Não há dúvida
de que a energia renovável passa por uma ótima fase. Na Dinamarca, 43% da
energia produzida é renovável e a meta é chegar a 70% em 2020. A
Alemanha, hoje com um percentual de 25% e com 30% em breve, terá de 40% a 45%
de energia limpa até 2025, de 55% a 60% até 2035 e, surpreendentemente, de 80%
até 2050. A China, apesar de inúmeros desafios, é a principal fonte mundial de
investimentos em energia renovável, além de ser a maior fabricante de painéis
solares.
Os EUA, com cerca de 13% de geração de energia renovável,
precisa avançar mais, embora a Califórnia (onde algumas empreiteiras estão
incorporando a energia solar à construção de moradias) indica o caminho a
seguir. A Associação das Indústrias de Energia Solar informa que o mercado nos
EUA cresceu em torno de 41% em 2013, respondendo por 20% de toda nova
capacidade de geração naquele ano.
A energia solar e eólica vem ganhando terreno. Um levantamento
mundial da Bloomberg previu que ela crescerá mais de 20% no plano internacional
em 2014 (conforme se viu entre 2012 e 2013). O Conselho de Energia Eólica
Mundial prevê que 2014 mostrará ter sido um ano muito bom em âmbito
internacional também para a energia eólica, com aumentos expressivos no
decorrer de 2013 e pelo menos 47 gigawatts de capacidade instalada no mundo
todo.
Espaço para crescer
Contudo, todo esse movimento positivo pode obscurecer o fato de
que a energia renovável ainda responde por uma pequena parte do mix de energias
nos EUA e no mundo. Os maiores aumentos percentuais começam por uma pequena
base (apesar do rápido crescimento, a energia solar ainda responde por menos de
1% da geração nos EUA, e o consenso oficial é de que o mundo continuará a
depender do combustível fóssil no futuro próximo). De acordo com o documento
“Perspectivas de Energia Mundial 2013”, da Agência Internacional de Energia, “a
participação atual dos combustíveis fósseis no mix global, de 82%, é a mesma de
25 anos atrás; o forte crescimento das energias renováveis deverá reduzir
esse percentual para cerca de 75% apenas em 2015”.
Nos EUA, as coisas deverão continuar como sempre. A
Administração de Informações sobre Energia (EIA, na sigla em inglês) não prevê
a redução gradual das emissões com o uso mais eficiente da energia e de
energias renováveis. Segundo a agência, “o uso mais eficiente da energia nos
setores de moradia e transporte e o distanciamento em relação aos combustíveis
que usam mais intensivamente o carbono, como o carvão, para a geração de
eletricidade, contribuem para a estabilização das emissões de dióxido de
carbono (CO2) decorrentes da produção de energia nos EUA”. Contudo,
as projeções da agência para a geração de eletricidade por meio de combustível
para 2040 ainda mostram o predomínio esmagador do gás natural, energia nuclear
e carvão. No máximo, a energia renovável poderá chegar ao mesmo nível da
energia nuclear, mas continuará bem abaixo das projeções da agência para o gás
natural e o carvão. Os baixos preços do petróleo atualmente são outro desafio
para a ascensão das energias renováveis.
O que é teoricamente possível
De acordo com Sarbjit Nahal, chefe de investimentos temáticos da
divisão de estratégia global do Bank of America Merrill Lynch, e Beijia Ma,
diretor do grupo, são necessárias mudanças significativas para o avanço das
fontes de energia renováveis. O Painel Intergovernamental da ONU sobre Mudança
Climática (IPCC) informou em um relatório no final de 2014: “A emissão contínua
de gases de efeito estufa produzirá um aquecimento ainda maior e mudanças que
perdurarão por muito tempo em todos os componentes do sistema climático
aumentando a possibilidade de impactos severos, generalizados e irreversíveis.”
Devido a um aumento de 40% na demanda de energia até 2035, informa o relatório,
“estamos em uma trajetória permeada pelo dióxido de carbono (CO2)
com elevações da temperatura global de dois a 4,5º C, o que torna a mudança
climática uma realidade irreversível”.
