A
poluição do ar é um problema grave nas grandes cidades e que afeta a saúde e o
bem-estar humano, causando milhares de mortes anualmente no Brasil. Relatório
da Organização Mundial da Saúde – OMS divulgado no final do ano passado indica
que no mundo todo as emissões de poluentes no ar provocam a morte de 7 milhões
de pessoas por ano, além de contribuir para as mudanças climáticas.
Somente
no Estado de São Paulo morreram em 2011 mais de 15.000 pessoas, o que
representa o dobro do número de óbitos por acidentes de transito de acordo com
estudo apresentado pelo Instituto Saúde e Sustentabilidade no segundo semestre
de 2015. O mesmo estudo aponta que a má qualidade do ar atinge a todos
indistintamente diminuindo a expectativa de vida em 1,5 ano.
A
principal fonte de poluição do ar nos grandes centros urbanos é a emissão de
gases produzida pela utilização de combustíveis fósseis, principalmente o óleo
diesel, que gera gases nocivos à saúde como o monóxido de carbono (CO), o
dióxido de enxofre (SO2), dióxido de nitrogênio (NO2) e
material particulado que causam inúmeras doenças respiratórias,
cardiovasculares e câncer do pulmão entre outras.
Uma
vez constatada a gravidade da situação, há medidas que podem ser adotadas para
aliviar a pressão dos gases sobre o clima e a saúde humana. Uma das medidas
mais efetivas e de curto prazo para enfrentar o problema está na diminuição da
utilização dos combustíveis fósseis como alternativa energética predominante na
movimentação da frota de veículos e a sua substituição gradativa por fontes
renováveis como a bioenergia gerada a partir de biomassas como o álcool e o
biodiesel.
No
Brasil as medidas são ainda tímidas diante da gravidade do problema. Está em
vigor a obrigatoriedade de percentual de 7% de biodiesel a ser acrescido ao
óleo fóssil, numa mistura conhecida como B7. Em comparação, Londres terá um
terço da frota de ônibus operando com diesel verde B20, feito a partir de
mistura de diesel com biodiesel renovável, gerado a partir de resíduos como
óleo de cozinha usado e sebo da indústria de processamento de carne.
Notícia
positiva é que a partir deste ano o Conselho Nacional de Política Energética
(CNPE) autorizou o uso voluntário de biodiesel em quantidades superiores ao
percentual obrigatório. Ao abrir essa possibilidade fica aberta a perspectiva
de utilização do diesel verde – óleo de soja, por exemplo – quando seu preço
for competitivo. Embora positiva há um aspecto que deve ser considerado, qual
seja, é que os problemas causados pela poluição ficam atrelados a uma abordagem
meramente econômica, custo baixo dos combustíveis renováveis. Nesse sentido a
medida é claramente insuficiente e não atende a necessidade de evitar a
permanência da mortandade causada pela poluição.
A
questão da poluição do ar deve estar, prioritariamente, vinculada à preservação
da saúde pública e a qualidade de vida. Neste contexto, as ações devem ser mais
incisivas por parte o Estado. Trata-se de salvar vidas, não se justificando a
adoção de medidas tímidas e paliativas.
Há
óleo verde em quantidades suficientes, pois segundo a Associação Brasileira da
Indústria de Óleos Vegetais (ABIOVE), as usinas de biodiesel do Brasil operam
com 40 por cento de ociosidade. Além disso, o potencial de expansão das
culturas de biodiesel é enorme.
Há
que se considerar, ainda, que além do biodiesel o país tem outros componentes
da biomassa em abundância e que podem ser utilizados para diminuir a
contaminação do ar. Entre os mais acessíveis está a utilização do álcool
misturado com combustíveis fósseis e a utilização do óleo de cozinha, que ao
ser reciclado deixa de contaminar cerca de 20 mil litros de água.
O
aumento da utilização da bioenergia deve, portanto, priorizar o social e o
ambiental, sem desconsiderar o aspecto econômico. Para que isso ocorra, e o bem
comum prevaleça, o Estado tem papel fundamental na regulação da atividade, pois
o livre jogo do mercado não contabiliza as mortes e doenças provocadas pela
poluição. (ecodebate)
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