, acoplado
por Azevedo próximo ao reservatório, que envia o combustível para o carburador
da moto, onde ocorre a combustão.
"Eu utilizei um
craqueador, que separa as partículas de hidrogênio e de oxigênio da água. O
hidrogênio vai para o carburador e, de lá, é utilizado pelo motor como
combustível. Já o oxigênio é liberado para a atmosfera", disse ele,
ressaltando que o hidrogênio tem um poder de combustão quase três vezes
superior ao da gasolina.
O inventor explica ainda
que, embora o hidrogênio seja um gás com alto poder de combustão, o fato de a
produção de hidrogênio ser utilizada imediatamente pela moto, sem o
armazenamento, diminui a chance de explosão.
De acordo com o professor
de Química Ernesto Gonzalez, professor da USP (Universidade de São Paulo) em
São Carlos e cientista que está na lista dos mais citados do mundo em sua área,
o sistema desenvolvido pelo inventor de Itu se baseia no processo de
eletrólise. "Com a bateria de carro, ele consegue efetivamente separar,
pela eletricidade, o hidrogênio da água. A quantidade gerada pode realmente
fazer um veículo como uma moto se movimentar. É um sistema relativamente
simples", informa.
Gonzalez ressaltou ainda
que o processo de utilização do hidrogênio no sistema desenvolvido por Azevedo
é similar ao que ocorria com carros convertidos para funcionar, irregularmente,
com gás de cozinha nos anos 1980 e 1990. "O modelo de combustão desses
combustíveis é bem similar. A diferença, nesse caso, é que o sistema consegue
extrair o combustível, que é o hidrogênio, da água. Mas a forma de o motor
trabalhar é praticamente a mesma", disse.
Diferenciais
Entre os diferenciais do
sistema está a não emissão de poluentes, já que apenas o vapor d'água é
eliminado pelo escapamento. Além disso, a economia em relação à gasolina é outro
diferencial, já que Azevedo relata que é possível fazer até 500 quilômetros com
um único litro de água. As motos convencionais raramente fazem mais de 50
quilômetros por litro.
Segundo Azevedo, ele
gastou, até o momento, R$ 6 mil no projeto, que começou a ser desenvolvido há
seis meses. Ele informou ainda que, para uma possível utilização industrial, o
projeto ainda precisa de adaptações, mas que considera que "70% do produto
está desenvolvido". "Mas usei muita coisa que quebrou, materiais que,
se fosse fabricar hoje, não seriam usados. O custo para fazer um sistema
desses, hoje, seria bem menor", disse.
Azevedo conta ainda que
esperou um estágio adequado de evolução de suas pesquisas para divulgar os
resultados que conseguiu. "Eu testei na minha moto, uma NX 200
cilindradas, e ando com ela sem problemas. Trabalho em São Paulo, e viajei
todos os dias com essa moto, movida a água, durante o desenvolvimento do
produto", conta.
Desenvolvimento
O sistema foi desenvolvido
em parceria com o filho dele, Gabriel, que é químico. "Eu cuidei da parte
de mecânica e meu filho acrescentou conhecimentos de química que eu não tinha.
Fizemos tudo com um grande embasamento científico", disse.
Azevedo informa ainda que
não precisou modificar o motor da motocicleta, que pode funcionar, também, com
gasolina. "Pode rodar só com a água ou um híbrido, que aceita os dois
combustíveis. A estrutura do motor é a mesma, não altera, só muda o
combustível", disse.
Recarga da bateria
Já sobre a recarga e os
custos eventuais de energia elétrica, Gabriel Azevedo informa que, embora
recargas adicionais possam ser necessárias, o sistema desenvolvido por ele
trabalha com recuperação de energia de outros sistemas da moto, como os freios.
"É um sistema parecido com o KERS utilizado na Fórmula 1. Armazenamos essa
energia, que abastece a bateria. Mas não posso revelar mais do que isso sem
expor os segredos do sistema que criamos", disse.
Questionado sobre a
autonomia do sistema, Azevedo informou que ainda não terminou de fazer as
quantificações, mas que, em pequenos deslocamentos urbanos, o sistema é capaz
de manter a bateria por até uma semana sem a necessidade de recarga externa.
Qualquer água
Embora tenha ressaltado
que a utilização de água destilada dá maior eficiência ao sistema, Azevedo
informa que qualquer fonte de água pode ser utilizada. Ele afirma que já chegou
a abastecer a moto com água do rio Tietê, que corta a cidade.
"Toda água, por mais
poluída que seja, é composta por dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio.
Então, a moto pode ser abastecida em qualquer torneira", disse.
Azevedo informou ainda que
está à procura de investidores que possam se interessar em participar do
projeto. "Eu faço isso de acordo com minhas possibilidades, e sou
funcionário público. Claro que um parceiro poderia acelerar muito o
desenvolvimento", disse. (uol)
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