O Painel não está sozinho em sua avaliação. “Está surgindo uma
nova economia de energia”, disse Lester Brown, presidente do Instituto de
Políticas da Terra. “Nossa civilização precisa acolher a energia renovável em
uma escala e a um ritmo que jamais vimos antes.”
Isso é possível, ao menos teoricamente. Um estudo feito pelo
Laboratório Nacional de Energia Renovável (NREL) concluiu que “a geração de
eletricidade renovável oriunda de tecnologias comercialmente disponíveis hoje
em dia, em combinação com um sistema elétrico mais flexível, é mais do que
adequada para suprir 80% de toda a geração de eletricidade nos EUA em 2050, ao
mesmo tempo que atende a demanda horária de todas as regiões do mundo”.
Um programa rápido de expansão permitiria ao mundo ter
aproximadamente cinco milhões de megawatts de energia eólica até 2020, disse
Brown. E acrescentou: “Combinado com uma expansão solar e geotérmica ambiciosa,
juntamente com novos projetos hídricos em andamento, teríamos um total de 7,5
milhões de megawatts de capacidade de geração renovável, o que nos permitiria
evitar a utilização de todo o carvão, petróleo e da maior parte do gás natural
usados atualmente para gerar eletricidade.”
Mark Jacobson, professor de engenharia civil e ambiental de
Stanford, e Mark Delucchi, cientista-pesquisador do Instituto Davis de Estudos
sobre Transporte da Universidade da Califórnia, imaginaram um cenário ambicioso
para a tomada do controle da situação pela energia renovável. “Nosso plano
requer a utilização de milhares de turbinas de vento, máquinas de água e
instalação de painéis solares”, disseram ambos a Scientific American.
“Os números são muito altos, mas a escala não é um empecilho intransponível. A
sociedade já passou por transformações em massa anteriormente.”
Especificamente, seu plano global prevê a instalação de 3,8
milhões de turbinas de vento, 90.000 usinas solares de grande escala, 490.000
turbinas de maré, 5.350 instalações geotérmicas e 900 usinas hidrelétricas.
Eles estimam que o custo de geração de energia com essa rede exigiria menos
quilowatt por hora do que a geração com combustíveis fósseis ou energia
nuclear.
Há outros planos igualmente factíveis. “É tecnicamente possível
chegar a praticamente 100% de fontes de energia renovável nas próximas quatro
décadas”, concluiu o Relatório de Energia 2011 do Fundo Mundial para a Natureza
(WWF), para quem a energia eólica, solar, a biomassa e a energia hidráulica
serão os futuros protagonistas do setor. “A energia oriunda do sol, do vento,
do calor da terra, da água e do mar poderá atender às necessidades de
eletricidade do mundo, permitindo, inclusive, flutuações na oferta e na
demanda.”
O relatório do WWF estima que um milhão de turbinas em terra e
100.000 no mar poderiam atender a ¼ da demanda de energia mundial até 2050.
Deixando o carvão para trás
Os especialistas acreditam que para impedir que as temperaturas
globais subam mais de dois graus centígrados em relação aos níveis
pré-industriais, que é um dos objetivos do Acordo de Copenhague, as emissões do
mundo todo teriam de chegar ao seu nível máximo até 2020 e depois entrar
rapidamente em declínio até aproximadamente zero em 2050.
Um dos obstáculos mais citados à consecução desse objetivo é a
dependência mundial do carvão para a produção de energia e geração de emprego.
De acordo com Charles Mann, na Atlantic, o carvão é responsável por 25%
a mais de emissões do que o petróleo no mundo todo, porém a limpeza do setor
pode não ser tão difícil quanto parece. Do total mundial de emissões, 40% tem
origem em apenas 7.000 usinas de carvão. Já há demissões no setor carvoeiro. A
Administração de Informações sobre Energia informa que a combinação de gás
natural a preços mais baixos e padrões de EPA (Referência de Padrões de
Emissões) mais rigorosos para as usinas elétricas está cobrando seu preço. Não
foi aberta uma única usina de carvão nos EUA no primeiro semestre do ano. Em
2013, o carvão era responsável por 39% apenas da geração de energia nos EUA,
ante mais de 50% em 2004. A EIA informa que até 2016 deverão ser fechadas
muitas outras usinas de carvão.
