domingo, 20 de dezembro de 2015

O biodiesel brasileiro marca presença na COP21

Embora seja uma gota num oceano muito maior, o biodiesel está marcando presença na 21ª Conferência das Partes (COP 21) que está acontecendo nesse exato momento Paris. Organizado pela ONU, o encontro reúne de lideranças de todo o planeta para tentar chegar a um acordo capaz de limitar o aumento das temperaturas médias do mundo em 2ºC, considerados menos impactantes ao planeta. Para ter uma ideia mais clara do que está acontecendo por lá, BiodieselBR.com conversou com o presidente da Frente Parlamentar do Biodiesel, deputado federal Evandro Gussi.
A grande esperança é que, pela primeira vez, os governos de todos os países signatários da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas consigam costurar um acordo capaz de limitar seriamente as emissões globais dos gases do efeito estufa (GEEs). “Ainda pairam dúvidas sobre se o acordo final será ou não vinculante ou se teremos só um protocolo de intenções e essa, naturalmente, é uma questão fundamental. Devemos ter uma definição mais concreta sobre esse ponto ao longo dessa semana”, comentou o parlamentar brasileiro.
Apesar dessa indefinição nos fundamentos, Gussi vê o processo que está se desenrolando em Paris com uma dose de otimismo. “Para além do acordo da COP 21, os países perceberam que a discussão [sobre as mudanças climáticas] chegou num outro nível. Está claro que a pressão interna dentro de cada país está se intensificando e vai ser uma constante”, opina.
Biocombustíveis
Embora não se ouça falar muito sobre o biodiesel – ou mesmo os biocombustíveis, de forma mais geral – nos debates de Paris, Gussi diz ter percebido uma mudança relevante no panorama internacional na direção de uma maior receptividade sobre o assunto.
Na virada do milênio, os biocombustíveis entraram no cenário como uma das grandes soluções para reduzir no curto para médio prazos a dependência global em relação ao petróleo. Esse entusiasmo esfriou quando os preços das commodities alimentares dispararam a partir da segunda metade da década passada, [veja gráfico] o que criou dúvidas sobre se os biocombustíveis não teriam parte da culpa na concorrência por recursos agrícolas relativamente escassos e que seriam melhor alocados produzindo alimentos.
“Combustíveis versus alimentos é uma coisa que não tenho ouvido aqui e que eu ouvia bastante em eventos anteriores”, lembra Gussi. Hoje, já ficou mais claro de que essa competição entre biocombustíveis e a produção de alimentos não existe. “Há vários anos que essa questão [da competição entre alimentos e biocombustíveis] estava sempre colocada e dificultava bastante a vida das propostas sobre biocombustíveis. Ela, agora, me parece superada porque temos dados mais robustos mostrando que essa competição não acontece” comemora.
Liderança brasileira
Esse é um desdobramento positivo para o Brasil uma vez a que a bioenergia e os biocombustíveis são parte integral da pretendida Contribuição Nacionalmente Determinar (iNDC, na sigla em inglês) apresentada pela presidente Dilma Rousseff no começo de outubro. O documento é uma espécie de proposta inicial do que cada governo colocaria na mesa durante nas negociações em Paris.
O Brasil, aliás, é um dos players mais influentes no que diz respeito à agenda ambiental discutida na COP 21. O país arrança elogios tanto por sua matriz energética diversificada e relativamente limpa em relação à média mundial, como por ter apresentado uma iNDC considerada relativamente forte em comparação com os demais participantes. “O Brasil é um dos países mais citados em todos os eventos paralelos”, afirma Gussi.
Para reforçar esse posicionamento, a Embaixada Brasileira em Paris vem promovendo uma série de diálogos com técnicos, cientistas e autoridades nos quais a ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira tem tomado parte ativa. Esses encontros, de acordo com Gussi, reforçaram o papel do Brasil no contexto dos debates. Ainda de acordo com o deputado, esse espaço dá a oportunidade possa discutir questões relativas ao biodiesel com a representação brasileira nos debates oficiais da ONU onde garante estar encontrando boa receptividade.
Ainda assim ele diz que é relativamente difícil entender qual será o espaço que o processo oficial das Nações Unidas vai abrir para as diferentes opções tecnológicas. “Muitas das propostas que os países trouxeram nos iNDCs são bastante genéricas e ainda estão sendo consolidadas”, destaca.
Paralelos
Mas nem tudo se resume ao processo oficial da ONU. Os eventos paralelos são igualmente importantes e é onde a força do protagonismo do Brasil pode ser mais sentida.
Entre os espaços paralelos que poderão gerar impactos reais, Gussi destaca a reunião da Globe International – um fórum mundial de parlamentares – que trouxe delegações de 67 países para acompanhar os acontecimentos em Paris.
“Eu também tive a oportunidade de falar com um grupo de senadores franceses durante um café da manhã onde expliquei o que o biodiesel tem representado ao Brasil”, conta. Essa semana haverá um diálogo com membros do parlamento europeu no qual o biodiesel será, mais uma vez, debatido.
“Acho que precisamos ir além da agenda negativa de não desmatar ou não usar mais fósseis, claro que isso é importante, mas temos que falar mais de uma agenda positiva. Acho que é isso que o Brasil tem feito de diferente em relação ao mundo”, finaliza. (biodieselbr)

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