O declínio persistente do carvão já diminuiu o número de postos
de trabalho na indústria americana, atenuando temores de que um futuro com
menos carvão extinguirá os empregos do setor. A eficiência também aumentou.
Devido, em parte, à mineração generalizada a céu aberto, que emprega muito
menos trabalhadores do que a mineração subterrânea, o emprego nas jazidas de
carvão caiu de mais de 280.000 empregos, em 1978, para menos de 100.000
atualmente — enquanto a produção de carvão aumentou, no mesmo período, para
cerca de um bilhão de toneladas.
O quadro mundial é complexo. Embora a produção internacional de
carvão continue a aumentar significativamente no mundo todo, e a Agência
Internacional de Energia preveja o crescimento de 2,1% ao ano na demanda até
2019, o emprego — com sete milhões de postos de trabalho no mundo todo — foi
parcialmente prejudicado. De acordo com o Sinais Vitais, do Instituto
Worldwatch, “centenas de milhares de empregos no setor de mineração de carvão
foram cortados na China, EUA, Alemanha, Reino Unido e África do Sul durante as
últimas duas décadas, às vezes até mesmo em momentos de escalada da produção”.
A energia renovável já está ajudando a compensar o corte de
empregos na indústria do carvão. A Fundação Solar informou que o setor contava
com 142.698 postos de trabalho em 2013, um aumento de cerca de 20% em relação a
2012. A energia eólica mundial poderá gerar 2,1 milhões de postos de trabalho
em 2030, ocasião em que a energia fotovoltaica solar poderá ter criado 6,3
milhões de empregos.
A energia renovável emprega 2,3 milhões de pessoas no mundo todo
diretamente ou através das indústrias distribuidoras. Isso se dá, de acordo com
o relatório “Dollars and Sense”, em parte pelo fato de que a tecnologia do
setor é de mão de obra intensiva (mais empregos por dólar investido do que na
energia elétrica convencional). De modo geral, o Centro para o Progresso
Americano (CAP) estima que o corte de 40% nas emissões do gás de efeito estufa
nos níveis registrados em 2005 criará 4,2 milhões de empregos em geral até
2035, num total de 2,7 milhões de empregos líquidos, se levarmos em conta as
“contrações estimadas nos setores de combustível fóssil”. A CAP calcula que o
efeito generalizado produziria uma redução de 1,5% na taxa de desemprego.
Apesar das reduções no uso do carvão e dos aumentos previstos de
emprego de energia limpa, a dependência da China do carvão continua a ser um
obstáculo considerável. O carvão produz 70% da energia consumida no país, sendo
que praticamente quatro bilhões de toneladas foram queimadas em 2012 — uma das
principais razões pelas quais a China se tornou o maior emissor de gás de
efeito estufa do mundo. De 2005 a 2011, a China (com vastas reservas de carvão
natural) adicionou o equivalente a duas usinas de 600 megawatts por semana, e
de 2010 a 2013, acrescentou um total de usinas de carvão praticamente igual à
metade da geração produzida nos EUA. (Ao mesmo tempo, os chineses estão
decididos a ter energia renovável — e se contabilizarmos aí também a energia
hidrelétrica, veremos que esse percentual já é de 20%, ante 13% nos EUA. A
demanda, porém, está crescendo, bem como a produção: a China planeja duplicar
sua capacidade de geração de energia até 2030).
Persistem os problemas regulatórios e tecnológicos
A intermitência da energia eólica e solar continua a ser um
empecilho significativo, mas que não escapa a Jacobson e Delucchi. Para lidar
com a intermitência nos recursos energéticos renováveis, Jacobson propõe que se
interconectem os recursos geograficamente dispersos de vento, sol e água
(através de uma rede inteligente) e, onde possível, que se recorra à energia
hidrelétrica para suprir as lacunas. Ele também defende a gestão de demanda e
de resposta, geração superdimensionada de pico (produzindo hidrogênio com o
excesso) e armazenamento de energia elétrica no local (em baterias) ou em
carros elétricos conectados à rede.
Abyd Karmali, diretor gerente de finanças climáticas do Bank of
America Merrill Lynch, concorda que a incerteza resultante do uso de energias
renováveis intermitentes pode ser reduzida reforçando-se as interconexões de
rede e capacitando o partilhamento de carga. “É fundamental também que se tenha
o mix certo como, por exemplo, a utilização de energia hidrelétrica para a
energia da linha de base onde for possível”, disse. “E, é claro, também é falso
dizer que somente a energia renovável sofre volatilidade — as usinas de
combustível fóssil são derrubadas por vários motivos, e isso não se pode prever
antecipadamente.”
Daniel Esty, diretor do Centro de Leis e Políticas Ambientais de
Yale, acredita que um melhor armazenamento em bateria — que é a menina dos
olhos dos cientistas do mundo inteiro — é fundamental para a solução do
problema da intermitência.
De acordo com Arthur van Benthem, professor assistente de
economia empresarial e de políticas públicas da Wharton, na Universidade da
Pensilvânia, a política regulatória atual apresenta outro obstáculo crítico
para o futuro com muito menos carbono. “Os incentivos para resposta à demanda,
tais como preços em tempo real para usuários finais, não raro estão ausentes,
porém seriam instrumentais para mudar o consumo do horário de pico para horários
de menor demanda.” Além disso, diz van Benthem, “a indústria de energia
renovável estará em constante desvantagem enquanto não tirarmos o elefante da
sala: o setor de eletricidade de combustível fóssil deve pagar o custo total de
suas operações. Em bom português, temos de taxar o carbono”.
Visão básica
Alguns países já estão trabalhando com o propósito de eliminar
gradativamente os combustíveis fósseis. A Alemanha é o exemplo por excelência
disso. O país, com uma participação de 15% da energia nuclear atualmente em sua
grade, quer eliminá-la até 2021 — com a ajuda de legislações como a Lei de
Fontes de Energia Renovável, que viabiliza tarifas de alimentação e outros
auxílios financeiros. Seu objetivo é oferecer 80% de sua eletricidade a partir
de energias renováveis até 2050.
No primeiro trimestre de 2014, as fontes limpas foram
responsáveis por 27% da eletricidade da Alemanha, com um total de 40,2 bilhões
de quilowatts de geração. Cerca de metade de toda nova geração de eletricidade
na Europa é de origem eólica ou solar, informou o GW Solar Institute da
Universidade George Washington. Contudo, entre os desafios ao sucesso da
Alemanha contabilizam-se os acréscimos aos preços da energia que encareceram a
conta de luz de algumas pessoas (e deixaram inquietas as fábricas alemãs), e ao
menos os aumentos de curto prazo do uso do carvão e das importações de energia
renovável se intensificaram.
A carteira de energias renováveis da Alemanha é praticamente o
dobro dos 13% registrados nos EUA. Além disso, o compromisso da Europa com um
corte de 40% de carbono até 2030 ampliará substancialmente seus esforços.
Contudo, alguns estados usam um percentual maior de energias renováveis, com
frequência devido à grande quantidade de recursos hidrelétricos.
A Administração de Informações sobre Energia dos EUA espera que
a geração de eletricidade de fontes renováveis aumente para 16% até 2040. Os
padrões da carteira de renováveis (que fixam metas percentuais para a energia
renovável) estão em operação em 30 estados (além do Distrito de Colúmbia) e
constituem um incentivo importante se forem levados em conta.
As empresas também estão na liderança desse processo. A energia
renovável já abastece 94% das operações corporativas da Apple. O Walmart
inaugurou o uso de painéis solares em suas operações nos EUA em 2005 e fez seu
primeiro grande acordo pra a utilização de energia eólica no México no ano que
vem. Até 2013, o Walmart tinha projetos de energia renovável no mundo todo
produzindo 2,2 bilhões de quilowatts-hora ao ano atendendo desse modo a ¼ das
necessidades de energia do país. O objetivo do Walmart é chegar a sete bilhões
de quilowatts-hora e usar perto de 100% de energia renovável até o final de
2020.
As empresas menores também estão fazendo avanços importantes.
Steve Melink, de Milford, Ohio, fundou, em 1987, a Melink Corporation, antiga
HVAC, empresa de testes. Em 2004, ele participou de um congresso sobre
construção ecológica e teve um “momento de inspiração. Vi que não estávamos em
uma trajetória sustentável”. A Melink recorreu a mais de 100 estratégias para
atingir seu status atual de energia líquida zero. Na verdade, a opção da
empresa pela sustentabilidade levou-a a criar um negócio lucrativo novo no
setor de arrendamento de energia solar, incluindo-se aí a instalação de dois sistemas
de três megawatts cada em Indianápolis, bem como um sistema de cobertura com
painéis solares de US$ 12 milhões construídos recentemente pela empresa sobre o
estacionamento do zoológico de Cincinnati. De acordo com Sophia Cifuentes,
coordenadora de sustentabilidade do zoológico, o sistema de painéis
proporcionou 50 dias por ano de energia independente da rede.
O desafio de chegar lá
O transporte é realmente a fonte de CO2 que mais
cresce no mundo todo e, como tal, pode neutralizar os ganhos da energia
renovável instalada. O número de carros no mundo chegou a um bilhão em 2011 e o
Fórum Internacional de Transporte acredita que essa cifra poderá vir a ser de
2,5 bilhões até 2050. Evidentemente, esse não é um número sustentável. Daniel
Sperling, diretor-fundador do Instituto de Estudos sobre Transporte da
Universidade da Califórnia, em Davis, acredita que, com esse cenário, os 87
milhões de barris de petróleo produzidos no mundo todo diariamente possam
saltar para 120 milhões.
A transição para o carro elétrico poderá reduzir o consumo de
petróleo e o impacto climático dos carros no mundo todo, mas ainda falta muito
para chegar lá. Nos EUA, em 2014, 119.710 veículos à bateria foram vendidos de
um total de 16,5 milhões, e os números são menores mundo afora. Os carros
elétricos são caros atualmente, mas com os preços das bateria em declínio, suas
vendas deverão ganhar impulso. Os carros de custo mais baixo (capazes de
percorrer distâncias maiores) e cuja operação é bem mais em conta do que os
carros convencionais, atrairão um número maior de compradores em todo o mundo.
A redução das emissões se tornará um círculo virtuoso quando a energia
responsável pelo funcionamento dos carros elétricos de emissão zero provier de
usinas acionadas pela energia renovável.
É importante tornar os carros mais econômicos, conforme
pretendem os EUA, cuja meta é de médias de 54,5 mpg (milhas por galão) para sua
frota até 2025, assim como é igualmente importante deixar de usá-los
completamente. Os EUA continuam muito dependentes do automóvel, mas cidades
como Helsinque e Hamburgo, na Europa, têm planos ambiciosos de usar a
tecnologia para se livrar o máximo possível dos carros. Em vez de carros
particulares, ônibus requisitados por telefone, caronas, bicicletas municipais
e várias opções férreas.
Praticamente todos os especialistas concordam que a transição
para uma economia de energia limpa não será fácil. Carl Pope, ex-diretor
executivo do Sierra Club, assinala que se os investimentos em energia limpa
resultarem em uma redução de 5% na demanda global de combustível fóssil, a lei
da oferta e da procura terá uma queda acentuada de 25% a 30% dos preços desse
tipo de combustível, aumentando o apelo dos combustíveis renováveis para o
consumidor.
Robert Giegengack, professor emérito de ciência ambiental e da
terra da Escola de Artes e Ciências da Universidade da Pensilvânia, concorda
que a transição não será fácil, “mas é inevitável”.
A transição para os combustíveis renováveis pode levar 100 anos,
disse Esty. Eric Orts, diretor da Iniciativa de Liderança Ambiental Global
(IGER) da Wharton e professor de direito da Universidade da Pensilvânia, também
prevê um percurso acidentado mais à frente. “Não creio que seja de modo algum
uma transição fácil”, disse. “Mas acredito que seja viável e temos efetivamente
de seguir nessa direção.”
Orts acrescenta: “Mesmo com energia eólica e solar, não será
simplesmente emissão zero — há custos de fabricação e questões relativas à
manutenção. É preciso dizer que o movimento em direção aos combustíveis renováveis
precisa estar associado a esforços de economia de energia. A maneira mais fácil
de reduzir nossa pegada de carbono em larga escala consiste em nos tornarmos
mais eficientes, e ainda há muitas oportunidades acessíveis que as empresas já
começam a notar.” (knowledgeatwharton)